Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Entendendo e conquistando pessoas para transformá-las em clientes.


“Ninguém compra”, “as vendas estão mais difíceis”, “o que estou fazendo errado?”. Essas são frases que ouvi inúmeras vezes recentemente enquanto visitava lojas em Paris e Londres. Sacolas vazias. Falta de compreensão. Diálogos tortos. Pessoas (clientes e lojistas) insatisfeitos. What’s going on?  A constante mudança do indivíduo altera a forma do relacionamento e consumo de marcas. O efêmero e o frio estão sendo categorizados como desnecessários. Eles querem sentido e qualidade e fazem reflexão antes de passar o cartão. Penso nos conceitos do amor e do mundo líquido de Bauman… estaríamos vivendo num momento do varejo líquido?!

Na moda as temporadas vem e vão, as cinturas sobem e descem enquanto na vida e nos negócios vivemos ou perdemos experiências e oportunidades. O que você está vivendo, o que você está vendendo? Isso faz sentido?

Quilos e quilos de quinquilharias e historinhas que custam caro demais estampando páginas e mais páginas para nos aguçar a ser modelo, rei, príncipe, celebridade e seja lá quem mais. Temos os canais pra sermos quem quisermos e esse é um grande trunfo da moda que nos ajuda ao menos superficialmente na caracterização. “Você não sente, não vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo… o que há algum tempo era novo, jovem hoje é antigo e precisamos todos rejuvenescer”. 
Príncipes e princesas querem ser heróis e heroínas.  Era bacana fazer carão, agora é muito mais cool fazer carinho <3.

Vivemos em plena renascença de juvenialidades. Quem sou eu ? Pra onde vou ? Isso realmente importa ? Ao meu ver esse tipo questionamento filosófico está muito mais em voga no consciente coletivo do que: com que roupa eu vou ? Meu look está bom ? Isso combina com aquilo ? 
Parece que estamos todos mudando nossas perspectivas e despertamos o interesse pela essência.

Há pouco tempo pouquíssimas pessoas falavam e/ou praticavam meditação, hoje quase todo mundo faz ou quer praticar. Há pouco tempo atrás as pessoas estavam desesperadas por consultoras de imagem e estilo, hoje todas querem life coach. Há pouco tempo atrás queríamos vestir uma montanha de looks e tendências que às vezes não faziam menor nexo. Estávamos tensos demais como equilibristas em fio de arame e políticos pós delação premiada. Sem noção! Respira. Inspira. Expira.

Muitas pessoas me perguntam sobre as lojas, varejo e questionam o que as marcas estão fazendo para sobreviver. O primeiro passo é olhar para si mesmo, entender a base, estabelecer metas, ações e processos que realmente façam diferença. O fato é que não existe fórmula mágica para aplicação imediata, mas aqui seguem algumas considerações. O que uma marca pode fazer para ser relevante e não se tornar carta fora do baralho hoje?

– Promover experiências holísticas -> holowaves, física quântica, astrologia, xamanismo e etc. Tudo o que é holístico e relacionado ao entendimento dos fenômenos da vida está em voga. É um interesse que pode ser canal de diálogo, uma forma de engajamento com os clientes. Lojas ofertando sessões de tarô? Marcas oferecendo yoga gratuita para o público? Sim, isso está rolando. A Lululemon é dessas. O Shopping Leblon também parece estar atento e promoveu esse mês uma palestra relacionando astrologia com moda. 
O ato de criar experiências ensinar está diretamente relacionado a despertar emoções. Se essa pegada holística não tem nada a ver com a sua marca, pense/crie outras alternativas. Viram as aulas de yoga no meio da Times Square que rolaram no último dia 21? Esse ano a American Eagle é uma das realizadoras e apoiadoras do chamado Solstice in Times Square.

Yoga por Lululemon em NY

– Ser (um pouco) louco -> proponha e discuta sobre uma viagem sensorial ou faça o óbvio de maneira inusitada, de modo que as pessoas interpretem isso como divertido e “meio louco”. Já parou para pensar no sucesso da SoulCycle ?Vou ainda bem mais longe e pergunto: Já pensou que em breve vamos poder viajar para Marte, fazendo uma escala estratégica na Lua? Pois é, parece maluquice, mas isso tudo pode se tornar possível mais rápido do que podemos imaginar. Está acontecendo uma corrida espacial com descobertas fora de órbita. A Google planeja colonizar a Lua em menos de vinte anos, uma série de robôs, astronautas, nerds e business people estão pensando, descobrindo e criando um mundo fora da Terra. Não é ficção científica é pura realidade. A Chanel soltou foguete em um desfile desse ano. E você pensando em só falar como combinar os seus produtinhos? Não viaje na maionese. Faça/ofereça viagens interplanetárias.

Foguete no desfile da Chanel

– Give it back -> não pense só no seu lucro financeiro. Seja ousado e faça algo transformador. As causas estão se tornando cada vez mais presentes nas empresas. O modelo do buy one give you da Tom’s inspira muita gente. Reserva, HEVP, Livo são algumas marcas brasileiras que colaboram ativamente com a sociedade. Isso é maravilhoso. Apoiar uma causa ambiental ou social é grande uma tendência não só no varejo, mas em todos os cantos. A sustentabilidade está em pauta em sua forma mais ampla e real já que a situação dos recursos naturais e humanos não está nem tranquila nem favorável. Tudo escasso? Chocante é pensar que a base está comprometida e o trágico é o trivial, o essencial. Equilibrar o lucro com um propósito de negócio que impacta positivamente pessoas, locais e contribui por uma sociedade e meio ambiente melhor é o mote das empresas que possuem o selo B. Esse tipo de certificação por exemplo ganha cada vez mais força e reconhecimento. Ainda bem! Importante: ser verdade, ser relevante e importante para você. Fazer só por fazer não tem amor nem sentido – e essas são palavras/causas-chave para seus clientes.

Toms Shoes

– Fazer parcerias -> Pense em colaboração e crie fórmulas 1+1=3. Vale expandir a categoria de produtos para alcançar melhores números e também interagir com outros públicos de novas formas através de diferentes canais. Já falei sobre a L’Eclaireur, multimarca francesa que criou um novo conceito associado a gastronomia. Imagine uma concept store de roupas e acessórios vendendo cozinha planejada e comercializando aulas de culinária. Voilà. 
As Pop Ups estão aparecendo por todos os lados. Apesar do marketing ser o principal mote  desse tipo de ação, muitas marcas se surpreendem pelo insucesso comercial. Uma andorinha só e um monte produto em praça não fazem verão. Vai entrar nessa onda? Leia os ultimo três pontos. Pensando na sinergia dos negócios, o próprio Instagram criou aqui em Paris o salão dos insta-empreendedores.  Foi uma espécie de feira-lojão efêmero com 50 marcas francesas que mostraram como é possível fazer negócios usando as redes sociais como ferramenta não só de marketing, como de operação. Teve palestras, experiências e juntas impactaram muito mais. Sharing is caring…and more powerful!

Salão Insta em Paris

– Fazer mais que atender -> diálogo sincero, olho no olho são como l’or cache (ouro escondido). O capital humano é chave para sucesso e conversão. O serviço precisa ser personalizado e especial. Surpreenda todos transformando os seus vendedores em embaixadores da sua marca e concierge de seus clientes. Lojas e varejo em geral devem ser encarados como hospitalidade (tipo um hotel ou restaurante).

Marketing Digital

– Ser inteligente e eficiente na internet -> Eu não ia escrever isso aqui, mas o óbvio precisa ser dito. Hoje em dia é praticamente mandatório estar bem no virtual. Fundamental: otimizar e-commerce e utilizar as técnicas de SEO, estar presente nas redes sociais e dialogar com seguidores, fãs ou whatever, conquistar e se relacionar com bloggers, vloggers, formadores de opinião e afins. Ter um site, Ipad na loja e ficar só no #regram é quase como estar off. Conecte-se!

por Luis Felipe Di Mare

http://onegociodovarejo.com.br/sacolas-vazias-e-coracoes-cheios/

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