Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A estilista e empresária Marta Macedo, da Martu: ateliê em casarão discreto no Jardim Botânico

A moda carioca já foi descrita em versos e prosa. A "garota de Ipanema" e o "menino do Rio" formam um casal que personifica o ideal de estilo de boa parte da juventude do mundo. E não é por acaso. A moda do Rio reconquistou o seu espaço no cenário nacional. Deixou de ser monotemática fazendo apenas roupa de praia para se mostrar forte, criativa e plural. Hoje, tem roupas para garotões, gatinhas, homens descolados e mulheres chiques. Tem "fast" e "slow fashion". Tem criações em série e coleções feitas com requintes de alta costura, além de novas grifes nascendo e marcas já maduras que estão crescendo.

Entre as novidades mais interessantes do mercado do Rio está a Mocha, grife feminina criada pela empresária Liliane Taira. Com um quê da elegância carioca dos anos 1980, que lembra marcas emblemáticas como Georges Henri e Maria Bonita, a Mocha tem as suas peças desenhadas pela estilista Ana Voss, que já foi da Osklen. O resultado é uma linha sofisticada, de tecidos nobres e construção elaborada. "Fomos em busca da sensualidade que existe na simplicidade, diz Liliane. Portanto, esqueça qualquer traço de vulgaridade. Não se trata de roupas para mulheres-fruta, mesmo que venha da cidade que é o berço das "popozudas".

Prestes a lançar a sua segunda coleção, a Mocha, por hora, só pode ser encontrada em duas multimarcas: a Dona Coisa, no Rio, e a Cartel 011, em São Paulo. "A coleção de inverno deve ser ampliada, mas poder ser vendida para outras multimarcas", diz Liliane. Na coleção, que não segue as tendências do "fast fashion" há peças versáteis, daquelas que vestem as cariocas mais elegantes da manhã até a noite. "A roupa é contemporânea, nem praiana e nem urbana", diz Liliane.

DivulgaçãoModelos das grifes Mocha e Eva

Contemporaneidade é uma palavra que se aplica a outras marcas e lojas que se espalham por Ipanema, Leblon, São Conrado, Copacabana e até no Jardim Botânico. Por esses bairros, além de butiques de marcas locais, prospera um outro modelo de negócio que, na capital paulista não tem muitos fãs: as lojas multimarcas. Talvez pelo estilo eclético dos frequentadores da Cidade Maravilhosa, trata-se de um tipo de negócio próspero e duradouro.

Tanto que uma das butiques multimarcas mais famosa do Rio, a Dona Coisa, se prepara para uma nova ampliação, cuja inauguração está prevista para março. Desta vez, para agregar um canto gourmet, com vinhos de pequenos produtores, além de livros e flores. Aberta em 2005, na rua Lopes Quintas (Jardim Botânico), a loja desde o início se prestou a fazer uma curadoria das marcas mais interessantes, inovadoras e sofisticadas do eixo Rio-São Paulo, incluindo Sônia Maria Pinto, Gloria Coelho, Lino Villaventura e Gilda Midani. Atualmente, mais de 80 grifes podem ser encontradas no espaço, que foi sendo ampliado e tomando as casas vizinhas. "Sempre segui o meu 'feeling'. Queria ter um lugar que reunisse roupas, sapatos e acessórios, maquiagens e outros produtos de ótimas marcas", diz Roberta Damasceno, fundadora da loja.

Para merecer a confiança das clientes, Roberta procura andar na contramão das tendências. Se o que está na moda é o laranja, então terei outras cores nas araras." O atendimento personalizado é outro trunfo. "Tudo na loja tem a marca do 'feito à mão', do pessoal", diz Roberta, que tem clientes de várias partes do Rio de Janeiro que topam sair do circuito Ipanema-Copa-Leblon só para comprar na loja. "Recebo várias delas que aparecem só para tomar um café".

Bem mais modestas, mas não menos charmosas, a Q-Guai, em Ipanema, e a Suite Maria Filó, no Fashion Mall, são outros exemplos de multimarcas. A primeira, das empresárias Amanda Haegler, Joana Braga de Mello e Marta Frexes, reúne roupas e acessórios de designers interessantes, do Rio ou não. A loja tem um corner com as divertidas alpargatas da marca argentina Paez. Além de lenços, bijuterias, uma seleção de roupas masculinas, moda praia e alguns objetos de decoração. Perto do provador há um pequeno espaço para exposições, onde são realizados eventos para os clientes. A loja estreou, nesta estação, sua primeira coleção com marca própria.

Aberta no fim do ano passado, a Suite Maria Filó é a primeira experiência de vender no mesmo espaço as coleções da marca Maria Filó e da Filhas de Gaia. As duas marcas agora fazem parte do mesmo grupo e no espaço compartilhado exibem suas peças mais sofisticadas e conceituais. Sofisticado é também o espaço idealizado pela arquiteta Bel Lobo, ainda que o projeto mantenha o ar chique-descomplicado que se espera de uma butique no Rio, mesmo estando em um shopping.

É na rua que a carioca vê a moda e expõe o seu jeito de vestir. Por conta disso, é também na rua que os endereços mais preciosos se encontram. Muitas vezes, são casinhas que nem parecem lojas, mas que escondem um acervo de tesouros. É assim no novo espaço de Isabela Capeto, em uma rua residencial, no Horto. Com ar de ateliê de costureira - no melhor dos sentidos - a casa onde Isabela instalou oficina, escritório e loja preserva o essencial: a preciosidade da roupa.

A coleção atual foi construída com tecidos e aviamentos antigos, da própria estilista, mas também comprados de outras marcas. "Dessa forma, dificilmente consigo fazer mais do que cinco peças de cada modelo", diz Isabela, que vez ou outra viaja com sua coleção para fazer vendas especiais em outros Estados. "Eu faço, vendo e acabou. Não tenho estoque", informa a estilista, que divide o tempo com projetos de licenciamento para outras empresas, como a Panvel (maquiagem), a Ked's (tênis), a Chilli Beans (relógios) e a Melissa (sapatos).

É preciso olhar com atenção para o casarão, no Jardim Botânico, que abriga a Martu, da estilista Marta Macedo. Ele pode se perder na paisagem bucólica do bairro, ser confundido com a residência de alguém com gosto requintado. É mais do que isso: ele guarda a loja e o ateliê da estilista, que já trabalhou com Maria Cândida, a fundadora da Maria Bonita. Antes dedicado apenas às roupas sob medida, a Martu agora tem uma vasta coleção de prêt-à-porter, para vestir mulheres que, como ela, são elegantes por natureza.

No fundo, a butique esconde um lugar ainda mais especial: um recanto de vestidos e toda a sorte de acessórios para noivas. São cerca de 50 modelos prontos, lançados a cada coleção. "As noivas podem comprá-los como são ou fazer alterações", diz a estilista. Feitos à mão, com perfume vintage, os vestidos da Martu fogem do padrão "merengue" sem perder a doçura. Coisa, aliás, que se encaixa perfeitamente com o gosto da carioca.


© 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.

Leia mais em:

http://www.valor.com.br//cultura/3425252/renovada-moda-carioca-se-f...
Por Vanessa Barone

Exibições: 341

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço