Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Sistema mostra evolução no Brasil e no mundo com novas ferramentas e integração de elos da cadeia produtiva.




(ABERTURA) Ilustração: C. J. Robinson

Enquanto as agendas ESG e 2030 se tornam mais prementes a empresas e governos em prol de um sistema ambiental e socialmente mais equilibrado e saudável, tentando fazer valer os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, a indústria da moda – e todos os elos que fazem parte dela, do campo ao consumidor final, até seu descarte –, está dando os primeiros passos em um dos pontos que podem ajudar nessa empreitada: a rastreabilidade.

Há alguns anos começamos a ouvir falar sobre a importância de um sistema que traga luz a cada etapa produtiva, mostrando onde, quando, como e quem fez, contribuindo, também, para que haja maior transparência nesse sistema. Com tantas etapas, o setor têxtil se mostra realmente desafiador: depende de investimento, tempo e, principalmente, boa vontade da cadeia de fornecedores em abraçar a ideia e compartilhar alguns de seus dados (bem como investimento em sistemas de proteção destes, de forma mais robusta), mas nem todas as empresas estão preparadas para isso. Porém, um sistema de rastreio é perfeitamente aplicável e tende a ser cada vez mais recomendado, tornando-se um ganho coletivo e mitigando condições impróprias de trabalho e materiais de origem duvidosa, por exemplo.

Segundo a consultora da Delloite no Reino Unido, Vicki Falck, a rastreabilidade não pode permanecer opcional e será fundamental para alcançar maiores resiliência e eficiência da cadeia de fornecimento da moda.

Em seu ponto de vista, as empresas que agora fazem disso uma prioridade e colaboram ativamente com os seus fornecedores e com a indústria em geral para enfrentar o desafio estarão mais bem preparadas para tranquilizar as partes interessadas, cumprir potenciais requisitos de relatórios no futuro e permanecer resilientes contra os riscos da cadeia de fornecedores.

A consultora vai além: ressalta que as empresas de moda que mantêm um diálogo contínuo com os seus fornecedores estarão mais bem equipadas para realizar uma implementação bem-sucedida. “Um bom relacionamento entre a marca e seus fornecedores deve trazer à tona as preocupações dos fornecedores e proporcionar uma plataforma para resolver quaisquer bloqueios. Com o tempo, essas resoluções podem informar uma abordagem-padrão para gerenciar preocupações comuns dos fornecedores, ajudando a gerenciá-las em grande escala.”

TECNOLOGIA EM PROL DA SUSTENTABILIDADE

Um dos meios que mais têm sido utilizados para os sistemas de rastreabilidade é a tecnologia blockchain, um sistema temporal de encadeamento de dados (blocos) que não podem ser modificados ou, caso haja alteração em alguma das informações, ela também fica registrada. Não há como escapar.

Apesar da disseminação do blockchain, existem formas diversas de rastreio, como o código de barras, QR Code, entre outras. Uma solução que vem ganhando destaque no setor têxtil, aqui no país e no exterior, é a da R-Inove, startup brasileira criada pela engenheira têxtil Micheline Maia Teixeira, que sempre atuou no setor, tendo passado por fiação, malharia e confecção. Foram 3 anos de desenvolvimento, testes, erros e acertos até a sua solução única de rastreabilidade têxtil sair do papel, um processo que não foi nada fácil, segundo Micheline.

Mas vamos contar a história do início. A ideia da engenheira têxtil começou a surgir no período em que ainda atuava em empresas do setor, e duas questões a incomodavam bastante: a falta de garantia de origem de um artigo têxtil e a falta de transparência na mão de obra nessa cadeia.

“Quando discutia essas questões com pares, ouvia que o caminho era nanotecnologia, mas eu sempre argumentava que, para o têxtil, essa tecnologia ainda é cara e muito distante do consumidor final. Vale salientar aqui que acredito que qualquer transformação de mercado em busca de um mundo mais transparente e justo na produção industrial precisa contar com a participação efetiva do cliente final. Foi dessa necessidade que surgiu a ideia da nossa solução, que deveria atender aos critérios de rastreabilidade total, com a geolocalização real produtiva com o objetivo de mitigar a mão de obra injusta (análoga à escrava), que fosse economicamente viável, mas que o consumidor interagisse”, relata.

                                                                                                                                                        Micheline Maia Teixeira, cofundadora da R-Inove. / Divulgação


Para explicar como funciona o sistema de rastreabilidade desenvolvido pela R-Inove, Micheline costuma usar uma analogia: é como se fosse um código de barras (no qual estarão todas as informações) impresso no fio que fará o lote do tecido, seja ele malha ou plano, seja cru ou tinto, mas, em vez de barras paralelas, elas são horizontais e sequenciais, invisíveis a olho nu, somente com luz UV, não alteram o tecido ou design das peças e se mantêm permanentes, ou seja, não saem nem com lavagens. Auxilia, inclusive, na circularidade, pois até em aterros sanitários a rastreabilidade do fio continua valendo.

Ela destaca que, para ter uma confiabilidade na rastreabilidade, é preciso estar no início da cadeia têxtil, e não no final, além de não poder ser um processo fácil de falsificar, como as etiquetas. Segundo Micheline, uma das grandes dificuldades para se obter a rastreabilidade completa da cadeia têxtil está na necessidade de imprimir o código de rastreio na etapa inicial, ou seja, no fio cru, antes de se tornar uma malha ou tecido, e isso significa que o código sobre o fio precisa sobreviver a todo o processamento industrial, até mesmo nas etapas de acabamento e tingimento, que são realizadas sob meio aquoso e a alta temperatura, por horas. O código também não pode interagir com os corantes desse acabamento e precisa ficar evidente, independentemente da cor do tingimento. Ao final de tudo, o código ainda precisa manter sua assertividade de leitura, para que possa ser lido por qualquer pessoa, apenas com um celular.

“Um produto que possui algo modificado geneticamente, seja ele fibra ou líquido que foi aspergido sobre o têxtil, fica invisível ao consumidor e só pode ser autenticado por meio de análises realizadas em laboratórios específicos, o que torna caro e moroso o processo de autenticação. Porém, o que considero como maior desvantagem é o fato de que modificações genéticas são associadas a grandes lotes, pois fica inviável economicamente individualizar. Com isso, uma grande produção contém o mesmo código genético, e a realidade é bem diferente no têxtil, pois muita coisa é terceirizada ou produzida por pequenas empresas. Não dá para ter transparência total quando todos estão associados ao mesmo código genético simplesmente porque todos não trabalham da mesma forma. No nosso caso, a nossa codificação consegue individualizar todas as empresas da cadeia que participaram da produção da peça têxtil, com a geolocalização real de cada etapa produtiva, com o objetivo de deixar clara a mão de obra envolvida na produção. Além disso, o próprio consumidor faz a leitura, sem necessidade de nenhuma análise laboratorial cara e demorada.”

Esse tem sido um dos trunfos da R-Inove: ter conseguido chegar a um processo ímpar, que traz transparência às etapas, e é economicamente viável de ser implantado, já que o código é colocado em cones de apenas um dos fios que farão parte da carga do tear plano ou circular, e esse mesmo código se repetirá no rapport.

Entre as empresas que já estão utilizando a solução de rastreamento da R-Inove estão a tecelagem Brand Têxtil (SP), a fiação Fiasul (PR) e as marcas Virgínia Barros (calçados biodegradáveis e feitos à mão) e Natural Cotton Color, pioneira na utilização de algodão orgânico e naturalmente colorido.

“A Brand Têxtil abriu suas portas para os testes em viscose e deu muito certo. Hoje, sua linha de viscose estampada é 100% rastreável, que pode ser acessada por meio de qualquer celular. A Fiasul, localizada em Toledo (PR), também testou nossa solução em malha de algodão e hoje a apresenta aos seus clientes como um diferencial em seus produtos de linha.

Atualmente, finalizamos testes em duas grandes empresas e iniciamos a fase de negociação. Estamos também com testes em andamento em outras três empresas, além de uma prova de conceito que deve ocorrer em uma rede hoteleira. Desse total, duas empresas são do segmento de EPIs. Infelizmente esse é um segmento de produtos-alvo de falsificadores em virtude do alto preço dos tecidos funcionais (à prova de fogo e antiarco elétrico). Buscamos dar ao trabalhador da linha de frente, como bombeiros, eletricistas, etc., ferramentas para verificar se a vestimenta que está usando vai protegê-lo adequadamente”, conta a cofundadora da R-Inove.

No caso da Natural Cotton Color, um dos primeiros cases da startup, a maior questão na época era a pirataria. Com uma moda autoral, artesanal, sustentável e com todos os cuidados em relação ao uso do algodão orgânico da Paraíba, que já nasce colorido, e à mão de obra, que conta com rendeiras do sertão paraibano, a marca de Francisca Vieira faz sucesso no mercado externo, em especial o europeu, o que atraiu olhares de falsificadores, questão que agora vem sendo tratada judicialmente.

Natural Cotton Color: o rastreio e as certificações aumentam o valor agregado e a credibilidade da marca junto ao mercado. / Divulgação
Francisca conta que as peças de sua marca com o fio rastreável eram pilotos para o projeto da R-Inove junto ao Senai CETIQT, e a novidade foi apresentada na Febratex 2022, em Blumenau (SC). Mas a implantação desse sistema de rastreabilidade ainda não pode ser aplicada às suas peças comerciais e a CEO da Natural Cotton Color elenca alguns motivos: primeiro, a empresa ainda possui uma grande quantidade de malhas e tecidos em estoque para serem usados, e o fio impresso precisa ser tramado junto, ou seja, na hora de tecer; segundo, depende de tecelagens que aceitem introduzir o fio no tear; terceiro, o custo, o qual a empresa não consegue absorver no momento, tampouco repassar aos seus consumidores. Porém, é assertiva em dizer que o rastreio e as certificações aumentam o valor agregado e a credibilidade da marca no mercado.

“Como já temos duas certificações – o que aumenta o custo final do produto – e estamos a caminho da terceira, a Global Organic Textile Standard (GOTS), o custo para fazer o rastreamento de uma tonelada de matéria-prima é praticamente equivalente ao que pagarei na GOTS, que é uma referência mundial na rastreabilidade da cadeia produtiva”, explica. Mas, no caso, ambos os sistemas de rastreabilidade (GOTS e R-Inove) possuem alguns pontos distintos de abrangência.

Em sua opinião, micro e pequenas empresas que têm se empenhado em ter toda a sua cadeia pautada em processos sustentáveis deveriam ter acesso à inovação em rastreabilidade, como no caso da R-Inove, com subsídios, como do próprio Senai ou outras entidades do setor. “As instituições brasileiras precisam cuidar da moda sustentável”, reforça.

Por falar em micro e pequenas empresas, Francisca conta uma novidade que pode dar uma forcinha nessa questão: por meio da Associação Brasileira da Indústria, Comércio, Serviços e Educação para Moda Sustentável (Abrimos) e Instituto IA (Incubação e Aceleração), dois projetos vêm sendo trabalhados. Um deles é junto à ApexBrasil, voltado exclusivamente à exportação de moda sustentável; e o outro é de adequação de produtos de moda sustentável para que possam ganhar o mercado externo, pois, como a grande maioria desses negócios é composta por MEI e ME, e os serviços terceirizados, é necessário que haja uma qualificação de mão de obra que atenda aos critérios das demandas internacionais.

“Pela primeira vez, Sebrae e ApexBrasil estão trabalhando em parceria, com suas diretorias alinhadas sob o mesmo propósito, um complementando o outro. Como o Sebrae tem foco em micro e pequenas empresas, creio que isso possa ajudar a subsidiar a rastreabilidade dos produtos.”

DESCORTINANDO PROCESSOS

Completando dois anos de lançamento, feito em 7 de outubro de 2021, Dia Mundial do Algodão, o SouABR, programa de rastreabilidade do algodão brasileiro – da semente ao consumidor final –, idealizado e promovido pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), tem galgado grandes avanços junto aos seus participantes, que, mandatoriamente, precisam ter a certificação ABR (Algodão Brasileiro Responsável), cumprindo quase duzentos itens de verificação. Vale destacar aqui que 42% de toda a produção mundial de algodão é licenciado BCI.

O objetivo é trazer maior transparência à cadeia produtiva algodoeira na moda em todas as suas etapas do processo: a origem da semente, quem plantou, quem colheu, quem beneficiou, quem fiou, quem teceu, quem tingiu, quem confeccionou, quem comprou, incentivando os consumidores a fazerem escolhas mais conscientes dos produtos que estão adquirindo, ao mesmo tempo que estimula melhores práticas ambientais, sociais, trabalhistas e econômicas a cada elo da indústria. Na verdade, a SouABR é a primeira iniciativa de rastreabilidade em larga escala na cadeia têxtil brasileira, de ponta a ponta, por meio de blockchain, algo inédito também no exterior, por mais que haja plataformas dedicadas ao setor. Uma vez registrados em blockchain, os dados são imutáveis e auditáveis.

Antes de ser oficialmente apresentado ao mercado, o programa SouABR passou por um período de cerca de um ano e meio sendo gestado. Entre as empresas que aceitaram o desafio de passar por esse laboratório estão a Reserva (com camisetas masculinas), marca do Grupo AR&Co, e as Lojas Renner (com peças de sua linha feminina).

A Reserva deu o start ao programa em 2021, com as primeiras camisetas rastreáveis, e junto dela os fornecedores: Incofios e Fio Puro (fiação); Vicunha e RenauxView (tecidos planos); Dalila Ateliê Têxtil (malharia); EGM, Lavinorte e ByCotton (confecções).

Alan Abreu, da Reserva, primeira marca a lançar peças rastreáveis pelo programa SouABR.

“No momento do lançamento do Programa SouABR, em 2021, o pioneirismo e a inovação foram fatores importantes para o posicionamento da marca em relação à rastreabilidade, além da gestão de conformidade das fazendas envolvidas no processo de cultivo do algodão, que possibilita comunicar com responsabilidade e transparência todo o trajeto percorrido pelo produto, da fazenda à prateleira da loja”, destaca Alan Abreu, especialista em Sustentabilidade da Reserva.

Assim como no início do projeto, a Reserva continua com a rastreabilidade do SouABR em suas camisetas de algodão, mas Silmara Ferraresi, diretora de comunicação institucional da Abrapa, explica que só entram no sistema de rastreabilidade as peças que usaram lotes de algodão em conformidade com o ABR, pois pode acontecer de algum fardo diferente ser misturado à fabricação do tecido. Em abril deste ano, a Reserva alcançou a marca de 100 mil camisetas rastreadas pelo SouABR.

“Digo que não é uma campanha publicitária: são peças que têm uma história própria que não se mistura com outras histórias”, pontua.

“Atualmente, ainda trabalhamos a rastreabilidade exclusivamente com as camisetas e enxergamos oportunidades para, futuramente, evoluir o mix, contemplando também camisas e calças. Tratando-se de moda, é um projeto que exige muitas “costuras” institucionais, devido aos vários elos da cadeia de valor. Enquanto companhia Arezzo&Co, temos feito um forte trabalho para que o couro utilizado nos produtos não tenha nenhuma relação com o desmatamento ou com conflitos em terras de povos originários, e, para isso, também foi iniciado em 2022 um ambicioso projeto de rastreabilidade da cadeia do couro com o uso da tecnologia blockchain. A Arezzo&Co é uma das primeiras companhias de moda no Brasil a fazer rastreabilidade do couro com essa tecnologia, o que reforça o protagonismo, o compromisso, a responsabilidade e a transparência com as práticas ESG”, reforça Alan.

Lojas Renner: ambição de, até 2030, alcançar a rastreabilidade de 100% de seus produtos feitos com algodão. / Divulgação


A Renner, outra parceira de primeira hora do SouABR, conta que em 2019 fizeram uma Proof Of Concept (PoC) de rastreabilidade digital, monitorando 15% dos pedidos realizados no período de avaliação daquele ano, o que os fez entender os ganhos e as possibilidades que tinham em mãos. Em 2022, já no projeto de rastreabilidade com a Abrapa, Renner e Youcom, lançaram as primeiras calças jeans 100% rastreáveis do país com o uso de blockchain.

“Além da parceria de rastreabilidade do algodão com a Abrapa, pretendemos incorporar todos os nossos fornecedores diretos à rastreabilidade digital nos próximos anos, bem como expandir essa tecnologia a outras matérias-primas. Ter o processo de rastreabilidade em nossas roupas mostra que é possível conciliar moda, inovação e sustentabilidade para dar maior transparência ao processo produtivo de ponta a ponta, ao mesmo tempo que nos permite engajar e influenciar positivamente fornecedores e parceiros no nosso ecossistema. Com isso, reforçamos nosso compromisso com a moda responsável e permitimos que os clientes façam suas escolhas cada vez mais conscientes”, destaca Eduardo Ferlauto, gerente-geral de Sustentabilidade das Lojas Renner.

Assim como a Reserva, a Renner pretende expandir a rastreabilidade a outras matérias-primas têxteis que utilizam em suas coleções e tem a ambição de, até 2030, alcançar a rastreabilidade de 100% de seus produtos feitos com algodão.

“O objetivo é parte do novo ciclo de compromissos públicos da companhia, que já conquistou resultados significativos na área de sustentabilidade, implementando soluções inovadoras ao desenvolvimento e geração de valor de todo seu ecossistema de moda responsável”, completa Ferlauto.

CADEIA PRODUTIVA E COLABORATIVA

C&A: Processo de implantação de rastreabilidade mais curto em virtude da integração com os fornecedores. / Divulgação


Em 2023, uma das maiores atualizações no programa de rastreabilidade SouABR foi a adesão da C&A. Silmara Ferraresi, da Abrapa, diz que para além de ser uma varejista centenária e de capilaridade global, com o aprendizado que vinham tendo desde o início do funcionamento do programa, o tempo de implantação caiu substancialmente. Enquanto as primeiras varejistas precisaram se estruturar durante dois anos, praticamente, a C&A, que aderiu ao SouABR em janeiro deste ano, estava com sua primeira coleção-cápsula de duas calças jeans femininas rastreáveis (7,8 mil peças) à venda para a campanha do Dia dos Namorados, em junho. Claro que alguns fatores ajudaram, como trabalhar com alguns fornecedores que já atuavam no programa, como a Vicunha, mas a C&A agregou novos parceiros, como a Emphasis, confecção com mais de 30 anos no mercado e especializada em jeans, localizada em Votorantim, interior de São Paulo, e já planeja novas coleções com peças rastreáveis.

Cyntia Kasai, gerente-sênior de ASG na C&A Brasil, explica que o trabalho de longa data junto à cadeia de fornecedores, fortalecendo as boas práticas socioambientais e de inovação, contribuiu para a rapidez na implantação do sistema de rastreio, que foi de aproximadamente 10 semanas, e além do algodão querem ampliar para as peças com viscose e poliéster.

“A coleção foi um grande passo em nosso compromisso de oferecer uma moda cada vez mais sustentável, responsável e com transparência”, salienta Cyntia, que revela como foram as etapas desse processo.

Primeiro, a formalização da parceria com a Sou de Algodão e ao programa SouABR; depois, processo de manufatura da coleção, com coleta de inputs de dados de manufatura na plataforma de rastreabilidade SouABR (dados de produtos, tecidos, fios, fardos de algodão, unidades de produção, entre outros); criação do layout e impressão das tags das peças (informativo do Algodão Rastreável com QR Codes que direcionam às páginas web de rastreabilidade SouABR); e, por último, a definição e execução da estratégia de comunicação (peças, e-commerce). Como desafio, ela destaca os processos de manufatura que precisaram garantir que os fios e os tecidos de algodão fossem compostos 100% algodão certificado ABR e o desenvolvimento de uma comunicação que estimule a cliente a conhecer mais sobre o produto e valorizá-lo.

“A rastreabilidade vai além da transparência sobre a origem do produto e das etapas de produção, também contribui para reduzir riscos socioambientais e oferece uma opção de compra mais consciente à nossa cliente”, complementa.

Gabriele Ghiselini Cavaliunas, diretora-administrativa da Emphasis. Foto: Arquivo Pessoal

A Emphasis, que entrou neste projeto junto à C&A, conta que teve todo o suporte da varejista e da Abrapa na integração ao sistema de rastreabilidade. De acordo com Gabriele Ghiselini Cavaliunas, diretora-administrativa da Emphasis, não houve grandes mudanças nas práticas de controle que já adotavam em seu cotidiano.

“Começamos na compra do tecido, em que separamos por lote e nota fiscal em nosso estoque. Após liberar a produção, eles sobem para o corte, no qual separamos por lotes e identificamos quantas peças fizemos em cada lote de tecido. Depois, segue para a costura, lavanderia e acabamento, seguindo nossa metodologia de ordem de produção. Feitas essas etapas, preenchemos o sistema de rastreabilidade, mostrando quantas peças por lote fizemos e entregamos ao cliente”, elenca Gabi.

Em seu ponto de vista, a transparência ao consumidor final é um caminho sem volta, e será exigida cada vez mais.

“As empresas íntegras terão cada vez mais espaço no mercado e, dessa forma, puxarão outras para o mesmo patamar. Na Emphasis, prezamos muito pela transparência do negócio e a valorização da mão de obra. A rastreabilidade joga luz ao trabalho sério que fazemos no mercado e nossa responsabilidade social no meio em que vivemos”, argumenta a empresária.
https://abrapa.com.br/2023/10/20/segue-o-fio-a-rastreabilidade-na-m...
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