Seis prioridades para fechar o ciclo do poliéster

[Romildo de Paula Leite]

A Systemiq publicou um roadmap abrangente para ajudar a implementar um sistema de elevada circularidade e baixas emissões de gases com efeito de estufa para os têxteis de poliéster e as embalagens PET na Europa.

[©Unsplash-Zuzanna Szczepańska]

Intitulado “Circular PET and Polyester: A circular economy blueprint for packag...”, o estudo aponta seis ações prioritárias necessárias para a transformação do mercado: expandir a reutilização para aumentar o ciclo de vida dos têxteis e embalagens; reverter a tendência de modelos de negócio baseados num elevado consumo, nomeadamente a fast fashion; padronizar o design de produto para melhorar a reutilização e a reciclagem, particularmente ao nível dos custos; assegurar a procura a longo prazo do poliéster/PET reciclado; desenvolver fluxos suficientes de materiais de elevada qualidade para os recicladores, melhorando os processos de recolha e seleção; e escalar a infraestrutura de reciclagem e otimizar a sua performance.

Atualmente, a maior parte dos têxteis de poliéster e das embalagens de tereftalato de polietileno (PET) são produzidos a partir de matéria-prima virgem e três-quartos dos resíduos destes materiais acabam em aterros ou são empregues na recuperação de energia após uma única utilização.

As medidas descritas visam reduzir potencialmente o consumo e estabelecer sistemas de reciclagem mecânica e química que aumentam significativamente as taxas de reciclagem e, como tal, a disponibilidade de PET/poliéster reciclado de alta qualidade.

A Systemiq acredita que, se forem implementadas, estas medidas podem, até 2040, permitir a redução em um-terço do consumo geral de PET/poliéster, uma diminuição de 70% de resíduos que acabam em aterros ou incinerados, menos 50% de emissões de gases com efeito de estufa, a criação de 28 mil novos empregos líquidos e mais 5,5 mil milhões de euros por ano em volume de negócios para a indústria de reciclagem.

«O mercado de PET e poliéster na Europa está numa revolução ecológica, com o surgimento de novas tecnologias de reciclagem, que ampliam as metas de reciclagem e conteúdo reciclado em garrafas e outras embalagens, e com as empresas de moda a comprarem poliéster reciclado de garrafas PET», enquadra Ben Dixon, sócio e diretor de materiais e economia circular na Systemiq. «Nesse contexto, o nosso estudo fornece a primeira análise sistemática de como diferentes soluções de economia circular para PET e poliéster podem encaixar-se para responder ao crescimento da procura, alcançar altos níveis de reutilização e reciclagem e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. A mensagem geral é otimista: temos as tecnologias e o momento político para construir um sistema circular de PET/poliéster. Agora precisamos de aumentar o investimento e a ação», sublinha.

Para Joan Marc Simon, diretor e fundador da Zero Waste Europe, este estudo «mostra, mais uma vez que reduzir-reutilizar-reciclar – por esta ordem – é a única forma de aumentar a circularidade do PET/poliéster», acrescentando que a regulamentação europeia é uma oportunidade «para fazer avançar esta agenda, mas, até agora, estão longe de fornecer o quadro jurídico para concretizar as medidas recomendadas neste estudo. Metas ambiciosas de redução e reutilização e orientações claras para complementar a reciclagem mecânica e química de PET/poliéster são apenas duas das muitas peças que precisam ser esclarecidas e reforçadas».

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