Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Reestruturação industrial em SC: Reações ao novo quadro concorrencial

Como as PMEs têxtil-vestuaristas do estado reagiram às mudanças nas condições de concorrência observadas na década de 90? Esta é a questão que permeia quase todo este texto. O objetivo, em sintonia com o referencial analítico adotado, é evidenciar aspectos das trajetórias recentes das firmas estudadas, procurando identificar condutas por detrás das situações competitivas apresentadas.

Quase todas as firmas realizaram investimentos desde o início dos anos 90. A maioria, entretanto, em volumes acumulados (no período 1990-1995) que não ultrapassaram US$ 800 mil. Os níveis mais baixos foram observados nas Pequenas e Médias Empresas - PMEs vestuaristas; as demais firmas apresentaram-se melhor distribuídas por intervalos de gasto: entre as que se envolviam só com produção têxtil, metade investiu quantias superiores a US$ 800 mil; das que só prestavam serviços de beneficiamento, 2/3 investiram mais de  US$ 1,6 milhão. Estas diferenças refletem as especificidades dos vários segmentos. Uma confecção pode funcionar com um punhado de máquinas de costura, mas qualquer atividade têxtil (fiação, tecelagem) ou de beneficiamento, mesmo de pequeno porte, necessita maquinário mais dispendiosos. O quadro é praticamente o mesmo quando se observam os coeficientes de investimentos, correspondentes à razão entre as inversões acumuladas no período 1990-1995 e o faturamento de 1995: em mais da metada das empresas, e na grande maioria da sPMEs exclusivamente vestuaristas, esses coeficientes não superavam 20%.

  A constatação de que a maioria das firmas realizou investimentos é respaldada por outras fontes. As indústrias têxteis e vestuaristas catarinenses passaram a investir consideravelmente. O clima era de entusiasmo, estimulando interpretações inspiradas em visão particular sobre o empresariado local: mais do que em qualquer outro lugar do país, os empresários do setor têxtil de SC jamais depositam em suas indústrias. Por issso, é comum eles fazeram compras de máquinas/equipamentos tão logo são lançados no primeiro mundo.

  A mencionada tendência era considerada suficientemente clara entre as grandes empresas, como a Hering, onde a modernização produtiva configurava processo em curso desde meados da década de 80, tendo consumido US$ 3 milhões entre 1987 e 1990. Porém, empresas de menor porte também participavam da onda de modernização. A animação com o desempenho da PMEs não era menor do que a manifestada em relação às grandes empresas. Se, havia poucos anos, os pequenos confeccionistas trabalhavam apenas com quatro cores básicas, a mesma padronagem de malha, poucos modelos e reproduziam estampas ultrapassadas, à época já estavam fazendo modinha e começavam a competir com as grandes empresas.

  Entertanto, houve firmas, entre as PMEs estudadas, que não realizaram investimentos, e todas enfrentaram grandes problemas no período recente. Era o caso de um ex-fabricante joinvillense de lingerie, dono de marca conhecida nacionalmente, que devido à crise em que mergulhara teve de interromper a produção (por isso a desiganção de ex) para não queimar a marca; para seguir operando, passara a faccionar outros tipos de produtos para grandes lojas e a prestar serviços de tingimento e estamparia para grandes fabricantes da região, com repercussões no âmbito do emprego: dos 1.200 postos existentes em 1990, não havia mais de 180 à época da entrevista, em 1997. Era também o caso de um pequeno produtor de calças e camisas, também joinvillense, para quem o período 1990-1997 foi crítico em razão da abertura comercial, da inadimplência e da própria recessão, que forçaram a empresa a subcontratar/terceirizar intensamente (100% na produção de calças e 40% na de camisas), em paralelo à redução do emprego direto de 350 para 80 funcinários. Outro caso referia-se a um médio fabricante de tecido plano e toalhas de copa/cozinha de Jaraguá do Sul que, embora em expansão nos anos 80, não logrou firmar-se no mercado desde 1990, tanto que o maquinário (defasado tecnologicamente) estava sendo utilizado em apenas 30% da capacidade instalada; obstáculos financeiros impediam os investimentos e, assim, a atuação como subcontratada para grandes empresas do Nordeste do estado e do Vale do Itajaí tornara-se opção privilegiada, com mão-de-obra que, de 850 funcionários em 1990, não ultrapassava 160 no momento da entrevista. Situação parecida foi ostentada por um pequeno fabricante de roupas esportivas, uniformes escolares e artigos de linha lazer situado em Blumenau, para quem a concorrência dos produtos importados (na linha lazer) e a incapacidade para saldar compromissos bancários quase levaram ao encerramento das atividades; sem realizar investimentos, transferiu a maior parte das produção para terceiros, reduzindo a mão-de-obra de 350 para 59 entre 1990 e 1997: a quantidade faccionada representava 90% do total fabricado.

  Outras informações podem ser obtidas no livro “Reestruturação Industrial em Santa Catarina” de autoria de Hoyêdo Nunes Lins.

http://www.administradores.com.br/artigos/academico/reestruturacao-...

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