Reformar como uma nova forma de consumir moda

[Romildo de Paula Leite]

Fazer modificações e reformar as roupas costumava ser parte do dia a dia da vida das nossas avós. Uma peça poderia ser usada e depois de um tempo passava por reformas e continuava seu ciclo de uso. Isso acontecia por diversos motivos, um deles é que o valor da peça era alto e não havia essa onda de compras desenfreada.

Hoje em dia, vemos peças de roupas com ciclo de vida que não passam de poucas semanas. O preço é mais baixo, as pessoas têm dezenas de opções dentro do guarda-roupa e o costume é de compras constantes de novas peças. Uma pesquisa mostrou que na década de 1930, uma mulher tinha uma média de 9 opções de outfits e hoje o número ultrapassa 60. Como o espaço para guardar essa roupa é finito, muitas delas acabam indo para o lixo gerando 10,5 milhões de toneladas de lixo. Mas será que essa relação que temos hoje é saudável?

Reparar ou reformar a roupa não é sobre substituir aquilo que você tem, mas ter mais consideração e ser mais consciente sobre o ciclo de vida das peças. Por mais que adquirir novas roupas faça parte do conceito da moda, conseguir melhorar a relação com as peças já compradas também é uma forma de garantir mais opções.

Nudie Jeans

 

Com a mudança da percepção do consumo, algumas pessoas começaram a buscar no passado inspiração para suas roupas. Com livros e tutoriais à disposição, a reforma caseira ganhou força e aparece como uma opção ao descarte. E não só as pessoas estão em busca dessas reformas, algumas marcas como a suíça Nudie Jeans e a americana Patagonia já criam programas que encorajam seus consumidores a trazerem de volta as peças que não querem mais usar ou que precisem de ajustes para serem reformadas.

Como consumidores, precisamos repensar nossa relação com o que usamos e nossos hábitos de consumo. A questão não é só se conseguimos comprar peças sustentáveis, mas também se a nossa relação com as roupas que usamos é sustentável. Como é possível viver melhor com as peças que já temos e não fazer novas compras regularmente? Será que reformar essas peças é uma forma de alcançar essa relação saudável e equilibrada?

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[Romildo de Paula Leite]

  A questão não é só se conseguimos comprar peças sustentáveis, mas também se a nossa relação com as roupas que usamos é sustentável.