Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Qual o limite do que é comércio e do que é criatividade na moda e na arte?

Chanel Fall-Winter 2014-15

DESFILE DA CHANEL FALL-WINTER 2014-15

Na L’Officiel de maio saiu uma matéria contando que, atualmente, a moda tem buscado ficar mais próxima do consumidor. Isso quer dizer que, cada vez mais, nós vamos começar a ver nas passarelas roupas que serão facilmente encontradas nas ruas e que não fujam do nosso cotidiano.

Se você já viu um desfile de moda na vida, sabe bem do que estou falando. Muitas vezes, até um estudante de moda era incapaz de entender como aquela criação podia transformar-se em algo que as pessoas efetivamente comprariam e teriam coragem de usar no dia a dia.

E, na verdade, a mudança tem a ver justamente com a facilidade de vender as peças que são desfiladas na passarela. A matéria da revista defende que essa maneira de criar é mais verdadeira, uma vez que busca atender o mais interessado nessa história toda: o consumidor final.

No entanto, fica a dúvida da parte que encara a moda não necessariamente como algo que se venda, mas como um processo artístico no ponto em que se considera as etapas da idealização, conceitualização e criação de moda. O processo artístico deve corresponder às expectativas de quem tem condições de comprar ou deve se manter intocado?

Espera aí? Quando se fala em moda, alguém sequer lembra de processo artístico?

Dizer que moda é criada somente pelo desenvolvimento de uma ideia, um conceito em si é mais que balela, é tapar o sol com a peneira. De acordo com o filósofo francês Gilles Lipovetsky, há tempos que a moda nada tem de criatividade, mas tem a ver com o poder de distribuição.

Numa sociedade hedonista como a nossa, a moda só serve para atender a individualidade de cada um e não a necessidade de suprir a nossa criatividade ou vontade de consumir arte.

Sendo assim, nada mais justo do que os estilistas começarem a criar roupas que efetivamente vendam, uma vez que o nosso interesse é só o de satisfazer uma vontade consumista passageira.

Artista que é artista faz do meio sua arte

É óbvio que quem cria é capaz de conviver com as agruras de se criar em um mundo que precisa ver sentido em sua arte. Saindo um pouco do mundo da moda, temos como exemplo, o escritor João Gilberto Noll.

O escritor passou três anos e quatro meses escrevendo, toda semana, duas narrativas tendo como limite para a criação apenas 130 palavras. O que seria – e deve ter sido mesmo – um grande desafio foi, na verdade, a oportunidade de se criar um estilo em um mundo em que ninguém lê textos muito longos (se você chegou até aqui, na leitura deste texto, faz parte de uma pequena parte da sociedade, não duvide).

Aprimorando essa habilidade de concisão, ele mostrou que é possível criar de acordo com o que permite o meio – e, claro, a sua genialidade.

Limite entre arte e comércio

Não dá para negar que a arte também precisa ser vendida e quanto falamos sobre moda, essa necessidade é ainda mais latente.

O grande problema é que quando a arte – repare que não estamos discutindo se moda é ou não arte – se comercializa, o criador fica refém de uma expectativa que o público tem do trabalho dele. É o resultado do processo criativo se transformando em produto ao gosto do consumidor.

E vamos combinar que, muitas vezes, é um gosto bastante discutível…


http://cultpopshow.com.br/quanto-vale-ou-e-por-quilo/

10 DE JUNHO DE 2014

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Respostas a este tópico

Na passarela tem que ter conceito, tem que ter utilidade, se nao nao é moda é apenas um show, ou entao e apenas fast fashion sendo vomitado para o publico que cada dia busca ver algo novo, entao certamente nao vai funcionar

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