Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Sexo e gênero são coisas distintas. Ser masculino não depende da constituição biológica de cada um, mas, sim, da construção de uma identidade. Ou seja, é algo intangível. São as convenções sociais que fazem com que nos enquadremos em algum gênero. E é a moda, o vestuário, uma das principais formas que sempre tivemos de nos expressar socialmente. Porque nós, seres humanos, somos muito limitados para lidar com o intangível.

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O sexo de cada um é biológico. Nascemos homens ou mulheres. A ideia de gênero, por sua vez, dá-se não através de questões biológicas, mas, sim, de uma ideia de diferenciação entre o que é masculino e o que é feminino, que é imposta pela sociedade. Ou seja, ser masculino (ou feminino) não depende do sexo biológico. Depende da construção da identidade de cada indivíduo. Ou de se enquadrar nas convenções sociais impostas.

Essas convenções sociais são criadas porque características do que é do gênero masculino ou feminino não existem como realidades, mas como ideias. E o ser humano, simplesmente, não consegue viver tranquilo com ideias. Ele precisa de provas concretas. Precisa criar verdades tangíveis sobre o que são homens ou mulheres.

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Uma das principais convenções sociais para se diferenciar o que é do gênero masculino do que é do gênero feminino é o vestuário. Aquilo que é apropriado aos homens e as mulheres usarem como adereço para se expôr em sociedade. Roupas se tornaram sinais marcantes e tangíveis que identificam facilmente a qual sexo cada indivíduo pertence, em contraponto à educação, à religião, à ficção – muito mais abstratas.

Antigamente, ser homem ou mulher não necessitava de muitos questionamentos. Os papéis eram facilmente identificados na sociedade. Depois de muitos movimentos, como o feminista e a Revolução Sexual, no século passado, as fronteiras entre o masculino e o feminino ficaram mais estreitas (tão estreitas quanto permaneceu a cabeça de muitas pessoas em relação a isso). Foi justamente o advento da mulher vista como um sexo independente e igual ao homem, não mais um complemento dele, que fez com que o masculino perdesse muito da sua identidade e das suas fronteiras. E uma das principais noções que se tem, ainda hoje, sobre a diferença entre o feminino e o masculino vem do vestuário.

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Mas o vestuário não é determinante nem do sexo biológico, nem do gênero de cada um. Roupas são apenas maneiras de expressão. Na Idade Média, alguns países tinham leis que proibiam mulheres de usarem calças. Já no século XIX, com a invenção da bicicleta e as operárias usando uniformes, as calças começaram, aos poucos, a entrar no guarda-roupas feminino. Mesmo assim, ainda existem religiões no ocidente que proibem as mulheres de as usarem. Tudo questão cultural.

As afegãs vestem burca. As brasileiras, fio dental. Os índios, tanga. Os escoceses, kilt – ou saia mesmo. E ninguém muda suas preferências por causa disso.

POR CÁSSIO POERSCHKE



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Essa polêmica vai existir enquanto movimentos ditos sociais, em defesa das minorias excluídas, considerarem que as "convenções sociais" são impostas por alguém, sistema ou entidade.
Na verdade cada um tem o direito de escolha do que quer para si. Se esta escolha vai de encontro a biologia pessoal está criado o problema pessoal (que requer tratamento psicológico para ajudar a entender-se) e um problema social (quando esta escolha se manifesta em local público).
Duas pessoas do mesmo sexo sempre formarão um par, nunca um casal. Um par se beijando às vezes com mais intensidade do que um casal, sempre irá provocar a sociedade.
Nós que de alguma forma estamos ligados à moda temos que ter em mente uma frase: "O rabo nunca pode balançar o cachorro."

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