Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Apesar da produção de vestuário nos EUA ser mais cara do que em muitos dos destinos privilegiados para sourcing, parece que as diferenças estão a esbater-se face à escalada dos preços nesses países. Mas neste processo de revitalização do “made in America”, a Maker's Row está a ter um papel-chave. 

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Roupa “made in America” - Parte 1

Quando Roberto Torres e os seus sócios fundaram, em 2008, a empresa de vestuário Black & Denim, sediada na Flórida, estavam longe de imaginar o longo tempo necessário para transformar o “made in America” em realidade. «Passamos os primeiros três anos a tentar encontrar fornecedores nos EUA», revela Roberto Torres.

O processo da Black & Denim para aprovisionar-se “em casa” incluiu imensas viagens e Torres passou semanas a visitar fábricas na Chinatown de Nova Iorque, em Los Angeles e em El Paso no Texas, à procura de um fabricante para responder às necessidades de um designer de moda masculina de Tampa.

Depois de finalmente granjear alguns fabricantes, Torres e os sócios terminaram o seu plano de negócios. A primeira coleção masculina da Black & Denim foi lançada no outono de 2010. Em 2012, as receitas foram de 100 mil dólares.

Por cada pequeno designer existente nos EUA, há o potencial para colocar pessoas a trabalhar em muitas outras pequenas e médias empresas. A Black & Denim lida diariamente com cerca de 10 fornecedores, incluindo de denim, algodão, couro, acabamentos, bordados, confeção e expedição. «Como empresa, estamos a afetar outras 10 empresas. Produzir nos EUA é, desta forma, significativo», afirma Torres.

E manter a produção nos EUA não é apenas uma boa jogada de marketing. «Ter aqui o controlo da qualidade é fundamental», considera Torres. «Isso permite-nos reagir melhor ao mercado. Permite-nos reagir mais rapidamente ao mercado. Permite-nos catapultar ou iniciar tendências que outras pessoas possam seguir. Não é apenas um benefício, é a forma como fazemos o negócio», explica.

Mesmo assim, quando a decisão foi tomada para ramificar a oferta para a moda feminina, houve a desagradável perceção de que novos fornecedores teriam que ser procurados. Então Torres encontrou a Maker's Row, um serviço de listagem de fabricantes de vestuário dos EUA. Sendo o único sócio que trabalha em tempo integral na empresa, monitoriza cuidadosamente «tudo que tenha a ver com moda e tecnologia». Três meses depois de encontrar a Maker's Row, a sua procura por fornecedores foi concluída. Torres diz que a extensa lista de empresas presentes na Maker's Row não só tornou mais fácil encontrar fabricantes, como também permitiu-lhe negociar melhores contratos.

Hoje em dia, uma nova geração de empresas está a ajudar os empresários americanos a capitalizar com a revolução industrial das pequenas séries. Na sede da Maker's Row, os fundadores do website, Matthew Burnett e Tanya Menendez, estão determinados em reunir os designers e os fabricantes que possam ajudá-los a transformar as suas ideias em realidades lucrativas. Em suma, querem que o “made in America” entre outra vez na moda.

Apesar do MakersRow.com ter sido lançado apenas em novembro de 2012, o website parece estar no caminho certo para se tornar no Match.com da produção americana.

A primeira parceria de Burnett com Menendez (então um empregado da Goldman Sachs a trabalhar em projetos de automação) ocorreu no final de 2010 para construir a Brooklyn Bakery, uma empresa de artigos de couro de fabrico americano.

Anteriormente, Burnett tentou a sua sorte com o fabrico no exterior, através da sua primeira experiência empresarial, uma empresa de relógios chamada SteelCake. Ele recebeu um interesse significativo por parte das lojas, e celebridades como Kanye West usavam os relógios. Mas a sua dependência em fábricas no exterior afundou o negócio, conforme vamos revela a segunda parte deste artigo.

Parte 2

Para responder à nova realidade de aprovisionamento dentro de portas, o Maker's Row revela-se a plataforma ideal. A Black & Denim é um dos casos de sucesso sustentado nesta estratégia de privilegiar o “made in America”, o que não teria sido possível sem o website.

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Roupa “made in America” - Parte 2


Na génese da Maker's Row, o website que está a dinamizar o “made in America”, encontra-se uma má experiência de um dos sócios na importação de produtos do exterior (ver Roupa “made in America” - Parte 1).

Quando a sua encomenda de 10.000 relógios chegou a Nova Iorque proveniente da China, depois de um atraso de um mês na alfândega no Alasca, Burnett descobriu que um erro de fabrico tinha arruinado 2.000 relógios. «Com fornecedores no exterior, quando alguém estraga uma encomenda, qual é o nosso poder? Eu estive a implorar para corrigirem os erros [sem sucesso]», conta.

Para os primeiros produtos da Brooklyn Bakery (pulseiras) Burnett passou horas a vasculhar nas Páginas Amarelas, a fazer pesquisas on-line e chamadas telefónicas para encontrar as matérias-primas, os fabricantes e os fornecedores que precisava. Finalmente, comprou o couro em Queens e escolheu uma empresa de Manhattan para fazer a montagem. «Realmente fiz amizade com todos os fabricantes que estavam a trabalhar comigo», afirma.

Então Burnett decidiu acrescentar bolsas à oferta da empresa, mas o seu fornecedor não fazia bolsas. Menendez sugeriu que, em vez de se concentrar em produtos de couro, eles poderiam construir uma plataforma para resolver o constante problema de aprovisionamento. Então colocaram a Brooklyn Bakery em suspenso – «não se pode resolver a fabricação nos Estados Unidos para as pequenas empresas em regime de tempo parcial», considera Burnett – e inscreveram-se no 2012 Brooklyn Beta Summer Camp para se concentrarem a tempo integral na construção do que se tornou a Maker's Row. Foi também nessa ocasião que encontraram o terceiro cofundador, Scott Weiner.

A plataforma Maker's Row divide o processo de fabrico em seis etapas básicas: conceção, modelagem, materiais, produção de amostras, ferramentas e produção. A partir daí, o website fornece um resumo detalhado sobre os fabricantes, incluindo a sua história, capacidades, amostras e informações de contato, bem como o tipo de clientes que está a procurar – estudante, startup, empresa de pequena dimensão ou grande marca. A chave, segundo Menendez, é a padronização dos perfis das empresas, «para que os empresários possam rapidamente e eficientemente procurar diferentes perfis [fábricas] e ver qual será a melhor opção».

Os designers podem procurar tudo de graça, desde lojas que ajudam a levá-los da ideia ao mercado até fabricantes especializados que podem produzir etiquetas de marca personalizadas ou realizar o corte a laser.

O website foi lançado com foco no sector de vestuário. «Queríamos abordar o vestuário no início porque as barreiras à entrada eram tão baixas [para os empresários] ao contrário de alguns dos outros setores como eletrónica ou design de interiores», justifica Burnett. «Pensámos que, se formos capazes de encontrar uma solução para o sector de vestuário, então saberemos lidar com todas as outras indústrias que queiram entrar», acrescenta.

Quando a equipa do Maker's Row começou a chamar os fabricantes para inscreve-los por 50 a 200 dólares por mês, «a resposta foi quase instantânea», indca Burnett. Em abril deste ano, o website listou mais de 1.400 fabricantes. E graças a futuras parcerias com corporações industriais e feiras, Menendez prevê que terão 60 mil fabricantes no website até ao final de 2013.

Burnett sorri ao falar sobre o efeito que a Maker's Row teve em designers e fabricantes, salientando o desejo de apoiar as empresas e mantê-las a trabalhar. «Ficamos muito felizes ao ver que temos sido capazes de ter um impacto tão positivo em tão pouco tempo», afirma o responsável. «E estamos apenas no princípio», sublinha.
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