Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Setor algodoeiro busca adequação à nova realidade mundial

A cotonicultura mundial está passando por um momento de ajustes, com mudanças no padrão de consumo, na produção, nos preços e na comercialização. Diante dessa nova realidade, o Brasil precisa se adaptar para não perder espaço, estimulando o consumo interno e a abertura de novos mercados no exterior, além de passar a produzir com menores custos, maior produtividade e qualidade. Esta foi a conclusão a que chegaram os debatedores da plenária “Algodão brasileiro e mundial: mercado, perspectivas e marketing”, que aconteceu na manhã do segundo dia do 10º Congresso Brasileiro do Algodão (2/09), e que teve como moderador o jornalista William Waack, da Rede Globo.

 
Para José Sette, diretor-executivo do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac, na sigla em inglês), que abriu o debate, o setor possui alguns desafios para os próximos anos. Entre eles como fazer para aumentar a demanda, o que possibilitaria uma redução maior dos estoques; como aumentar a produtividade, ainda baixa em muitos países produtores, e como manter o preço do algodão competitivo no mercado em relação a outros tipos de fibras.
 
“O algodão hoje possui um consumo de cerca de 24 milhões de toneladas por ano. Se tivesse crescido à mesma taxa que outras commodities, como o café, por exemplo, o consumo seria de 30 milhões de toneladas”, disse. A previsão do Icac para a demanda mundial nos próximos anos, entretanto, é otimista, com a aposta em um crescimento de cerca de 2% ao ano até 2020.
 
No Brasil, para manter esse nível de consumo, Sette afirma que um bom caminho seria criar ações em parceria com indústrias têxteis e lojistas, por exemplo, além de maiores investimentos em divulgações e valorização do algodão. “Temos que promover a conscientização sobre a fibra e realçar atributos positivos do algodão. Temos o exemplo do Selo de Pureza da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), que triplicou o consumo de café Em poucos mais de 10 anos”, destacou.
 
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, a entidade está preparando uma campanha de marketing na qual irá impulsionar o consumo interno. “Iremos mostrar para os brasileiros a qualidade do nosso algodão, o conforto, principalmente para as classes mais baixas, como a classe C, que costumam olhar mais o preço e não a qualidade, não tem o costume de olhar etiquetas”, disse.
 
Além de estimular o mercado interno, a entidade também pretende melhorar sua participação no comércio exterior, tanto para novos clientes quanto para tradicionais consumidores, que buscam uma qualidade superior da fibra. “Recentemente recebemos uma missão compradora, com empresários da China, Tailândia e Coréia do Sul e pretendemos voltar a exportar mais para esses países”, reforçou.
 
O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Antonio Esteve, concorda que a qualidade é fundamental para o aumento das exportações, no qual acredita que o Brasil ainda tem grandes dificuldades. “A resistência da nossa fibra é boa, mas a variação dentro de um mesmo lote é muito grande e isso é importante para as indústrias têxteis”, explicou.
 
Outro limitante para o setor é o custo de produção, seja pelas altas tributações ou pelo custo do transporte que, de acordo com o Rafael Cervone Netto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), torna mais fácil trazer algodão do Egito, do que do nordeste brasileiro. “O impacto do custo Brasil e do câmbio também é enorme”, ressaltou Cervone.
 
Por fim, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, André Nassar, comentou sobre mais um desafio dos produtores de algodão, o acesso ao crédito, sendo que o financiamento por parte do governo deve reduzir este ano e será necessário recorrer mais a bancos privados. “No ano passado, metade da safra do algodão foi financiada com crédito rural, esse ano, essa parcela cairá para cerca de 25%. Fizemos mudanças relevantes no financiamento do algodão e de outras culturas também”, disse.
 
Fonte: Assessoria de Imprensa e Comunicação do 10º CBA
(11) 3868.4037

 
Sessão plenária

José Sette - diretor executivo do ICAC

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