Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Redes varejistas de moda ampliam estoque, mas vendas continuam fracas

Redes esperavam um crescimento mais forte nas vendas nos últimos meses de 2014, mas dados do IBGE crescimento nas vendas de roupas e calçados bem mais tí

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As redes varejistas de moda ampliaram os estoques no terceiro trimestre do ano passado, entre 11% a 22,3%, esperando um crescimento mais forte nas vendas nos últimos meses do ano. Mas dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram taxas de crescimento nas vendas de roupas e calçados bem mais tímidos: de 0,6% em outubro, de 1,8% novembro. E queda de 3,4% em dezembro, em relação a igual mês de 2013.

No quarto trimestre de 2014, de acordo com cálculo do Valor Data, com base nos dados do IBGE, as vendas do setor de vestuário e calçados tiveram queda de 1% frente ao quarto trimestre de 2013. No ano fechado de 2014, as vendas de roupas e calçados acumulam retração de 1,1%.

Grandes varejistas de moda costumam registrar crescimento de vendas acima da média do mercado. Mas as promoções, com descontos que chegam a 70% em alguns casos, ainda estampam vitrines e são um sinal de que, de fato, as vendas podem não ter reagido como o esperado.

No fim de setembro, a Lojas Renner havia aumentado sua conta de estoques em 15,3% ante o mesmo intervalo de 2013, para R$ 674,4 milhões. A Guararapes (dona da Riachuelo) elevou a conta em 22,3%, chegando a R$ 824,8 milhões. Outras elevações incluíram: Marisa, 14,7%, para R$ 484,0 milhões; Hering, 11,9%, para R$ 343,1 milhões; Restoque 11%, para R$ 205,9 milhões – sem considerar a aquisição da Dudalina.

Esses valores representam uma parcela importante das vendas médias estimadas para o quarto trimestre para as companhias pelos analistas de mercado. O cálculo levou em consideração a média de estimativas dos bancos Santander, Goldman Sachs, Credit Suisse e BTG Pactual. No caso da Renner, os estoques representam 37% das vendas estimadas para no último trimestre do ano. Os estoques da Marisa equivalem a 45% das vendas. E, na Hering, a 65%. Na Restoque, este índice chegou a 72%.

No ano de 2013, as varejistas haviam ficado menos estocadas no fim do terceiro trimestre. A Marisa tinha R$ 422 milhões em estoques, o equivalente a 42% das vendas do quarto trimestre. O mesmo índice no período correspondente foi, na Hering, de 61%, ou R$ 306,5 milhões, enquanto na Restoque equivaleu a 26%, ou R$ 185,5 milhões. A exceção foi a Renner, que fechou 2013 com estoques de R$ 544,29 milhões, correspondendo a 40% das vendas.

Guilherme Assis, analista da Brasil Plural Corretora, observou em relatório que o segmento de varejo de moda fechou o quarto trimestre do ano sem dar sinais de retomada do crescimento em vendas. Havia uma expectativa entre analistas que o segmento poderia apresentar algum fôlego de vendas no fim do ano. Isso porque as restrições à oferta de crédito causaram uma retração no consumo de bens de consumo de maior valor agregado, como automóveis e eletrodomésticos, e esperava-se que os consumidores se voltassem à aquisição de itens de valor agregado mais baixo.

Assis observou que tinha como expectativa um desempenho melhor de vendas de roupas, calçados e acessórios em comparação a outros segmentos de bens de consumo no segundo semestre de 2014.

Neste início de 2015, as companhias tiveram que correr para zerar os estoques, considerando que as coleções de outono chegaram às lojas já neste mês. Em 2014, a renovação de vitrines só foi feita em março, devido ao Carnaval tardio.

Um reflexo desse cenário foi o aumento da participação das varejistas de moda nas ações promocionais do “Black Friday”, em novembro do ano passado, e liquidações que seguem até hoje, para tentar atrair os consumidores às lojas. Como resultado, a inflação de roupas e calçados ficou abaixo do Índice de Preços ao Consumidor- Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, que em janeiro foi de 1,24%.

Em janeiro deste ano, o IBGE apontou queda de 0,87% nos preços de roupas, ante o mesmo mês de 2014. Em calçados, a queda foi de 0,62%. Em janeiro do ano passado, o IPCA de roupas sofreu uma redução menor, de 0,37%. A inflação de calçados foi positiva em 0,06%. No acumulado de 12 meses até janeiro, a inflação de roupas foi de 3,07%, contra um IPCA de 7,14% no período. O segmento de calçados, por sua vez, acumulou uma alta de 2,72%.

A variação nos preços não foi tão forte no período de liquidações, mas ainda assim, foi mais intensa do que nas liquidações do início de 2014 e reflete o interesse das companhias de zerar os estoques mais rapidamente para colocar nas lojas a coleção de outono. A Hering e a Marisa começaram a colocar peças das linhas de outono nas lojas ainda em janeiro. A Renner e a Riachuelo começam a mudar as vitrines neste início de mês.

As empresas dão poucas informações a respeito da situação de seus estoques até o momento. A Hering e a Renner informaram recentemente que esperavam “uma transição tranquila” na troca de coleções, com peças de alto verão convivendo nas vitrines por um tempo simultaneamente com as roupas de outono.

“O benefício para as varejistas de colocar parte das coleções novas mais cedo seria atrair os consumidores de volta às lojas. Isso pode resultar em um crescimento líquido de vendas, que pode ter um efeito positivo para o setor neste primeiro trimestre”, afirmou Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi).

No entanto, Prado afirmou que o ideal para as empresas é colocar no mercado coleções novas após o período de liquidações e o Carnaval, para causar maior impacto em vendas e melhor recepção aos preços cheios das novas linhas.

O Iemi projeta para o segmento de moda um crescimento de 3,1% no volume de vendas e de 8,6% em valor nominal em 2015.

Sidnei Abreu, diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), estima que as empresas varejistas de moda tenham desovado boa parte dos estoques no período de liquidações da “Black Friday”. “Circulando nos centros comerciais, não vejo um movimento tão intenso de promoções como vi em 2014. As varejistas fazem promoções mais fortes quando têm muito estoque. Isso pode ser um bom sinal”, afirmou.

O executivo acrescentou que vê pouco espaço para reduções em preços no segmento de varejo de moda neste ano. O aumento nos custos com energia, água e importação de matérias-primas e peças prontas serão fatores de pressão para as margens de lucro das companhias neste ano, disse Abreu.

Fonte: Valor Econômico

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