Shein entra no capital da marca Forever 21

[Romildo de Paula Leite]

A Shein adquiriu uma participação na marca de moda Forever 21. Um movimento que visa expandir a sua oferta online, mas também estabelecer uma presença física no mercado americano.

Forever 21
No âmbito deste acordo, a Shein adquiriu aproximadamente um terço do Sparc Group, que detém a Forever 21 por intermédio de uma joint venture entre o Authentic Brands Group e o Simon Property Group. Em contrapartida, o Sparc Group tornou-se acionista minoritário da Shein. O números financeiros específicos não foram divulgados.

Retalhista online com sede em Singapura, a Shein gera hoje em dia grande parte do seu volume de negócios nos Estados Unidos e atualmente passa por uma transformação do seu modelo. O grupo está a tentar transformar-se num marketplace generalista semelhante ao da Amazon, onde os vendedores podem propor os seus próprios produtos juntamente com os fabricados pela Shein.

Através desta aliança com a Forever 21, os produtos da marca estarão agora disponíveis para os 150 milhões de clientes online da Shein. A empresa chinesa, que segundo algumas informações pretende entrar em bolsa, também encontra nesta fusão a oportunidade de experimentar a venda física não efémera no mercado americano. Trata-se de uma evolução importante para um pure player cuja atividade está agora próxima dos 66 mil milhões de dólares (61 mil milhões de euros).

Donald Tang, vice-presidente executivo da Shein, disse em comunicado: "A poderosa combinação da liderança do Simon's (Property Group) na venda a retalho física, a experiência da Authentic Brands em matéria de desenvolvimento de marcas e o modelo sob demanda da Shein ajudar-nos-ão a impulsionar o crescimento escalável e a tornar a moda mais acessível a todos.”

A Shein, que vende alguns dos seus artigos de moda por menos de 5 dólares, rapidamente se estabeleceu no mercado das roupas a preços ultrabaixos. Um modelo que pesou, com razão, sobre empresas concorrentes como a Forever 21 e a Charlotte Russe, que construíram a sua popularidade no início dos anos 2000.

Esta aproximação acontece num momento em que a Shein se encontra sob intenso escrutínio nos Estados Unidos. A retalhista, que fabrica a maior parte dos seus produtos na China, é alvo de suspeitas e acusações por parte dos legisladores americanos, que questionam a opacidade da sua cadeia de aprovisionamento e o recurso a trabalho forçado.

Um relatório parlamentar americano sublinhou que a Shein, assim como a sua concorrente chinesa Temu, contorna as taxas alfandegárias na entrada nos Estados Unidos ao multiplicar pequenos carregamentos. Uma abordagem que também permite evitar controlos relacionados com o trabalho forçado. A oferta da Shein, muitas vezes fabricada em poliéster, também suscita críticas pelo seu ciclo de vida e durabilidade. Multiplicam-se igualmente as reclamações relativas à apropriação de designs de criadores e marcas independentes, através de um processo automatizado graças à inteligência artificial.

A Shein organizou em junho um desfile em Paris imitando os desfiles de alta costura - ER/FNW

A Forever 21, que contava com 800 lojas no seu auge e se apoiava numa estratégia baseada nos centros comerciais, deparou-se com dificuldades à medida que os consumidores se viraram para as compras online. A marca foi adquirida em 2020 por um consórcio de investidores incluindo a Simon Property e a Authentic Brands, uma estrutura que atingiu recentemente uma avaliação de 20 mil milhões de dólares.

A parceria com a Shein poderá teoricamente permitir à Forever 21 expandir as suas capacidades de venda online e ganhar exposição junto dos compradores da Shein. A marca chinesa poderá, por seu lado, obter alguma da legitimidade de moda que deseja, como evidenciado pelo seu recente desfile em Paris.

(com Bloomberg)

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