Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A utilização de fibras produzidas a partir de resíduos alimentares para a produção de têxteis-lar integra, cada vez mais, a oferta do Grupo Lasa, que tem testado novas soluções para se tornar mais sustentável.

Lasa [©Lasa]

No webinar “Como é que o desenvolvimento de novos materiais fibrosos a partir de resíduos pode impulsionar a inovação na indústria de manufatura?”, promovido pela Fibrenamics, Laura Carvalho, coordenadora do departamento comercial da Lasa, que está igualmente envolvida no apoio técnico à área de desenvolvimento, explicou que a empresa tem em curso o projeto ReFood, que utiliza resíduos alimentares e da indústria cosmética para criar produtos têxteis, como toalhas de banho e roupa de cama, em resposta à crescente procura por produtos ecológicos.

Fundada por Armando Antunes, que aos 90 anos ainda participa ativamente na empresa, o Grupo Lasa controla todo o processo de produção, exceto a compra de matérias-primas e fibras, e tem colocado a sustentabilidade como um pilar central da sua visão para o futuro. «O nosso modelo de fiação própria dá-nos independência para inovar e testar novas fibras e produtos, algo que o mercado procura cada vez mais», afirmou.

O projeto ReFood está a ser bem-recebido, especialmente por marcas de luxo e start-ups, ao utilizar fibras biodegradáveis, como hortelã, cogumelos e aloé vera, em substituição de fibras tradicionais. «Embora o algodão continue a ser a fibra mais utilizada, há uma crescente procura por alternativas mais sustentáveis e o ReFood é a nossa resposta a essa necessidade», explicou Laura Carvalho.

A adoção no mercado, contudo, deverá ser determinada pela capacidade da tecnologia em reduzir os custos de produção de novas fibras sustentáveis. «Acredito que a grande barreira a ultrapassar será a tecnológica. Se conseguirmos produzir estas novas fibras a um custo semelhante ao das fibras convencionais, teremos sucesso. Porque, sejamos honestos, é difícil esperar que o consumidor esteja disposto a pagar significativamente mais por um produto sustentável», destacou. «Vemos que o consumidor procura produtos sustentáveis, mas a preços competitivos. Precisamos de quebrar essa barreira com a tecnologia», acredita a coordenadora do departamento comercial da Lasa.

O projeto da Lasa enquadra-se numa corrente de desenvolvimentos focados em tornar a economia linear em circular. Como revelou Liliana Leite, gestora de projetos na Fibrenamics, a extração anual de matérias-primas duplicou nos últimos 40 anos e continuará a aumentar, o que gera grandes quantidades de resíduos antes mesmo dos produtos serem utilizados.

A bioeconomia, que substitui recursos fósseis por naturais, e economia circular, que visa minimizar os resíduos e integrá-los nos ciclos de produção, são, por isso, fundamentais. «O que precisamos é de uma bioeconomia onde misturamos os recursos naturais, mas também de usar o resíduo que é gerado para termos uma produção e também um consumo mais sustentável», apontou.

A utilização de resíduos de biomassa, agroflorestais, alimentares e industriais pode ajudar a criar novos materiais fibrosos e reduzir o impacto ambiental, diminuindo a extração de recursos virgens e as emissões de gases de efeito estufa.

Na sua apresentação, Liliana Leite descreveu as várias formas de extrair compostos valiosos dos resíduos, como celulose e lignina, e as tecnologias para produzir fibras, como a fiação por fusão, a húmida e a eletrofiação. Também deu exemplos de indústrias que já utilizam estes métodos, como a produção de fibras a partir de resíduos de peixe e leite, e os desafios que enfrentam, como a complexidade técnica, a consistência na qualidade dos materiais e os obstáculos logísticos e regulamentares.

Contudo, ressalvou, «há passos que podemos dar para ultrapassar estas barreiras», nomeadamente a continuação do investimento na inovação na produção de materiais fibrosos, assim como as parcerias entre a academia e as empresas e o apoio governamental para escalar as tecnologias.

Já Susana Otero Belmar, diretora do cluster de cidades inteligentes do AIMPLAS, um centro tecnológico sediado em Espanha com mais de 30 anos de experiência no sector dos plásticos, focou-se no desenvolvimento de novos biopolímeros a partir de biomassa vegetal, com destaque para a tecnologia de extrusão reativa, uma tecnologia que permite a modificação e síntese de polímeros, melhorando as suas propriedades, como a aderência e a compatibilidade com fibras e misturas poliméricas.

Entre os exemplos de aplicação estão os projetos Biopolrex, para transformar resíduos agrícolas em bioplásticos avançados, e o Biomac, que desenvolveu nanomateriais de base bio.

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