Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

 

Renata Buzzo uniu seu amor por animais com sua vocação profissional. O resultado dessa junção deu origem a marca que leva seu nome e é responsável por produzir vestidos de noiva vegano. A estilista que iniciou o negócio com pouco recurso, hoje colhe frutos do seu trabalho que é consumido independente da opção alimentar. A escolha de tecidos que se encaixem dentro dos padrões de ética é um dos cuidados que a designer toma na hora de produzir as peças. Confira: 

 

De onde surgiu a ideia de produzir vestidos de noiva vegano?
Na verdade não foi algo planejado, quando estava no primeiro ano da faculdade Santa Marcelina, me apaixonei por moulage. Depois estagiei com o Samuel Cirnansck e lá tomei gosto pelas noivas, mas sempre quis ter minha marca. Comecei fazendo vestidos de noiva informalmente, fiz para minha amiga e depois para amiga da amiga e foi ficando sério, tomando corpo toda essa ideia. Eu sei que tentar linkar mercado de luxo das noivas com causa animal é um tanto inusitado, mas pra mim foi natural : eu sou vegana. Tenho um amor incondicional por animais e sempre senti desde da faculdade que se eu negligenciasse isso em mim em âmbito profissional eu seria infeliz, não deu pra separar o amor pelos animais da vocação profissional.
 
 
Como foi o início da marca? 
Eu tinha acabado de me formar e feito várias entrevistas frustradas,chegando a conclusão que não queria trabalhar pra ninguém, daí decidi criar a marca. O início foi com um site que eu mesma montei, com 5 vestidos criados para um editorial que ilustraria o site (eu não costumo utilizar fotos pessoais das noivas que faço) e pouquíssima verba, aluguei o estúdio da faculdade que estudei e fiz as fotos lá, montei o site e sem querer deu certo!
 
Quais são os materiais utilizados?
Os vegetais, como algodão e linho, no caso dos sintéticos uso os de alta performance, possuem um preço elevado, mas garantem a qualidade e o caimento desejado. Rendas de algodão, rendas vintages garimpadas, tratadas e rebordadas, crepes, tules principalmente os italianos e franceses e evito os chineses por causa da falta de ética nas questões de mão de obra e no trato ao ambiente e ao animal.
 
   
    
 
Como funciona o processo de produção e quantas pessoas estão envolvidas?
O processo é totalmente artesanal. Trabalhamos em Slow Fashion: não somos uma confecção de vestidos. Trabalhamos com o manual, artesanal, o limitado e o atemporal, e procuramos produzir uma peça de alta qualidade aumentando assim o tempo de vida daquela peça no armário. É uma roupa para guardar não para descartar. Os vestidos são criados no método de moulage que consiste em fazer o vestido diretamente no manequim, boa parte é costurada a mão, apenas o forro é feito em máquina, todo o bordado é projetado em cima do manequim. Todo vestido é único, nunca fica igual ao outro.Minha equipe é pequena ainda, com 5 pessoas.
 
Quanto tempo leva em média para um vestido ficar pronto? E também quanto custa em média?
Um vestido simples em torno de 3 meses, um mais elaborado peço 6 meses, e um inteiro bordado que demora mais tempo no manequim peço 8 meses. Os preços vão de R$ 3 mil a 30 mil.
 
O número de brasileiros veganos ainda é baixo. Como você define hoje o mercado de moda deste segmento, em questão de oportunidades e concorrência?
O número de veganos é pequeno sim, mas o número de pessoas boas que amam os animais, que tem preocupação com eles e que se tivessem a opção em termos de vestuário de não financiar os maus tratos a estes, optariam com certeza por esse tipo de roupa. Eu não atendo exclusivamente veganos e vegetarianos, na verdade a maioria do meu público não é nenhum dos dois, por incrível que pareça! São pessoas que se identificam com a estética e a concepção dos vestidos da marca. Já, o mercado vegano em questão está crescendo vertiginosamente, uns anos atrás éramos quase desconhecidos, ninguém sabia o que era vegano, hoje em dia conseguimos encontrar na prateleira produtos com a frase: "produto não testado em animais"  ou "produto livre de origem animal", estamos ficando conhecidos!
 
Foto: Arquivo Pessoal e Guto Mori / Divulgação


Karine Brandt
karine.brandt@usefashion.com

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