Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A moda plus size, tradicionalmente negligenciada pela indústria do vestuário, desponta como boa oportunidade para empreendedores criativos e atentos.


Pessoas com excesso de peso já são 52% da população adulta do Brasil, segundo pesquisa recente divulgada pelo Ministério da Saúde. Há nove anos, eram 43%. Boa parte desse público ainda encontra poucas opções nas lojas que não sejam do estilo “tia­-avó” ou “tiozinho”.


A demanda por manequins de tamanho maior teve um boom internacional a partir de 2008. No Brasil, o mercado começou a amadurecer em 2011 e vem abrindo espaços em nichos que vão da alta costura às roupas jovens e peças íntimas sensuais.


“Não há como abordar o assunto só do ponto de vista dos negócios, sem falar em fatores comportamentais e sociais”, pondera a jornalista e empresária Renata Poskus, uma das pioneiras da tendência no país. “Se uma mulher gorda não tem a roupa adequada para ir a uma entrevista de trabalho, por exemplo, é reprovada.”


Ativistas da causa defendem a evolução no relacionamento dos fabricantes e lojistas com este público, a começar pela linguagem. O eufemismo “tamanhos especiais” e diminutivos infantilizantes como “gordinha” e “fofinha” não são bem vistos. “A mulher bem resolvida se identifica como ‘mulher gorda’ e prefere o termo ‘plus size'”, diz.
Renata é autora do blog Mulherão, a princípio criado como passatempo para pesquisar moda como ferramenta de resgate da autoestima. Em julho de 2009, ela decidiu fazer um ensaio fotográfico com as leitoras.


Sucesso instantâneo. “Em um dia, ganhei mais que num mês de trabalho na agência
de comunicação onde eu trabalhava”, conta. A boa acolhida a levou a criar em
São Paulo o Fashion Weekend Plus Size, hoje o principal evento de moda GG
do Brasil, onde, duas vezes por ano, fabricantes e distribuidores estreitam o
contato com clientes. A empresária também atua no comércio eletrônico com a Loja Mulherão e assina coleções para grifes como a indústria de lingeries Vislumbre.
“Fazemos uma moda sensual, sem partir para a apelação vulgar”, diz Cassiana Dallross, sócia da Vislumbre, que tem 70% da produção voltada
para moda plus size. O negócio nasceu em 1999 em Guaporé (RS), em um porão na casa do irmão de sua sócia Rejane Dallagnol. No início, ambas vendiam os produtos para amigas e conhecidas.


Hoje elas têm 50 colaboradores, trabalham em um espaço cinco vezes maior
e fornecem para lojas de diversos Estados. Em 2014 a Vislumbre cresceu 12%
na comparação com o ano anterior. Neste ano, a expectativa é atravessar a crise com equilíbrio para voltar a crescer em 2016: “Pretendemos exportar
para a Colômbia”, diz.


O projeto de conclusão de curso da estudante de moda Maria Cristina Sêneda deu origem à Xica Vaidosa, inaugurada há três anos na Vila Madalena, São Paulo, com foco em moda casual. “Mostramos que é possível, sim, usar estampas e modelagens antes permitidas apenas para os tamanhos menores”, diz. Entre 2013 e 2014, a empresa cresceu mais de 100%, consolidando­-se via
mídias sociais, e-­commerce e parceria com lojas multimarcas. Para 2015, a meta conservadora é crescer 20%. “Planejamos abrir uma franquia e expandir as vendas para os EUA e o Mercosul”, conta.


Um exemplo de empresa tradicional que se reinventou graças aos tamanhos grandes é o Grupo H. Fontana, criado em 1956 no Rio Grande do Sul. De início no atacado de armarinho, o empreendimento passou a fabricar uniformes, camisas masculinas e moda jovem. Desde 2004, sua marca YPS é voltada para o segmento plus size. “Começamos com uma pequena coleção de
12 modelos só de jeans”, conta o diretor-­geral Paulo Fontana. “Fabricamos blusas, calças e casacos, com mais de cem modelos por coleção”.
A YPS responde por 40% dos R$ 10 milhões de faturamento anual do grupo.
Em 2015, a expectativa é aumentar em 10% o número de peças vendidas.
No universo da alta costura para tamanhos grandes, uma referência é o
paulistano Arthur Caliman. Seus vestidos de festa custam em média R$ 2 mil
e são objeto de desejo de quem aprecia roupas finas. Com uma equipe de 80 pessoas, ele atende principalmente a clientela de manequins 48 a 58.

Valor Econômico – SP

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É melhor ser plus. Adeus apelidos e adjetivos desajeitados, que soam quase como um golpe de misericórdia: fofinha, gordinho, fofucha, redondinho,..Vai por mim, é melhor ser plus. Nada mais de ter que usar uma etiqueta extra large. GG então parece que você ficou de repente com o dobro do tamanho. Fala sério, que pessoa de bem com a vida, pode gostar de uma normativa dessas? Sobretudo no português, o código das etiquetas nunca acertou com o eufemismo. Além disso, a tentativa de agrupar por padrões desde o advento do prêt-à-porter, nasceu para uma sociedade formatada em padrões de comportamento que não representam mais o atual código da moda. Do mesmo modo em que a questão do gênero está sendo revista para atender aos movimentos sociais, a classificação das etiquetas também precisa de uma reciclagem, de uma inclusão social. Nesse sentido,o plus não deve ser usado apenas para os "muito acima do peso". Sugiro que se aproveite o conceito, transformando-o em um thinking, já que a moda é design; em um open source, já que o design quer mais moda. 

Aproveitando a retórica, sugiro então que pensemos. Obviamente que não proponho inserir o símbolo A para anões ou anoréxicos, R para raquíticos ou reprimidos, O para obesos ou oprimidos, G para gordos ou gays, H para homos ou héteros ou M para modelos ou moderninhos. A síntese é mais simples: é um plus comum de vários gêneros. Vejamos:
Que tal Pplus para P adulto de alta estatura e baixo peso?
Que tal pPlus para P adulto de baixa estatura e alto peso?
Me parece muito simples adotar uma grafismo pP, Pp, Mp ou pM, pG ou Gp., onde o plus é apenas um argumento do diferencial, nesta tão difícil uniformização dos costumes.
Bem, fica aqui a minha contribuição, inspirada sempre na natureza, que de tão sábia, quando é plus, é rainha. Abraços.

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