Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Será que a hora da alfaiataria desconstruída finalmente chegou?

Quando eu comecei a acompanhar as semanas de moda, por volta de 2010 — que foi quando a obsessão veio com mais afinco — estava cansado de ver estilistas do São Paulo Fashion Week dizendo que estavam “desconstruindo peças de alfaiataria” em geral por ter “tudo a ver com o verão brasileiro”. Honestamente? Não me recordo de muita gente usando aquilo, de fato, nas ruas daqui. Querendo ou não, um blazer, um paletó, uma calça cenoura ou um colete são todos itens que acabam dando um toque mais refinado à produção. Mesmo que sejam feitos de tecidos mais casuais, cheguem estampados ou em cores leves… O visual ainda fica com cara de “arrumadinho”, não acham?

Naquela época, acho que o mundo estava precisando de outra coisa. Precisávamos do sportswear, do conforto de Alexander Wang — junto com a onda (e o hype nem tão duradouro) dos estilistas asiáticos radicados nos Estados Unidos — ou do drama de um Alexander McQueen que ainda recuperava o glamour, a fantasia e a ousadia de um fazer fashion que estava em seus últimos dias. Hedi Slimane estava em um de seus hiatos — já tinha saído há tempos da Dior Homme — então realmente, não havia ninguém de peso fazendo alfaiataria de um jeito interessante.

O tempo passou, Riccardo Tisci foi ganhando mais e mais notoriedade na GivenchyRaf Simons saiu da Jil Sander e foi para a Dior e, assim, um blazer começou a ficar menos chic e mais cool. Depois de passar muito tempo mergulhada em moletons — principalmente agora com a explosão Vetements — a moda pode estar tentando entender que o costume completo pode ser tão inventivo, confortável e subversivo quanto o sportswear.

Em 2017, a alfaiataria empresta seus detalhes rigorosos para peças mais descoladas. É o caso do colete alongado xadrez com lapela preta e acabamentos vermelhos que apareceu na Versus — segunda marca da Versace — ou o híbrido de bomber jacket e paletó que foi desfilado pela Toga. Na Tibi, o tecido da calça vira cinto que as vezes se sobrepõe ao blazer em um dos belos truques de styling da grife nessa temporada (leia mais sobre as transparências deles nesta matéria). Amarrações também entram na dança: pelo menos, esta é a estratégia de Jacquemus e de Jason Wu. Ambos usaram a técnica para repuxar saias, transformar terninhos em vestidos e muito mais.

alfaiataria-desconstruida

Jason Wu (FOTOSITE/Agência Fotosite)

O hit, no entanto, fica a cargo do vestidinho de alfaiataria. A partir de tecidos tradicionalmente ligados ao guarda-roupa masculino, várias marcas decidiram tirar as calças e alongar coletes, blazers e paletós para fazer com que eles se tornassem uma só peça. A dupla da Monse vai de xadrez maximalista, Chalayansegue o rumo oposto e faz um minimal vaporoso — com muita pele à mostra — e Dion Lee faz da lapela um laçarote. Sem dúvida, o jeito mais atual de aderir à trend.

Inspire-se na galeria abaixo para mergulhar de cabeça na tendência também!

Dion Lee

Dion Lee (FOTOSITE/Agência Fotosite)

Ralph Lauren

Ralph Lauren (FOTOSITE/Agência Fotosite)

Tibi

Tibi 

Chalayan

Chalayan

Monse

Monse

Helmut Lang

Helmut Lang

Hellessy

Hellessy 

Nehera

Nehera

https://elle.abril.com.br/moda/sera-que-a-hora-da-alfaiataria-desco...

Por Pedro Camargo

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Eu fazia isso na decada de 80!!!!

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