Roupas terapêuticas que aliviam dores

[Romildo de Paula Leite]

Vestimentas que podem auxiliar, de forma paliativa, contra dores musculares e até mesmo a favor de tratamentos anti-celulite, pós-operatórios, dentre outros

A indústria têxtil cresce no País e suas tecnologias surpreendem cada dia mais. Hoje, já é possível encontrar no Brasil roupas que prometem auxiliar na redução de dores musculares e até mesmo na estética corporal, como no caso das bermudas que reduzem a aparência da celulite. As bandagens adesivas também são muito utilizadas, tanto para o público no geral quanto para os atletas. Além disso, as roupas esportivas estão cada vez mais adaptadas para suas modalidades, mais leves, e com o intuito de auxiliar o esportista no seu desempenho durante as provas.

O ortopedista e traumatologista Rodolfo Rovagnol Cambota, ressalta que atualmente há uma demanda para desenvolvimento de novos produtos da indústria têxtil para a confecção de roupas com objetivo terapêutico. Mas o especialista alerta quanto às pesquisas relacionadas a esse mercado, caso queira adquirir tais produtos, observe a sua real eficácia, para não comprar gato por lebre.

“Mesmo com a abundante oferta de produtos no mercado, são necessárias pesquisas independentes que comprovem a eficácia desta nova tecnologia. Há roupas que sabidamente auxiliam na melhora postural e outras estão sendo utilizadas para controle de problemas dermatológicos”, afirma Thiago. Ele alerta que mesmo com toda eficiência desses produtos, jamais deve substituir o tratamento convencional, ir ao médico e avaliar a real proporção das dores, caso seja esse o caso, ainda é o ideal.

A tecnologia 

das roupas

O site da Invel, empresa brasileira que produz roupas terapêuticas, apresenta produtos que garantem melhorar dores crônicas, musculares e lombares (lombalgias) e ainda aliviar os incômodos durante o inverno. As peças são utilizadas como tratamentos paliativos, que unem tecnologia em saúde nas vestimentas. São camisetas, luvas, meias e palmilhas. A eficácia das roupas segundo o site advém da incorporação da Biocerâmica® MIG3®, tecnologia exclusiva que melhora a microcirculação sanguínea no local em contato com a roupa e ainda auxilia na remoção de substâncias que causam dor.

Tais roupas são dotadas de Biocerâmica® MIG3®, que se trata de um composto mineral ativo que age em contato com o calor do corpo. Conforme divulgação, a empresa explica que essa fórmula é exclusiva, patenteada e inclui minerais como óxidos de magnésio, alumínio, silício e elementos cerâmicos, promovendo a bioestimulação que produz óxido nítrico (NO)(4). O óxido estimula a vasodilatação e, portanto, melhora da microcirculação sanguínea local, alivia dores e previne desconfortos musculares. A tecnologia aplicada ao tecido externamente irradia em ondas infravermelhas de três a 14,8 µm, o que segundo a empresa é o adequado para que haja resultados.

Ideal para atletas

O mercado nacional ainda é incipiente, mas já oferece produtos diversos que prometem desde a redução de dores musculares até benefícios estéticos, explica Rodolfo. No esporte o desenvolvimento de roupas especiais não é algo tão novo. O médico ressalta que a busca por ganho de desempenho fomentou a elaboração de roupas mais adaptadas à necessidade da modalidade esportiva. “Nas Olimpíadas de Pequim em 2008, por exemplo, houve uma grande batalha entre fabricantes de maiôs usados por nadadores. Em 2009 a Federação Internacional de Natação (Fina) baniu o uso destes produtos considerando-os como doping tecnológico”, ressalta.

Como e quando aplicar a kinesio taping

Diferente das roupas tecnológicas, a kinesio taping é uma técnica de aplicação de bandagem na pele que promove estímulos sensoriais e mecânicos. Rodolfo explica que a comunicação dos receptores superficiais com os tecidos profundos auxiliam na prevenção, tratamento e reabilitação de lesões. Pode ser usada por atletas e também pelo público em geral.

O médico ainda afirma que a técnica é mais importante do que o produto. A Kinesioterapia deve ser realizada por profissional habilitado e com produtos adequados. “Não recomenda-se o uso deste tipo de terapia sem a orientação de um profissional”, afirma. Tais bandagens terapêuticas devem ser aplicadas somente por profissionais devidamente habilitados, em geral, fisioterapeutas.

Atualmente no Brasil existem quatro instrutores credenciados internacionalmente pelo método kinesio taping, um deles é o goiano Thiago Vilela Lemos, fisioterapeuta, mestre em fisioterapia, doutorando em tecnologia da saúde na Universidade de Brasília (UnB) e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Thiago ressalta que Goiás é um dos Estados brasileiros com maior número de profissionais especializados em kinesio taping. “Considero importante que o paciente procure um profissional que saiba realmente aplicar a técnica, apesar de não haver muitos efeitos colaterais caso utilizada de maneira errônea”, explica.

O fisioterapeuta relata que quando aplicada por alguém despreparado a bandagem usada pode causar lesões de pele, apesar de haver poucos registros desse tipo de reação. “O pior que pode acontecer é não haver resultados quando há utilização incorreta. O profissional tem que reconhecer quando e qual tecido, tendão, ligamento precisam da técnica, saber avaliar bem o quadro para dar um diagnóstico e haver bons resultados”, afirma Thiago. Ele explica que tempos atrás as fitas utilizadas na técnica estavam sendo utilizadas banalmente, o que não surte nenhum efeito positivo. “Há quem compre e aplique apenas na pele, mas existe todo um raciocínio e estudos por trás desse tratamento, não é tão simples. São sete aplicações diferentes, além da lesão, cada uma é aplicada de uma maneira”, esclarece.

Custo-benefício

O valor para aplicação dessas bandagens pode variar, Thiago explica que atualmente a cobrança é feita por sessão de terapia, mas cada profissional faz seu preço. “As fitas tem um valor elevado é o que pode onerar a sessão, no entanto elas são usadas em pouca quantidade, uma fita fica de dois a três dias na pele mantendo a estimulação no local”, explica. O fisioterapeuta esclarece que essa técnica é como um estímulo sensorial de uma sessão convencional feita no paciente, no entanto tem o benefício de estar na pele agindo o tempo em que permanecer no paciente, até 78 horas seguidas, o que é uma evolução conforme o especialista.

Dúvida

Não confunda os analgésicos tópicos com a kinesio taping, pois são tratamentos distintos. Além dessa bandagem, existe a atlética, usada muito pelo atacante da seleção brasileira Neymar Jr. para dores no tornozelo. “As outras bandagens que já existem no mercando, além da kinesio, têm objetivos diferentes, mais relacionados à mecânica e outros”, ressalta. Thiago cita que outra diferença importante quanto ao material no qual ele estuda, é em relação ao placebo, algumas pesquisas já foram feitas mais ainda não há evidências completamente fundamentadas quanto aos efeitos da kinesio. “Hoje ministro aulas na UEG e há grupos de pesquisa sobre essa tecnologia, mas existem fortes evidências da eficácia do método”, afirma.

http://www.dm.com.br/texto/181273