Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A maioria dos homens não parece disposta a desembolsar 600 dólares por um par de sapatilhas da marca Dior, mas para muitos consumidores norte-americanos, este tipo de compras está a tornar-se um luxo cada vez mais frequente. 

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Retalho de luxo nos EUA - Parte 1

Efraim, um jovem norte-americano de 30 anos que não hesita em gastar 600 dólares numas sapatilhas Dior, é o tipo de pessoa que dá grandes esperanças de que o mercado do luxo nos EUA poderá crescer no futuro, contrabalançando o abrandamento na China e a quebra da procura na Europa. «Existe uma mudança cultural», afirma Efraim enquanto percorre os grandes armazéns Saks em Nova Iorque. «Os homens estão cada vez mais orientados para a moda», assegura.

O crescente apelo dos produtos de luxo para o consumidor masculino e o aumento da confiança entre os consumidores ricos, à medida que a economia dos EUA e os preços dos ativos recuperam, têm impulsionado as vendas e encorajado as marcas de luxo a intensificar os seus investimentos no mercado norte-americano. Existem também mais compradores estrangeiros a dirigirem-se às lojas, à medida que o governo dos EUA alivia as restrições na obtenção de visto, para atrair mais turistas.

Os gastos de luxo nos EUA caíram após a crise financeira de 2008, mas regressaram aos níveis pré-crise em 2012. No ano passado, os grupos luxo LVMH (1.º mundial) e Kering (3.º mundial, ex-PPR) registaram taxas de crescimento maiores no mercado norte-americano do que no chinês, pela primeira vez em vários anos.

As vendas no continente americano deverão crescer 5% a 7% este ano, em comparação com 6% a 8% na China continental e 0% a 2% na Europa, de acordo com a empresa de consultoria Bain & Co.

Os sinais são já notórios. A Ralph Lauren apresentou recentemente uma previsão de crescimento de vendas nos EUA de 4% a 7%, enquanto os grandes armazéns Saks reportaram um crescimento de até 5,9% nas vendas trimestrais, quase o dobro do que os analistas previam. «(Existe) uma confiança renovada, uma verdadeira recuperação no consumo de moda e de luxo», confirma Sidney Toledano, presidente da casa francesa Christian Dior, pertencente à  LVMH.

Grandes marcas como Prada, Hermès, Burberry e Hugo Boss estão a abrir novas lojas ou a expandir as já existentes nos EUA, e a intensificar os seus gastos com publicidade. Em julho, a Alexander McQueen vai abrir uma loja com mais de 360 metros quadrados na Madison Avenue, em Nova Iorque. No próximo ano, a Burberry planeia instalar uma nova loja âncora na Rodeo Drive, em Beverly Hills.

Os grupos LVMH e Kering também estão em expansão nos EUA, enquanto colocam um travão na China, que foi o principal motor para as vendas de luxo até ao ano passado. «Acho que os EUA têm muito mais potencial do que as pessoas acreditam, apesar do foco ter recaído muito nos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)», sustenta Robert Chavez, chefe de operações da Hermès nos EUA. O grupo francês, que em 2010 abriu na Madison Avenue a sua única loja dedicada ao mercado masculino, realiza agora cerca de 15% das vendas no mercado norte-americano, contra 10% há cinco anos atrás. China, Hong Kong, Taiwan e Macau representam 20% das vendas. «Temos notado um aumento nas compras por parte dos consumidores masculinos, particularmente nos últimos dois anos», revela Chávez. Produtos como gravatas, sapatos e fatos em caxemira de 8.000 dólares estão a registar um bom desempenho.

No luxo global avaliado em 212 mil milhões de euros, os EUA ultrapassam a China, mesmo considerando o novo surto de crescimento. A Bain & Co. valoriza o mercado americano em 59 mil milhões de euros, a Europa em 74,2 mil milhões de euros e a China-Hong Kong em cerca de 22 mil milhões de euros.

Na segunda parte deste artigo continua-se a analisar as perspetivas para o mercado de luxo nos EUA.

Retalho de luxo nos EUA - Parte 2

No que se refere ao comércio de produtos de luxo, os turistas são uma das principais fontes de receitas para marcas e retalhistas localizados em mercados como a Europa e os EUA. Ao nível da atração de mais turistas, o mercado americano possui ainda uma ampla margem de crescimento.

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Retalho de luxo nos EUA - Parte 2

Para muitos consumidores nos EUA, o consumo de produtos de luxo está a tornar-se cada vez mais frequente (ver Retalho de luxo nos EUA - Parte 1) e os grandes grupos do luxo mundial estão cada vez mais atentos a este mercado.

François-Henri Pinault, CEO da Kering (ex-PPR), reconhece que o aumento do número de turistas para os EUA vai permitir-lhe reduzir o fosso com a Europa, onde os visitantes respondem por cerca de metade das vendas de luxo. Esta proporção contrasta com os 15% a 20% registados no mercado americano.

«Nunca teremos tantos turistas como na Europa, mas acho que a proporção poderá chegar aos 30% ao longo dos próximos anos», acredita Milton Predaza, CEO do Luxury Institute, uma empresa de consultoria dos EUA.

Em 2010, 6 milhões de turistas do Brasil, Índia e China voaram para a Europa Ocidental, em comparação com 2,6 milhões para os EUA. Os agentes de viagens revelam que a aprovação de vistos dos EUA exige mais evidências ao nível do historial de emprego e de finanças do que para a França ou a Itália.

Os EUA ganhariam mais 20 mil milhões de dólares com as vendas de luxo se tivessem tantos turistas de mercados emergentes como a Europa, estima a empresa International Strategy & Investment Group (ISI), sediada em Nova Iorque

O Departamento de Estado dos EUA afirmou que cortou o tempo de espera para as entrevistas relacionadas com a obtenção de visto no Brasil, de onde provém a maioria dos turistas de compras de luxo no país. Os funcionários na Saks referem ter notado um aumento no número de turistas brasileiros.

O Departamento de Estado também planeia abandonar as entrevistas para alguns pedidos de visto e está a ampliar ou a construir novos consulados na China e no Brasil. O turismo da China deverá mais do que triplicar para os 3,9 milhões de pessoas em 2017, relativamente aos números de 2011. O turismo do Brasil deverá aumentar 83% para os 2,8 milhões de pessoas, de acordo com o Departamento de Comércio dos EUA. «Ainda não tivemos um grande avanço. No entanto, está a deslocar-se na direção certa», indicou Omar Saad, diretor-gerente sénior e chefe da equipa de luxo na ISI.

O apelo da América para os brasileiros é duplo: está mais perto do que a Europa e os preços são muito mais baixos do que no mercado brasileiro. Um casaco de homem da marca Burberry custa 3.100 dólares em São Paulo contra 995 dólares na loja de Nova Iorque.

Pam Danziger, presidente de marketing da empresa de consultoria Unity Marketing e autora de estudos sobre a indústria do luxo nos EUA, considera que o crescimento também está a ser impulsionado pelo que chama de americanos Henrys: “high earning, not rich yet” (“elevados vencimentos, mas que ainda não são ricos”), que ganham entre 100.000 e 249.000 dólares por ano. Danziger estima que cerca de 24,2 milhões de agregados familiares são Henrys.

Para conquistar estes compradores, as marcas estão a expandir-se para além de Nova Iorque, que responde por um terço das vendas de luxo dos EUA, e das duas principais cidades de Los Angeles e Miami.

A Hermès abriu este ano lojas em Greenwich, Connecticut – uma zona popular entre os profissionais da área financeira e as suas famílias – e nos próximos dois anos planeia expandir em cidades como Los Angeles, Miami, Houston, Dallas e Boston. As marcas da Kering, que incluem a Balenciaga, Gucci e Stella McCartney, estão a planear entrar em Dallas, Atlanta, Chicago, Miami, Orlando e Filadélfia. «Os EUA são um país emergente no que se refere ao luxo», sublinha Jean-Marc Bellaiche, associado sénior no Boston Consulting Group

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