Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Semana de moda de Paris começará a medir seu impacto ambiental

Federação de moda francesa lançará duas ferramentas em setembro para monitorar o impacto dos desfiles e coleções.

Asemana de moda de Paris quer entender melhor o impacto que os desfiles têm no meio ambiente. A Fédération de la Haute Couture et de la Mode, o órgão regulador da moda francesa, recorreu à PricewaterhouseCoopers, gigante de auditoria, contabilidade e consultoria para desenvolver duas novas ferramentas que medirão os impactos ambientais, sociais e econômicos de seus desfiles.

Após 18 meses de concepção, as ferramentas devem ser lançadas na temporada de verão 2022, marcada para 27 de setembro a 5 de outubro, que deve ser física e digital. Antes disso, os desfiles masculinos e de alta costura, em junho e julho respectivamente, também retornarão à forma física, após se transformarem em eventos totalmente digitais durante a pandemia.

"Desenvolvemos uma ferramenta que pode ser duplicada e adaptada a diferentes tipos de eventos", disse Pascal Morand, presidente executivo da federação de alta-costura e da moda francesa. "Paris é a capital da moda mundial e digital, então é nossa responsabilidade desenvolver as ferramentas necessárias em termos de sustentabilidade", completou. A iniciativa contou com a ajuda de um comitê de empresas consultoras da PwC, que inclui a produtora Bureau Betak e a agência de relações públicas DLX e 37 partes interessadas, entre elas Chanel, Hermès e Kering e agências de modelo também participaram do projeto.

Naomi Campbell no desfile de verão 2020 da Saint LaurentFoto: Pascal Le Segretain/Getty Images

"Todos os parâmetros ambientais, sociais e econômicos foram levados em consideração", disse Sylvain Lambert, parceiro da PWC e codiretor de sustentabilidade. Por enquanto, ainda não foi fornecida uma estimativa das emissões totais de carbono do evento. "Temos que ter cuidado com as ideias pré-concebidas: é claro que se pode pensar que viajar tem um impacto, mas temos que saber o que ele abrange, e a ferramenta vai permitir isso. Temos intuição, mas vamos esperar os resultados", explicou.

As semanas da moda vêm sendo questionadas sobre sua pegada ambiental pesada: os desfiles presenciais chamam editores, compradores, modelos e participantes para viajarem pelo mundo, várias vezes ao ano. A pandemia forçou os organizadores a adotarem o formato digital e ofereceu à indústria uma chance de repensar sua abordagem em relação ao mês da moda. Os organizadores de Paris pretendem que a ferramenta PwC, embora não seja uma solução, terá o seu código aberto, eventualmente permitindo mais transparência para impacto e sustentabilidade em outros eventos.

O desfile da Saint Laurent em MalibuFoto: Presley Ann/WireImage/Getty

"A medição é um passo importante para obter insights e conhecimento", comentou Cecilie Thorsmark, executiva-chefe da semana de moda de Copenhague, que introduziu uma iniciativa teste, em janeiro deste ano. De início, as grifes participantes da fashion week dinamarquesa terão que cumprir 18 padrões mínimos de sustentabilidade e marcar pontos necessários para participar do evento até 2023. "Como organizadores das semanas de moda, temos um impacto e devemos usá-lo para acelerar o esforço de sustentabilidade na indústria. Nossa estratégia tem dois caminhos paralelos: definir metas para semanas de moda e empresas", contou Thorsmark.

Desfile de Remain Birger Christensen na semana de moda de CopenhagueFoto: Yuliya Christensen/Getty Images

O objetivo inicial da PwC ao criar a ferramenta era definir o escopo da medição, desde os processos de criação da coleção até a desmontagem dos desfiles e eliminação de resíduos. Cada etapa do processo de medição abrange 11 temas, incluindo viagens, hospedagem, cenografia e comunicação. A ferramenta está à disposição de cada etiqueta para uso de diferentes formas, desde a concepção do show até a transmissão de dados. Se alguém optar por não medir, o organizador do evento usará uma média com base no tamanho da empresa para calcular o impacto total. A Federação Francesa planeja publicar apenas os resultados consolidados e caberá a cada marca publicar seus próprios dados ou mantê-los em sigilo.

O componente digital dos programas também é medido, convertendo o vídeo transmitido em quilowatts-hora, que são então convertidos em pegada de carbono. "Sabemos que o impacto digital está longe de ser insignificante", pontua Morand.

Semanas da moda de outros locais também levaram em consideração as credenciais de sustentabilidade, mas de maneiras menos direcionadas. Em Nova York, o CFDA oferece educação e diretrizes, mas cabe a cada marca acompanhar seu próprio progresso. No ano passado, o CFDA, em parceria com o Boston Consulting Group, lançou um relatório executivo "Sustainability by Design: Rethinking New York Fashion Week" (Sustentabilidade por design: repensando a Semana de Moda de Nova York), um estudo sobre o impacto ambiental da NYFW e um manual para mudanças positivas em outubro de 2020.

Desfile da Roksanda na semana de moda de LondresFoto: Stuart Wilson/BFC/Getty Images

A London Fashion Week está monitorando a pegada de carbono de sua plataforma digital usando servidores que funcionam com energia renovável, mas atualmente não publica os resultados. "Estamos constantemente investigando maneiras de monitorar nossa pegada de carbono digital e faremos isso quando voltarmos aos shows físicos, esperançosamente em setembro", disse um porta-voz do British Fashion Council. O BFC também tem uma série de outras iniciativas com seu Institute of Positive Fashion e se comprometeu a reduzir pela metade suas emissões de gases de efeito estufa antes de 2030, entre outros compromissos.

"Acho que as novas ferramentas da Federação Francesa têm uma abordagem interessante sobre a sustentabilidade e quero parabenizá-la por sua iniciativa. Estaremos acompanhando de perto e manteremos contato para estudar juntos possíveis formas de uso", Disse Carlo Capasa, presidente da Camera della Moda, associação italiana de moda e organizadora da Milan Fashion Week, observando que eles já colaboram com a Federação Francesa na iniciativa de Pegada Ambiental de Produtos da Comissão Europeia. "É um passo e continuaremos trabalhando de forma extremamente intensiva", finalizou Morand.

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