RAP é essencial para avançar na circularidade

[Romildo de Paula Leite]

De acordo com a Fundação Ellen MacArthur, a principal barreira à sustentabilidade nos têxteis é o custo de recolha e gestão dos resíduos. A responsabilidade alargada do produtor será uma das ferramentas essenciais para ultrapassar esse desafio.

De acordo com a Fundação Ellen MacArthur, a política de Responsabilidade Alargada do Produtor (RAP) é um ponto de partida e precisa evoluir para dar resultados ao nível da economia circular.

No estudo “Pushing the boundaries of EPR policy for textiles” (disponível em diferentes línguas, incluindo em português do Brasil), a organização explica que «a atual política de RAP deixa oportunidades inexploradas ao concentrar-se em atividades posteriores, como a reciclagem. A RAP tem o potencial de impulsionar ações na origem da cadeia, incentivando o design circular, alargando a fase de uso dos produtos têxteis e abordando os impactos da poluição, como a libertação de microfibras».

A Fundação também sugere que, para alcançar uma economia circular global para têxteis, os sistemas nacionais de RAP têm de se alinhar à volta dos mesmos objetivos principais, ao mesmo tempo em que definem metas adaptadas ao contexto nacional ou regional.

«Além disso, a ideia de estender a política de RAP para além das fronteiras nacionais deve ser explorada mais a fundo, fazendo a gestão dos resíduos têxteis onde eles acabam por chegar», acrescenta.

A Fundação Ellen MacArthur realça que «a política, por si só, não pode resolver o problema dos resíduos têxteis» e que a ação voluntária das empresas, incluindo o estabelecimento de esquemas voluntários de RAP, é fundamental para acelerar o progresso. «É necessária uma ação coordenada e composta do sector para desafiar o modelo económico linear na sua essência e para captar a oportunidade de reutilizar e reciclar produtos e materiais têxteis em escala».

A organização insta, por isso, as empresas a desenhar produtos de acordo com os princípios da economia circular, a acelerar a adoção de modelos de negócios circulares através de sistemas colaborativos e a investir em infraestruturas partilhadas que permitam a recirculação dos materiais após a sua utilização máxima.

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