Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Resultado de Marisa Agrada, mas Analistas Preferem Esperar

O bom resultado da varejista Marisa no quarto trimestre surpreendeu positivamente muitos analistas, mas não criou uma euforia com o papel. A maioria dos especialistas preferiu esperar mais alguns "trimestres acima da expectativa" para alterar o preço-alvo ou mesmo a recomendação de investimento. Foi o caso da corretora Coinvalores. Em relatório, os analistas ponderam: "mesmo considerando uma consistente performance positiva, mantemos nossa recomendação de curto prazo [manter]". O principal motivo é a sazonalidade que a empresa sofre no início do ano. "O primeiro trimestre marca-se por menor volume de vendas", escrevem os especialistas. Em relatório, a equipe de análise do Deutsche Bank também teve o mesmo tom. Apesar de alguns resultados terem superado as expectativas, a equipe não alterou a recomendação de "manter" para a ação da varejista.

A mesma opinião tem a analista Julia Monteiro, da corretora CGD Securities. Ela argumenta que é preciso esperar mais um ou dois trimestres para verificar se a companhia consegue manter o mesmo patamar de resultados. No quarto trimestre de 2012, o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 80,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior, impulsionado pela abertura de 32 novas lojas. As vendas em unidades funcionando há mais de 12 meses (ou SSS, "same store sales", no jargão do setor) cresceram 14,1% no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2011. O resultado elevou a margem Ebitda em sete pontos percentuais. Passou de 14,5% no terceiro trimestre para 21,5%. "Para mudar o preço-alvo, é preciso esperar para ver se eles mantêm este patamar de resultados, se têm sucesso no projeto de vendas 'porta a porta' e se conseguem bons resultados com as lojas novas", afirma Julia. A analista se refere aos 51 novos pontos de venda que a empresa planeja abrir neste ano.

Segundo Karina Freitas, analista da corretora Concórdia, o horizonte é positivo para os próximos meses. As perspectivas econômicas para 2013 estão melhores e o impacto dos incentivos governamentais, "com destaque para a implementação da desoneração da folha de pagamentos para o comércio varejista a partir de abril", deve começar a aparecer. "Possuímos um viés positivo para a companhia, mas sem indicação de recomendação, a qual será fornecida após revisão das projeções", escreveu Karina.

Um analista que mudou a recomendação para o papel foi Renato Prado, da Fator Corretora. Para ele, a ação da "maior varejista de moda feminina e íntima do Brasil com foco na classe C", como a empresa se apresenta, é uma das poucas no setor com fôlego para se valorizar ao longo do ano - apesar de ter tido uma forte alta nos últimos 12 meses (veja o gráfico nesta página). O analista argumenta que as ações de outras varejistas de roupas, calçados e acessórios já estão "esticadas", ou seja, já chegaram muito perto do preço-alvo calculado pelos analistas com base nas estimativas de resultados futuros. "Considerando os resultados da Marisa nos últimos trimestres, acredito que o papel da empresa não está totalmente precificado", afirma Prado, que mudou a recomendação de 'manter' para 'comprar'.

O analista da Fator baseou a sua decisão na excelência dos resultados e no sucesso da direção da varejista nas iniciativas que reinventaram a marca e a companhia nos últimos anos. O lançamento de pontos de venda especializados - como a Marisa Lingerie -, a redução de custos operacionais e a criação de lojas menores são alguns dos pontos positivos. Prado destaca ainda a inserção de novos produtos. "Além da boa aceitação com a coleção nova, a empresa teve sucesso tanto com o segmento de [roupas em] tamanhos grandes quanto com calçados. Aumentou a margem bruta, apesar de os sapatos oferecerem uma margem um a dois pontos percentuais menor que o segmento de roupas", avalia o especialista.

Fazendo uma análise mais ampla do varejo têxtil no Brasil, Prado afirma que o fato de não ter uma estrutura verticalizada, como Hering e Guararapes, tem ajudado a Marisa. Normalmente visto como uma vantagem competitiva, o modelo de negócios que contempla varejo e indústria de roupas não tem trazido os resultados esperados para as duas concorrentes, segundo o analista da Fator.

"Percebemos isto pelo Ebitda das duas empresas no terceiro trimestre [resultado mais recente, relativo ao ano passado]", diz o analista. Na comparação com os números do mesmo período de 2011, o Ebitda da Hering caiu 16,2%, enquanto o da Guararapes, dona da rede de lojas Riachuelo, subiu 16,5% e o da Marisa cresceu 48,9%. "Ser grande e diversificado, às vezes, pode não representar uma vantagem", afirma Prado.

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