Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Região lança moda desde os tempos do Império.

A turma fashion de São Cristóvão. Da esquerda para a direita Marcella Mendes (Foxton), Rodrigo Ribeiro (Foxton), Rose Dahis (Enjoy), Marcello Bastos (Farm), Jayme Nigri (Reserva), André Carvalhal (Ahlma), Mariana Cruz (Sacada e Oh,Boy!), Roberta Ribeiro Fuser (Maria Filó), Giulia Nasseh (Armadillo), Renata Simões (Sacada e Oh,Boy!), Mary Zaide e Fernando Sigal (Reserva) - Roberto Moreyra/ O Globo

Segunda-feira, comecinho da noite, o Vasco da Gama teria um jogo decisivo na Copa do Brasil, em São Januário. Pela rota que faz todo dia para sair de São Cristóvão, onde instalou a sede de sua marca homônima, em 1981, a estilista Mary Zaide sabia que seria impossível fugir do tumulto nas proximidades do estádio. Resolveu encarar a situação com naturalidade, coisa de quem circula pela região há décadas. Com galpões grandiosos e preços amigáveis, Mary não foi a única atraída para o bairro: Farm, Foxton, Reserva, Enjoy, Maria Filó, Armadillo, Oh,Boy!, Sacada e tantas outras dominaram o espaço, que foi transformado praticamente num distrito da moda.

— São Cristóvão sempre esteve na vanguarda, ditando as tendências desde os tempos do Império. A marquesa de Santos, por exemplo, fixou residência (que abrigou a primeira edição de 2018 do Circuito Moda Carioca e será o Museu da Moda Brasileira) no bairro. É bem curioso termos todas essas grifes aqui — comenta Olav Schrader, presidente da Associação de Moradores de São Cristóvão, que mora numa casa de 1880.

A Quinta da Boa Vista - Marcos Ramos/ O Globo

Não é mera coincidência que “São Cri-Cri”, para os íntimos, tenha sido abraçado por potências têxteis.

— É uma região industrial, muito bem localizada no mapa. É colada ao Centro, perto da Zona Sul, não é tão complicada para quem vem da Barra — aponta Mary Zaide, que viu o bairro se transformar ao longo do tempo. — Enfim volta a ter vida, com restaurantes bacanas, salões de beleza e todo o peso da história que carrega.

Sócio da Reserva, Jayme Nigri acha curiosa a mistura de estilos encontrada no bairro:

— É um lugar cheio de oficinas e borracharias, é superinteressante ver os mecânicos e as meninas do design na rua, dividindo a mesma calçada. É um mix bom.

Destaques de São Critóvão: A quadra da Paraíso do Tuiuti fica no bairro - Ewerton Pereira/ Divulgação

Há 25 anos por lá, Rose Dahis, da Enjoy, notou uma mudança no comportamento no local:

— No início, minhas funcionárias tinham vergonha e receio de chegar ao barzinho da esquina para comprar algo. Agora, não! Todo mundo fica desfilando com as roupas da temporada, parece uma fashion week no meio daquela poeirada e das ruas quebradas.

Restaurantes são ponto de encontro

Há dez anos, a Farm trocou Copacabana, onde tinha um espaço de 1.500 m2, por um terreno em São Cristóvão, de 7 mil m2: a ideia era comportar o crescimento da marca.

— Pretendemos ficar para sempre onde estamos — avisa Marcello Bastos, um dos sócios da Farm.

A arquiteta Raisa Barros tem uma teoria para explicar o que acontece na região:

— O que consagra São Cristóvão como o bairro da moda é a implantação não só das confecções, mas também dos setores de criação e de administração das marcas. Existem muitas pesquisas que avaliam os benefícios existentes nesses agrupamentos, como a facilita de troca de informações, o networking e, sobretudo, o estímulo do processo de inovação.

A Feira de São Cristóvão está no roteiro dos fashionistas - Pedro Teixeira / Agência O Globo

Os encontros casuais da turma geralmente ocorrem nos restaurantes locais, como o Adegão Português e o Zas Tras.

— Se estiver devendo alguém , é bom nem almoçar em São Cristóvão — diverte-se Marcella Mendes, que toca a Foxton, parte do Grupo Soma (que ainda inclui as grifes Animale, Fábula, FYI, Cris Barros, A.Brand e Farm), com o namorado Rodrigo Ribeiro.

Se a localização privilegiada é apontada como um fator positivo em “São Cri-Cri”, o mesmo não se pode dizer da infraestrutura. Segundo Mary Zaide, há várias obras iniciadas pelo poder público que estão inacabadas:

— São projetos importantes que ficaram no meio do caminho. Outro ponto importantíssimo é o pouco apreço pelas belíssimas construções de época que, da noite para o dia, são jogadas ao chão. O nosso patrimônio cultural está se perdendo.

O restaurante a Casa do Sardo é ponto de encontro da turma da moda - Divulgação

Aliás, o busto de José Bonifácio foi furtado da Quinta da Boa Vista recentemente, o que é bem simbólico para o presidente da associação de moradores.

— Estamos nessa batalha para preservar o legado da cidade, mas, para os políticos, São Cristóvão é visto apenas como um pedaço de chão estratégico, não enxergam seu valor transcendental — reclama Olav Schrader.

Gladys Vitorato, uma das proprietárias da Casa do Sardo, restaurante que virou point dos fashionistas, concorda que não existe empenho da parte do governo em melhorar e conservar a região, mas se diz uma apaixonada por seu bairro:

— Não perdemos aquela sensação de vizinhança, as pessoas se conhecem , batem papo, se juntam, assim como era o Rio de antigamente.

POR GILBERTO JÚNIOR

https://oglobo.globo.com/ela/moda/sao-cristovao-o-bairro-mais-fashi...

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  Há dez anos, a Farm trocou Copacabana, onde tinha um espaço de 1.500 m2, por um terreno em São Cristóvão, de 7 mil m2: a ideia era comportar o crescimento da marca.

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