Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Um novo estudo conclui que, pela primeira vez em quase uma década, o sector de luxo está a sofrer uma contração na criação de valor. A previsão de crescimento situa-se entre 2% e 4% ao ano, de 2025 a 2027.

[©Freepik-Senivpetro]

O estudo “The State of Fashion: Luxury”, realizado pela McKinsey & Company e a BoF Insights, a consultora interna do The Business of Fashion, revela que o sector de luxo está a sofrer, pela primeira vez desde 2016 (excluindo 2020), uma diminuição na criação de valor.

As consultoras destacam que, nos últimos cinco anos, «a indústria de luxo viveu um período de criação de valor excecional». Entre 2019 e 2023, a combinação da forte procura de bens de luxo pessoais, como por exemplo bolsas e relógios, e a vasta oferta disponível, permitiu que o sector atingisse uma taxa de crescimento anual composta de 5% (sendo que, entre 2021 e 2023, foi 9% ao ano), e que as marcas de luxo atingissem recordes de rentabilidade.

O documento agora apresentado resulta de pesquisa de previsões de mercado e de inquéritos junto dos clientes, incluindo mais de 250 entrevistas realizadas com consumidores de luxo em seis mercados (França, China, Japão, Coreia do Sul, EUA e Emirados Árabes Unidos) e a análise de cerca de 10 mil publicações e conteúdos nas redes sociais criados por clientes do luxo.

O ritmo de crescimento em todo o sector foi rápido, aponta o estudo, que acrescenta que o lucro económico do segmento de luxo quase triplicou de 2019 a 2024. Além do aumento dos preços ter sido o responsável por mais de 80% do crescimento durante este período, a indústria de luxo também beneficiou do crescimento explosivo no mercado interno chinês, que cresceu a 18% por ano entre 2019 e 2023, duplicando de tamanho.

No entanto, ao entrar em 2025, a indústria de luxo está a enfrentar um abrandamento significativo, que levanta questões sobre a eficácia a longo prazo das estratégias que impulsionaram o crescimento nos últimos cinco anos, detalham os autores.

A base de clientes de luxo está a tornar-se mais diversificada e as relações com as marcas está mais complexa do que nunca. Por isso, um dos desafios que os atores da indústria enfrentam é como cativar os clientes mais jovens, que exigem produtos contemporâneos e envolvimento digital, sem alienar os mais velhos, que valorizam a tradição, através dos produtos criados e das suas estratégias de marketing.

Ainda que estes fatores externos tenham impactado a indústria, o estudo afirma que os problemas do luxo são, em parte, autoinfligidos, tendo em conta que a célere expansão do sector nos últimos cinco anos levou a uma sobre-exposição e fragilizou o compromisso com a exclusividade, a criatividade e o artesanal.

Desta forma, as consultoras preveem que o crescimento da indústria será lento nos próximos anos, estimando que as vendas globais de produtos de luxo aumentem entre 2% e 4% ao ano, entre 2025 e 2027.

«O dinamismo dos mercados emergentes, como o Médio Oriente, a Índia e outras regiões da Ásia-Pacífico, não compensará o crescimento de apenas um dígito nos principais mercados do luxo, como a China e a Europa, embora estejamos mais otimistas em relação aos EUA, onde esperamos melhores perspetivas globais», lê-se no relatório.

Estratégias a longo prazo

O estudo define cinco diretrizes estratégicas que o sector do luxo deve adotar nos próximos anos, sendo eles redefinir a estratégia, investir na excelência dos produtos, inovar o envolvimento dos clientes, colmatar o défice de talentos e, por fim, preparar a carteira para o futuro. Ou seja, as marcas devem clarificar as prioridades a longo prazo e alinhá-las com os clientes prioritários, incluindo, por exemplo, ajustar a comunicação e o catálogo de produtos, aperfeiçoando as propostas de valor únicas que oferecem.

Quanto aos produtos, os autores sugerem que as empresas de luxo voltem a atenção para artigos emblemáticos e de alta qualidade, além de investir na estabilidade da cadeia de aprovisionamento a longo prazo através, nomeadamente, da integração vertical.

Sobre a relação com o cliente, as marcas devem oferecer experiências personalizadas, tanto online como na loja, principalmente aos clientes mais fiéis, e investir em tecnologia para compreender melhor as jornadas dos consumidores.

Relativamente aos talentos, o documento descreve a necessidade fundamental de «atrair, desenvolver e reter os melhores talentos em todas as funções críticas e não apenas nas funções criativas».

Por fim, com os olhos postos no futuro, avisa que é essencial diversificar as carteiras, expandindo das categorias tradicionais para os mercados adjacentes, como as viagens e a hotelaria, para maximizar o envolvimento dos clientes sem negligenciar a atividade principal.

«A indústria de luxo encontra-se num momento crítico. Os executivos, se liderarem com visão, criatividade e um compromisso renovado com a excelência, enquanto se concentram em investimentos a longo prazo e iniciativas plurianuais, podem garantir o sucesso e o crescimento contínuos das suas marcas. Se não fizerem estas mudanças necessárias, arriscam-se a sacrificar a relevância da marca e a quota de mercado nos próximos anos», concluem Imran Amed, fundador e CEO do The Business of Fashion, e Gemma D’Auria, líder do departamento de vestuário, moda e luxo da McKinsey & Company.

https://portugaltextil.com/sector-de-luxo-enfrenta-desaceleracao/

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