Bazaar mergulha em águas alagoanas para uma imersão na renda filé, Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas.
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece…”, escreveu Clarice Lispector. Por alguns dias mergulhei, em Maceió, no trabalho incrível de preservação de um marco da arte e da cultura alagoanas: a renda filé. Trata-se do Renda-se Alagoas Moda Festival, o maior evento de moda autoral e artesanal do Nordeste, com foco na preservação do filé, trabalho de bordadeiras marcado por linhas de cores vibrantes ou brancas feitas sobre redes de pesca, como símbolo das manualidades de Alagoas.
Em sua quarta edição, o projeto ocupou os salões do Espaço Armazém, no Jaraguá, bairro que está em processo de revitalização em Maceió, trazendo estilistas, designers de acessórios e estudantes de moda com produções acerca do filé. A partir de um edital lançado no mês de abril, eles foram incentivados a criarem projetos de coleções que obrigatoriamente incorporem o bordado e outras manualidades em suas criações. Foram 19 estilistas profissionais, dez estudantes e cinco designers que, neste ano, tinham como norte homenagear a estilista alagoana Maria Cândida e Rita Lee. “Ficamos muito impressionados com a qualidade dos resultados, especialmente dos estudantes que superaram todas as nossas expectativas nesta edição”, disse Alina Amaral, Produtora Executiva do Renda-se e estilista.
Criado em 2020, o Renda-se nasceu justamente para manter viva e exaltar a tradição da renda alagoana, especialmente o filé, típico do litoral do Estado e Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas. Feito sob uma rede de fios que remete sua origem de reaproveitamento de redes de pesca, o bordado filé se inseriu nas comunidades às margens das lagoas e com o tempo se transformou em fonte de renda e beleza. “O Renda-se não é só um projeto, é um movimento que valoriza a economia criativa, baseado em uma cadeia produtiva ética e limpa, que respeita a matéria-prima e, especialmente, os artesãos”, afirmou Fábio Elias, representante do Magalu, o principal patrocinador do evento.
A maior parte dessa trabalho é feito à beira das Lagoas Manguaba e Mundaú, onde as mulheres artesãs perpetuam a tradição do bordado filé. Confeccionadas com redes de fios coloridos atados em nós e semelhantes às redes de pesca, as produções resultam em roupas, toalhas de mesa, xales e bolsas. A marca do filé alagoano são as cores vibrantes que refletem a tropicalidade presente nas casas, nos barcos e nos figurinos das manifestações folclóricas regionais, como o maracatu, o coco e o guerreiro, como define o Instituto do Bordado de Filé (Inbordal).
Fortalecer e resgatar tradições e identidades, um trabalho de mulheres e famílias que tecem suas histórias, atravessa gerações, ligando passado, presente e futuro, emociona e traz esperança de que possamos nos render mais e mais ao que é genuinamente nosso. E que precisamos, de fato, conhecer.
Veja os looks desta edição:
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