Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Sou de algodão apresenta os diferentes tipos de algodão produzidos no Brasil

Hoje, é comum termos diversas opções de matéria-prima na hora de escolher uma peça de roupa na loja. Em especial, fibras naturais, como o algodão, ganham destaque entre os consumidores que priorizam a sustentabilidade e buscam alternativas mais gentis com a pele e o meio ambiente. Mas, você sabia que existem vários tipos de algodão disponíveis para a indústria têxtil?

Além do convencional, existem outros tipos de algodão: orgânico, responsável, colorido naturalmente e agroecológico. Cada um deles tem suas particularidades na produção e é isso o que você vai aprender neste artigo. Assim, suas escolhas ficam cada vez mais conscientes, afinal, conhecimento nunca é demais, né?

ALGODÃO ORGÂNICO

A principal característica deste tipo de algodão é que, na produção, não são utilizados químicos. A alternativa encontrada pelos produtores é de se trabalhar com defensivos naturais, além de tecnologias regionais para combater as pragas de uma forma artesanal. Por causa disso, a produtividade é bem menor, sendo geralmente cultivado por pequenos agricultores.

Segundo um relatório da Embrapa Algodão, a produção de algodão orgânico da safra 2018/2019 no Brasil foi de 30 toneladas, por 600 famílias. Já entre 2019 e 2020, este número subiu para 134 toneladas, cultivadas por 1.894 famílias.

Outro diferencial é que a semente não pode ser transgênica. Semira Carvalho, Mestre em Design do SENAI CETIQT, diz que, se houver transgenia, não é possível classificar como orgânico, porque é proibido na lei. Por causa desses diferenciais, a fibra orgânica passa por uma certificação feita de acordo com a Lei dos Orgânicos do Brasil, por auditoria de terceira parte do IBD (Instituto Biodinâmico) e da Ecocert Brasil, ou ainda, por certificação participativa, feita pelos próprios produtores e auditada pelo MAPA (Ministério da Agricultara, Pecuária e Abastecimento). Caso o algodão não esteja certificado, essa fibra não pode ser garantida como orgânica.

Assim como o algodão convencional que possui uma associação de produtores (Abrapa) e que promove o Programa ABR, para o orgânico, não existe tal entidade, mas, sim, um conjunto de instituições que atuam juntas, como a Embrapa e as empresas compradoras dessa fibra.

Segundo Silvio Moraes, da Textile Exchange, “não há impacto ambiental, já que o algodão produzido desta forma é limpo e seguro, criando um ciclo agrário sustentável”.

Aqui você confere a listagem de todos os produtores orgânicos do Brasil.

ALGODÃO AGROECOLÓGICO

Essa modalidade de cultivo surgiu no Estado da Paraíba, resultado de uma iniciativa de produtores que começaram a plantar o algodão, durante a época de chuvas, e com um espaçamento maior entre as plantas. O método, junto com suporte da Embrapa Algodão, ajudou a lavoura a não ser atacada por uma das principais pragas da cotonicultura, o bicudo-do-algodoeiro.

Basicamente, são usadas sementes agroecológicas e não modificadas geneticamente, em solo adubado exclusivamente com compostos orgânicos, não sendo utilizada irrigação artificial nem defensivos químicos. Além disso, a colheita é feita manualmente.

No cultivo do algodão agroecológico, também são utilizadas as técnicas de rotação de cultura, que troca o local do cultivo a cada novo plantio, e consórcio alimentar, que prevê plantio alternado com outras culturas.

Este tipo de algodão é considerado sustentável, não apenas pelo baixo impacto no meio ambiente, mas por auxiliar no desenvolvimento social e cultural das regiões produtoras. Por meio dele, acontece a manutenção da qualidade dos recursos naturais, além do controle da segurança alimentar e a inclusão social nas etapas produtivas, promovendo a geração de empregos e incentivando a agricultura familiar.

Esse sistema produtivo não tem certificação própria, mas é possível ser certificado como orgânico se atender às especificações.

ALGODÃO BRASILEIRO RESPONSÁVEL (ABR)

O estilo de produção do algodão que ganha a certificação ABR é de responsabilidade da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Junto com nove associações estaduais, a entidade mobiliza produtores para o cultivo da fibra cada vez mais responsável, de acordo com o protocolo do Programa ABR (Algodão Brasileiro Responsável), no qual as fazendas devem cumprir 183 requisitos, em oito esferas, como contrato e condições de trabalho em toda a cadeia produtiva, desempenho ambiental e boas práticas agrícolas.

A produção de algodão responsável é auditada também por certificadoras independentes e reconhecidas no mundo todo, como Genesis Certificações, Bureau Veritas e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Estas instituições concederam o selo ABR para quase 85% da última safra brasileira.

De forma geral, o ABR é sustentado pelos três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e econômico, garantindo boas práticas agrícolas, respeito ao meio ambiente, preservação de áreas naturais, relações justas de trabalho e desenvolvimento social das comunidades das regiões produtoras. Essa matéria-prima responsável também é competitiva com as fibras sintéticas em preço, pelo sistema de produção ser altamente eficiente no Brasil.

Além disso, o programa atua em benchmark com o BCI (Better Cotton), licenciamento concedido pela ONG suíça de mesmo nome que garante a produção responsável de algodão em vários países do mundo.

ALGODÃO COLORIDO NATURALMENTE

O algodão colorido é uma alternativa ao sistema de produção convencional, desenvolvido pela Embrapa na Paraíba através de melhoramentos genéticos. Dessa forma, a planta produz uma fibra colorida naturalmente em diferentes tons terrosos, sem a utilização de aditivos químicos.

Este tipo de algodão é fruto de cruzamento de várias sementes até chegar na que tem cor terrosa, podendo ser cultivado de forma orgânica ou tradicional.

Segundo Michelle Carvalho, da Coordenação de Serviços de Consultoria de Moda e Design do SENAI CETIQT, é preciso deixar clara a diferença entre o colorido e o orgânico. “Esse tipo de algodão já nasce colorido e não, necessariamente, é orgânico. Ele pode ser colorido e ser cultivado igual ao convencional. O diferencial é que, quando ele já nasce com alguma cor, é possível evitar alguns processos na indústria, como o tingimento químico”, comenta.

Gilvan Ramos, analista da Embrapa Algodão, endossa a questão da economia de recursos hídricos quando o algodão colorido é utilizado na indústria têxtil. “A pluma dispensa a fase do tingimento, garantindo economia de 87,5% de água no processo de acabamento da malha, em comparação com os tecidos coloridos artificialmente”, explica.

O trabalho realizado pelo Instituto Biodinâmico (IBD) certifica, por exemplo, o algodão colorido produzido em Juarez Távora como produto orgânico. Para isso, é preciso verificar os requisitos básicos para a produção orgânica, além de checar se a cultura cumpre o Código Florestal Brasileiro e as leis trabalhistas.

Recentemente, o algodão colorido naturalmente da Paraíba foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.

A DIFERENÇA ENTRE AS PRODUÇÕES DOS TIPOS DE ALGODÃO

Além de compreender as diferenças entre os estilos de produção, também é necessário saber as possibilidades de cada um, levando em consideração as capacidades produtivas. Confira na tabela abaixo a quantidade de algodão orgânico e responsável no Brasil, na última safra:

Atualmente, a demanda doméstica brasileira é em torno de 750.000 toneladas de fibra por ano. Isso significa que, aproximadamente, 420 mil hectares de plantação de algodão ABR são suficientes para atender a indústria têxtil do País. Para comparativo, considerando a hipótese de que todo algodão fosse orgânico, com uma produtividade média de 137,5kg/ha (maior média entre as fontes encontradas), seria necessário aumentar esta área de plantação em mais de 13 vezes.

Na prática, para não precisar desmatar, a área com o plantio de outras culturas seria ocupada. Por exemplo, 5,5 milhões de hectares equivalem a toda a área plantada nas primeiras safras de milho e de algodão, em 2021/22.

Além disso, o plantio orgânico exclusivo não teria condições de controlar o bicudo-do-algodoeiro, uma das pragas mais difíceis e responsável pelo fim da produção brasileira do algodão na década de 1990. Por outro lado, o novo sistema de produção no cerrado tem o manejo focado no controle dessa praga, garantindo a sustentabilidade econômica, ambiental e social da produção.

Fonte: Redação | Foto: Divulgação.

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