Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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SENAI CETIQT: Plataforma de Biotecnologia lidera pesquisas de novas metodologias para a biossíntese de Canabidiol (CBD)

A descoberta tem potencial de revolucionar não só o mercado nacional de canabinoides, mas também abrir novas oportunidades de investimento e inovação. O Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Biossintéticos e Fibras, do SENAI CETIQT, é estruturado em plataformas tecnológicas de pesquisa e uma área de inteligência competitiva, conta com os mais modernos laboratórios de Biotecnologia, Engenharia de Processos, Transformação Química e Fibras, em um investimento em equipamentos de última geração e únicos na América Latina. Acompanhamos também, no Spotify, o podcast do Portal de Bioeconomia do SENAI CETIQT – batizado Café com Bioecconomia- e no qual pesquisadores debateram o tema “Trilhando caminhos inovadores com a Cannabis”

SENAI CETIQT: Plataforma de Biotecnologia lidera pesquisas de novas metodologias para a biossíntese de Canabidiol (CBD)

Todos os holofotes para as ações inovadoras do Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Biossintéticos e Fibras, do SENAI CETIQT. E a Biotecnologia tem sido destaque no desenvolvimento de soluções e o ISI está à frente neste movimento, desvendando novas metodologias para a biossíntese de Canabidiol (CBD), um derivado da planta Cannabis sativa. Reconhecido por suas propriedades terapêuticas diversas, ele não apresenta os efeitos psicoativos, associado ao tetrahidrocanabinol (THC). A descoberta tem potencial de revolucionar não só o mercado nacional de canabinoides, mas também abrir novas oportunidades de investimento e inovação.

Paralelamente, acompanhamos no Spotify, o Café com Biotecnologia. podcast do Portal de Bioeconomia do SENAI CETIQT que já conta com mais de 40 episódios sobre temas como biomas brasileiros, bio-refinarias, biocombustíveis e cosméticos, entre outros. A ação tem como objetivo discutir pontos de interesse do assunto e é associada ao Portal de Bioeconomia, um espaço colaborativo que promove intercâmbio entre os diferentes atores do segmento no país, a divulgação de oportunidades (como, fomentos, infraestruturas, serviços, bolsas de pós-graduação) e compartilhamento de conhecimento. O Café com o tema “Trilhando caminhos inovadores com a Cannabis” reuniu três debatedores mediados pela Coordenadora na área de Biotecnologia – Biologia sintética no SENAI CETIQT, atuando com
pesquisa em Biotecnologia, Eamim Squizani: a professora adjunta do Departamento de Química Analítica da UFRJ, Mônica Costa Padilha; a consultora da Única Suporte, Rafaela Marin; e o gerente de projetos do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, Rafael Breves. O papo girou em torno de mercado, da parte técnica do uso da cannabis, de regulações  e outros aspectos relevantes.

ISI: HUB DE INOVAÇÃO

Foi criado para ações na identificação e no desenvolvimento de novos produtos e processos químicos, bioquímicos e têxteis, atuando de forma transversal em áreas e temas identificados como portadores de futuro para as cadeias industriais química e têxtil. O Instituto apoia as empresas no desenho da sua estratégia de P&D, no desenvolvimento de produtos e processos nos laboratórios de forma a viabilizar a inovação. O ISI, integrante do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – CETIQT, e estruturado em plataformas tecnológicas de pesquisa e uma área de inteligência competitiva, conta com os mais modernos laboratórios de Biotecnologia, Engenharia de Processos, Transformação Química e Fibras, em um investimento em equipamentos de última geração e únicos na América Latina. Atualmente são mais de 150 projetos finalizados e mais de cem clientes atendendo diferentes segmentos de mercado, como energia, químico, papel e celulose e HPPC, entre outros.

O Canabidiol oferece uma alternativa eficaz no tratamento de epilepsia, distúrbios do sono, dor crônica, entre outras condições de saúde. Além disso, a sua versatilidade o torna uma escolha estratégica para aplicações terapêuticas e investimentos inovadores, isso porque o mercado tem se expandido nos últimos anos, apresentando um cenário promissor.

Segundo dados da New Frontier Data, o mercado latino-americano de Cannabis para fins comerciais atinge cerca de 9,8 bilhões de dólares, com o Brasil despontando como um dos principais consumidores, movimentando aproximadamente 2,4 bilhões de dólares. Estima-se que a receita proveniente do consumo de espécies de cannabis para fins medicinais, no Brasil, possa alcançar 4,7 bilhões de reais nos próximos três anos, com mais de 3,9 milhões de pacientes potenciais.

No entanto, o principal obstáculo é a proibição do cultivo da planta para fins comerciais no país, com desafios como a sazonalidade de plantio, o uso de pesticidas, o tempo de maturação da planta e o alto gasto energético. A comercialização, nas farmácias, do óleo canabidiol (CBD) medicinal, mais que dobrou no país, em 2023. De acordo com o BRCann (Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides), foram comercializadas 356,6 mil unidades de produtos entre janeiro e dezembro do ano passado, contra 157 mil em 2022. O faturamento do setor atingiu aproximadamente R$150 milhões. O produto é utilizado para dor crônica, ansiedade, depressão, entre outras doenças.

É diante desse cenário que o ISI está liderando pesquisas de rotas biossintéticas para a produção de CBD. As rotas utilizam microrganismos geneticamente modificados, capazes de utilizar a sua maquinaria energética e enzimática, convertendo precursores biológicos até chegar no produto desejado, com vantagens como otimização do processo, escalabilidade, menor impacto ambiental e controle de qualidade da produção, o que representa um enorme desafio para as empresas internacionais de canabinoides.

Amanda Valle, pesquisadora do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, destaca que o maior desafio enfrentado pelas grandes empresas internacionais produtoras de canabinoides é o controle de qualidade de seus produtos, que tem origem vegetal.

Através da Biotecnologia, além de tornar possível um processo de produção contínuo de canabinoides, teremos total controle de cada etapa do processo, podendo obter um produto de maior pureza, ou uma combinação de canabinoides, garantindo seu efeito terapêutico sinérgico similar ao derivado vegetal. Desta forma, queremos fomentar o mercado tecnológico com inovação através desta rota alternativa e torná-lo mais competitivo a fim de tornar maisacessível a obtenção destes ativos pela população – Amanda Valle

Para as empresas que desejam investir no setor, o ISI oferece, além de profissionais altamente qualificados, uma infraestrutura completa para o avanço dos processos de biotecnologia industrial, garantindo uma visão global do processo, abrangendo estudos mercadológicos, prospecção tecnológica, tecnologia industrial em escala piloto, previsão de investimento industrial, além de consultoria para estruturação inicial da planta industrial. Inclusive, o Instituto providencia um processo produtivo circular, menos suscetível a variações do ambiente e do mercado, possibilitando que essas empresas liderem o potencial do setor de canabinoides em âmbito nacional.

CAFÉ COM BIOTECNOLOGIA

Um ponto em que os debatedores concordam é que o mercado brasileiro está em franca expansão. “Ainda há muito a se conhecer, muita informação a ser adquirida por meio de ciência, mas está andando. As publicações aumentaram bastante após 2010. O crescimento do número de artigos é notório e expressivo. A maior movimentação de mercado, que reflete no cenário atual, começou lá por 2013. Em 2014, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma resolução com orientações sobre a possibilidade do uso do Canabidiol na medicina. Logo em seguida, a Anvisa liberou a prescrição do Canabidiol com controle especial”, afirma Rafaela Marin, consultora da Única Suporte.

Hoje no Brasil há três formas principais para que as pessoas que precisam tenham acesso. A primeira é a importação individual, que a Anvisa instituiu em 2014. Em 2019, a agência criou uma regulação para produtos à base de Canabidiol. E, nesse tempo, também surgiram as empresas e associações de pacientes interessados, como a Abrace (Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança) e a Apepi (Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal), por exemplo.

Rafael Breves acrescenta: “Eu separei alguns números para a gente ver como esse mercado mudou. Lá em 2014, 2015, havia 300 médicos registrados na Anvisa tratando de seus pacientes. Em 2021, o único medicamento que tinha no Brasil, o Mevatyl, vendeu entre 160 e 200 unidades. Os produtos com autorização para venda em farmácia estavam comercializando cerca de 15 mil unidades por ano. Pois esses números dispararam. Só em 2023 foram 350 mil unidades de produtos em farmácias. Foram 15 mil unidades em 2021, 157 mil em 2022 e 350 mil em 2023. O crescimento é exponencial”. Estimam-se, de acordo com levantamento da consultoria especializada em Cannabis Kaya Mind, que há cerca de 460 mil pessoas se tratando com produtos de Cannabis no Brasil — e esse número pode chegar a alguns milhões de pessoas nos próximos anos. É um mercado em franca expansão.

A professora adjunta do Departamento de Química Analítica da UFRJ, Mônica Costa Padilha diz que é necessário quebrar preconceitos: “Tem que falar mesmo sobre o tema. Essa inciativa tão boa do SENAI é um primeiro passo. O MAPA precisa se mexer, a Anvisa precisa de mais agilidade e as associações precisam de auxílio técnico para que o produto tenha a qualidade adequada. Eu acredito muito nos óleos, acredito muito no CBD”. Já a consultora da Única Suporte diz que o preconceito diminuirá com o tempo. “Muitos tendem tendem a ter restrições a tudo que desconhecem. Uma certa imagem é criada e fica nas mentes das pessoas. Conforme forem evoluindo os estudos, as evidências clínicas e os parâmetros de qualidade teremos produtos plenamente padronizados. Quando a Anvisa se manifestou autorizando – a gente sabe da seriedade da agência – já deu segurança para algumas pessoas utilizarem os produtos. O conhecimento técnico-científico sobre a cannabis vai derrubar ou minimizar a barreira do preconceito sobre essa forma terapêutica”.

Os debatedores ressaltaram que a via mais moderna, a biotecnológica, deve “andar de mãos dadas” com a extrativista: “Quando conseguimos padronizar, quantificar, identificar a molécula temos mais sucesso na produção de um óleo. São outras moléculas que estão atuando ao sinergismo, tão frequente e presente nos produtos naturais e ausente no artigo sintético. E muitas vezes – existem casos descritos na literatura – é justamente o sinergismo que faz o produto ter o sucesso, não é a molécula isolada. O extrativismo junto com a biotecnologia seria uma forma de padronização desse extrato mais fácil, porque na natureza em si, sem o controle, é muito mais difícil”.

Nos anos 70, produzíamos quase 50 por cento do IFA que utilizávamos. Hoje são menos de 5%. “Mantendo a proibição para plantação, seguimos dependentes do Canabidiol que vem do exterior, produzido na China, na nossa vizinha Colômbia (que já legalizou o cultivo e a produção de canabidiol e virou um polo produtor), no Uruguai. Os Estados Unidos estão plantando cânhamo, na Europa vários países plantam. “Eu não enxergo, no curto prazo, a regularização desse cultivo, dessa agricultura. Por isso há um grande potencial na biotecnologia de se produzir os mais diversos canabinoides e todos os seus derivados dentro do que a legislação nos permite. Com desenvolvimento rápido, a gente terá, em um ou dois anos, uma produção industrial capaz de atender à demanda. Mas só podemos fazer isso em paralelo com a evolução regulatória”, observa Rafael Breves.

É importante lembrar que doenças como o Parkinson e a epilepsia infantil respondem muito bem ao uso do óleo da cannabis. “Algumas crianças passaram de 80 crises epilépticas por dia para um ataque a cada dois meses”, dispara Mônica Costa Padilha. Há também casos de câncer em estado terminal em que a dor diminui muito com o uso do óleo nos pacientes.

De acordo com Rafaela Marin, existe no Senado um projeto para fazer com que esses produtos sejam utilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Ainda está em discussão, não tem uma definição. Foi permitido que os estados criassem regras para fazer a distribuição dentro do SUS de acordo com a sua verba para a oferta de medicamentos. São Paulo está autorizado para Síndrome de Dravet e esclerose tuberosa. O que eu vejo como necessidade: que essa discussão ande e que se estabeleça uma harmonia e uma padronização nacional, e não localizada em cada estado e com regras próprias. Que exista uma regra igual para todos nacionalmente”.

Saindo da área de saúde, o gerente de projetos do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, Rafael Breves lembra que há elementos fibrosos na planta que têm muita aplicação têxtil. Você pode produzir tênis, roupas.” No passado, os papiros eram feitos de folhas de cânhamo, as velas e as cordas das naus do Descobrimento eram feitas de cânhamo. Há toda uma aplicação da planta e da fibra que ela gera em construção civil e outras indústrias. Temos a parte de alimentação: poderiam ser utilizadas as sementes de cânhamo, que não possuem canabinoides mas são nutritivas, possuem óleos. O óleo da semente de cânhamo tem valor nutricional. Até onde eu consigo enxergar acho que seriam essas as aplicações da planta que tem utilidade nas indústrias têxteis, de cosméticos, de suplementos e de alimentos, por exemplo.

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