Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP


“Nós vivemos na era da Globalização, tudo converge, os limites vão desaparecendo”. Assim afirma Andrioli, (ANDRIOLI, A. I. Efeitos culturais da globalização.) e com tal conceito – ainda que simplista – uma economia mundial levaria a unificação e adaptação dos modelos de consumo e a uma massificação cultural. A questão principal aqui é: quais são os efeitos dessa Globalização para a indústria da moda?

Não é difícil analisarmos que a globalização tem atuado na propagação de valores estéticos muito pontuais, disseminando signos e nivelando referenciais culturais a partir de uns (e poucos) vetores.

A mesma globalização que democratizou o acesso aos mais variados meios de comunicação, como a internet, também proporcionou que a partir da década de 1990 houvesse o incentivo a descoberta dos estilos pessoais frente às antigas regras ditatoriais e massificadoras da moda. Porém, apesar do discurso, o que vemos hoje é uma forte – e velada – imposição mercantil de alguns grupos financeiros que controlam os fluxos de consumo dessa categoria de bens de consumo.

A vivência da Globalização permitiu o aculturamento ao impor rígidos e exclusivos padrões franceses até a década de 1980 e, posterior a decadência da Alta Costura, houve a construção de um oligopólio entre as então Capitais da Moda (Nova Iorque, Londres, Milão e Paris), pautado na indústria de massa, o prêt-à-porter. Mas, ao invés de vermos uma pluralidade em decorrência dessa descentralização, ainda estamos reféns dessas Capitais que não permitem a troca e nem valorizam o conteúdo estético de “culturas emergentes”, tal como a latino-americana, tudo em prol do controle da produção e do consumo.

A indústria brasileira, especialmente, tem sofrido muito em função desse modelo globalizado, haja vista que toda demanda produtiva tem sido deslocada para a Ásia, sobretudo China, e os fluxos da entrada de marcas internacionais no país tem se acentuado, vide o recente caso da marca Forever 21, esmagando as possibilidades comerciais e criativas da “moda brasileira”.

Aliás, o que é moda brasileira? Na era da globalização tudo converge para um “bom gosto” padrão – e de cunho Europeu. Num país tropical como o nosso, onde o uso do terno e gravata aos 42°C de um verão escaldante é considerado índice de civilidade, delata como estamos submetidos àqueles ideais mercantilistas globalizados.

Cusco, no Peru, foi cenário em 2012 para o editorial e capa na VOGUE Coreia. A valorização das estéticas emergentes, como a latino-americana, é pontual e quase sempre alegórica. Não há vistas para os criadores e seus trabalhos com finalidade industrial.

A indústria brasileira tem sofrido muito em função desse modelo globalizado, haja vista que toda demanda produtiva tem sido deslocada para a Ásia, sobretudo China.

Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP

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