Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Consumo em loja de roupas

Consumo de roupas: no setor têxtil, a substituição de itens importados já começou


São Paulo - Um dos símbolos dos “anos dourados” que o Brasil viveu na década passada foi o real forte. No auge de nossa festa, em outubro de 2010, precisávamos de apenas 1,65 real para comprar 1 dólar — então enfraquecido pela crise financeira de dois anos antes. Aquela cotação dava a sensação de que estávamos perto da riqueza.

Viajar para o exterior e consumir produtos importados eram escolhas ao alcance de um número de consumidores nunca antes visto na história deste país. Com esse passado recente tão vivo na memória, os brasileiros agora experimentam a sensação inversa: a de que nossas opções estão minguando na mesma medida que a moeda nacional rola ladeira abaixo.

No fechamento desta edição, em 19 de março, a cotação do dólar em relação ao real havia chegado a 3,29. Ou seja, quase a metade do poder de compra que nossa moeda tinha no ápice virou pó. E, dizem os analistas em uníssono, a desvalorização não só veio para ficar como tende a prosseguir nos próximos anos. “O país tentou ir além do que era possível e agora precisa fazer um ajuste à realidade via câmbio”, diz Marcelo Kayath, diretor de renda fixa e variá­vel do banco Credit Suisse.

O galope do dólar neste início de ano — foram 18% de valorização nos primeiros 68 dias de 2015 — pode dar a impressão de que o ajuste começou há pouco. Na verdade, a moeda americana vem se apreciando frente ao real desde 2011. Há por trás desse movimento diversos fatores.

Um deles é mundial: a economia americana entrou em recuperação e, já há algum tempo, ensaia um aumento de juros, o que provoca a atração de dinheiro para os Estados Unidos e valoriza o dólar. As outras razões são locais.

Desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu o primeiro mandato, a economia brasileira só perde fôlego. Interferências em diversos setores e contas públicas em deterioração tornaram-se constantes. Até o ano passado, o governo atuava para conter a oscilação da moeda: desde maio de 2013, o Banco Central (BC) injetou 115 bilhões de dólares no mercado para evitar a depreciação do real.

Depois que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou que o BC não intervirá mais para segurar o dólar, o câmbio voltou a ser flutuante de verdade — e, consequentemente, a refletir mais o dia a dia do país.

Assim é que fatos como as desavenças de Dilma com o Congresso passaram a pressionar diretamente as cotações, somando-se a um quadro de incertezas que inclui o petrolão, o risco de racionamento de energia e a sucessão de indicadores negativos da economia que vêm à tona. O resultado é que nenhuma moeda no mundo perdeu tanto valor quanto o real — a segunda colocada, a lira turca, teve depreciação de 5% no ano.

Nada indica, por ora, que o cenário mudará tão cedo. Por isso, as projeções mais conservadoras, como a do banco Santander, apontam o dólar a 3,40 reais em 2018. A consultoria Tendências vai além: dólar a 3,61 em 2018 e a 3,77 em 2019. Mas a mudança deve ser vista como um “choque de realidade”.

Nos últi­mos anos, o Brasil gastou além da conta e acumulou uma série de problemas insustentáveis. Para citar apenas dois: os déficits em transações correntes e nas contas públicas. O primeiro é o saldo das operações em dólar do Brasil com o mundo (não entram nessa conta investimentos estrangeiros diretos).

Depois de saldos positivos de 2003 a 2007, o indicador, puxado pelo aumento das importações, entrou no vermelho. No ano passado, o déficit chegou a 4,2% do PIB. O limite aceito para um país em desenvolvimento é 4%. Em dólares, o déficit foi de 90 bilhões — o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido.

O buraco nas contas públicas, que em 2014 su­pe­rou os 6% do PIB (pior que o da combalida Grécia), é outro dado insustentá­vel. A consultoria MB Associados criou um índice de vulnerabilidade, que mede o grau de exposição da moeda a turbulências domésticas e internacionais. Numa lista de 19 países emergentes, o Brasil só está à frente da Venezuela.

FONTE: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1085/noticias/real-...


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