Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O evento Africa Fashion Week que será realizado pela primeira vez no Brasil nos dias 25 a 27 de maio em São Paulo, convidou na última semana a imprensa de SP para viver uma experiência no Quilombo do Cafundó, que fica na cidade de Salto de Pirapora – SP e é formado por negros descendentes principalmente dos povos do norte da Angola. Em seu território desenvolveram uma linguagem própria, a chamada Cupópia, mistura de línguas como Kimbundo, Kikongo e Umbundo.

Os Quilombos fazem uma produção artesanal interessante – Etno-Botânica: uma mudança de consciência e a transformação dos tecidos através do uso de extratos da natureza. Eles fazem  estamparia botânica com a coleta de folhas e flores do quilombo que podem ser aplicada em vários tipos de tecidos inclusive no denim ou brim 100% algodão.

Regina Pereira, líder do quilombo Cafundó, é quem está a frente do projeto. Os Quilombos estão desenvolvendo algumas peças que serão vendidas no estande da AFWB, o qual será apresentado por Solange Barbosa – Diretora de Turismo da ECOWAS – Feafro Brasil. Há também a possibilidade de as peças serem desfiladas.

O Quilombo resistiu para existir. Sua ancestralidade, por ser uma história nacionalmente viva que resiste para ser vista e percebida, ainda não transcendeu os seus 218 hectares de terra para o mundo. Eles seguem lutando para deixar um legado de matrimônio e histórico nacional, e quem sabe, internacionalmente.

Embora nós, povos negros, na sua maioria não sabemos de qual clã ou tribo viemos, o quilombo cafundó sabe e traz isso através de sua geração com seu conhecimento e saberes históricos de vida. O bom exemplo disso é o Turi Vimba, que no Quilombo Cafundó é tradição do ensino através da oralidade, da fala. Os griô ensinam a CUPÓPIA através da conversa, da comida, dos costumes e maneira mais simples de viver. A interpretação dá Cupópia depende dessa vivência, do conhecimento do Quilombo, do dialeto da região, da terra e do trabalho do plantio orgânico.

A Fé que é dedicada a Deus através do seu trabalho, abraçam todos os tipos de ligação com Deus.

Ao visitar o Quilombo do Cafundó, reflito sobre minha ancestralidade afro brasileira e sobre como, nós povos negros, somos criativos na agricultura através de ensinamentos dos nossos ancestrais e inovações para sobreviver. Criatividade para nós não é só fazer algo novo, é sobre ser quem você é. Se está vivo (a) é porque seu ser, como em tudo, ainda está criando. É um processo inerente a vida, a gente cria para motivar e inspirar gerações. O futuro de criações de histórias, de coragem, valores e princípios.

Pobreza, violência e ignorância não são naturais do povo preto, o espírito criador sim está dentro de nós.

 No quilombo conseguimos ver o retorno dá nossa história contada através da gente, não só focado na escravidão e sim do que nossos ancestrais fizeram como artesãos, doutores, engenheiros, agriculturores, cientistas, professores e etc. Quando retornamos à verdadeira história, conseguimos seguir com coragem, valores, caráter e princípios fortalecidos.

Sobre o Quilombo do Cafundó:

O Quilombo do Cafundó se formou a mais de 150 anos e tem sido território de resistência, para que sua cultura e tradições sejam mantidas e respeitadas.

A comunidade desenvolve uma rica plantação de produtos orgânicos e várias manifestações culturais como: saberes com as ervas, culinária tradicional, artesanato e danças.

E hoje um dos pilares de renda da comunidade é o turismo pedagógico com base comunitária. Onde oferece uma imersão cultural nos saberes quilombolas, com direito a passeio guiado, alimentação e oficinas.

Fonte: Daisy Oliveira Bueno | Fotos: Bruna Ricardo

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