Últimos dias do São Paulo Fashion Week N59 exaltaram a cultura brasileira em passarelas com inovações e manifestos.
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A 59ª edição do São Paulo Fashion Week chegou ao fim na noite dessa sexta-feira (11/4), com o desfile em grandes proporções da Piet. Ao longo dos últimos dias, outras marcas fizeram da capital paulista um palco de narrativas sobre ancestralidade, cultura nortista, televisão brasileira e desejo, entre outros. Nomes como Weider Silveiro, Dendezeiro, Walério Araújo, À La Garçonne e Mnmal provaram, cada um a sua maneira e personalidade, que a moda brasileira segue inovando e firmando um espaço criativo e poderoso nacionalmente.
Vem conferir!
Marcelo Soubhia/Agência Fotosite
Gaby Amarantos para Dendezeiro
Na 59ª edição do São Paulo Fashion Week, Weider Silveiro decidiu mergulhar em uma investigação estética e simbólica sobre o corpo feminino e as múltiplas representações dele. Conhecido por uma moda sofisticada, urbana e sensível às nuances do feminino, o estilista elegeu como ponto central da coleção a silhueta da mulher — não como mero molde, mas como território de expressão, poder e questionamento.
Partindo de ícones clássicos da arte, como a Vênus de Willendorf, a Vênus de Milo e a figura etérea da Vênus de Botticelli, Weider propõe um diálogo entre o passado e o presente. O resultado são peças que exaltam a anatomia feminina por meio de cinturas marcadas, bustos realçados e quadris desenhados.
Tecnicamente, a coleção destaca o uso da malharia — domínio de longa data do estilista. O jersey de poliamida, com caimento elegante e toque tecnológico, aparece como protagonista, desenvolvido em parceria com a Nanete Têxtil. O denim, fornecido pela Canatiba, surge como complemento sustentável, sem lavagem industrial e com pegada ambiental reduzida.
Na cartela de cores, tons suaves, mas marcantes e sofisticados, reforçam a atmosfera elegante da coleção. Verde menta, berinjela, vermelho e um rosa pálido dialogam com o azul clássico do jeans, compondo uma paleta refinada, mas com apelo contemporâneo.
Inspirada pelo universo dramático e pop das novelas brasileiras, a LED apresentou, no SPFW N59, a nova coleção da marca com uma pergunta provocadora: para ter sucesso, vale tudo? — em referência direta ao clássico de 1998 que voltou à TV agora, em forma de remake.
A resposta da dupla criativa Célio Dias e Cleu Oliver é enfática e divertida: sim, vale tudo. O desfile começou com um remix nostálgico de vozes de apresentadores, trilhas sonoras de novelas e um ruído típico de quem troca de canal. Um compilado de referências afetivas e estéticas que costurou toda a narrativa dos looks.
As listras, um dos elementos recorrentes no trabalho da LED, ganharam novos significados: remetem tanto ao visual das telas de tubo quanto à linguagem gráfica da moda de massa. Elas aparecem em vestidos multicoloridos, em tramas P&B no vestido paraquedas usado por Marina Dias e em padrões clássicos de camisaria masculina.
A passarela foi marcada por famosos como Juliano Floss, Marcella Carrasco, Beatriz Reis, Luisa Perisse e Priscila Calari. No entanto, o destaque ficou para a modelo Marcelle Bittar, que retornou ao mundo do SPFW nesta temporada.
Zé Takahashi/Agência FotositeO desfile da À La Garçonne, dirigido por Fábio Souza Herchcovitch, apresentou uma estética mais variada do que é o comum à etiqueta, agora marcada pelo uso de padronagens e pela mistura de materiais contrastantes. O xadrez apareceu como protagonista em diversas variações, seja como elemento dominante no look, seja reinterpretado em “colagens” com outras estampas e tecidos, ao melhor estilo upcycling. Longe de cansar, a repetição funcionou como uma assinatura visual para a apresentação.
Essa união de diferentes referências se estendeu a combinações como bermudas de cetim, cropped com peças de alfaiataria e a utilização de capas em vestidos e peças únicas, exaltando tanto a teatralidade quanto a funcionalidade da roupa. O cetim, além das bermudas, surgiu em um look inteiramente feito do tecido, reforçando a reinterpretação de tecidos em contextos inusitados. O underwear feminino também foi um destaque, criando looks que transformam a peça de baixo em destaque do todo.
Gustavo Scatena/ @agfotositeDepois de emocionar o público com uma homenagem ao sertão nordestino na última edição da São Paulo Fashion Week, a Dendezeiro ampliou o próprio olhar sobre o Brasil com Brasiliano 2: A Puxada pro Norte.
A nova coleção da marca baiana mergulhou nas expressões culturais, visuais e afetivas da região amazônica, conectando ancestralidade, identidade e força coletiva em peças que traduzem a potência de um Brasil que resiste e reinventa.
Elementos da pesca, da fauna amazônica e dos costumes aparecem em detalhes e estampas que contam histórias silenciadas. Os tons terrosos também reforçam a ligação com a terra, com o rio, com o povo — traduzindo pertencimento e orgulho da origem.
Zé Takahashi/Agência FotositeO minimalismo fugiu do óbvio no desfile comandado por Flávio Gamaum na estreia da Mnmal no São Paulo Fashion Week. A coleção ready to wear apresentada na semana de moda se baseou em referências urbanas, com o uso de elementos esportivos nos designs, corroborando para a ascensão da tendência do athleisure, em pauta desde antes do SPFW.
Entre as dezenas de looks funcionais, um contraste chamou a atenção: partes de cima amplas, com volumes baggy e oversized, foram equilibradas por partes de baixo mais ajustadas, criando uma silhueta que brinca com proporções. Os tons variados de jeans foram outro destaque da coleção. Para o inverno, a marca investiu na sobreposição de tecidos, criando camadas volumosas que não apenas esquentam, mas também garantem a harmonia estética da coleção.
mnmal - SPFW N59 são paulo fashion week - metrópolesNão importa se é uma saia de veludo, um terno ou um mini vestido de animal print. No desfile do designer Walério Araújo, o guarda-roupa foi colocado do avesso. A proposta da coleção era justamente explorar o lado não visto das roupas, dos tecidos e metaforicamente. Entre os destaques, véus, pedras brilhantes e acessórios que cobriam inteiramente o rosto foram essenciais para a narrativa trabalhada no SPFW.
Na energética apresentação, ao ritmo eletrônico comandado pelo DJ Fabio Lopes, o extravagante foi exibido com grande sofisticação em looks que encantaram pelos detalhes. Em numerosos looks, a frente e as costas das peças tinham visuais antagônicos, mostrando a rebeldia, a transgressão e as muitas camadas como elemento essencial da moda, plataforma usada por Walério para questionar padrões e regras da sociedade e no mundo fashion.
Gustavo Scatena/@agfotositeCom uma trajetória consolidada na moda brasileira, Patrícia Viera retornou ao São Paulo Fashion Week reafirmando o compromisso com excelência artesanal e sustentabilidade. A estilista — referência no uso do couro como material nobre e maleável — apresentou a nova coleção da marca homônima em um desfile intimista na Casa Higienópolis, marcando um momento de transição e expansão da marca.
Entre tons lisos e sofisticados como cinza e bordô, além de metálicos, surgem peças mais elaboradas que exploram técnicas complexas de acabamento, bordado e construção. Um dos grandes destaques desta edição foi a colaboração com o artista cearense Jardel Moura.
Pela primeira vez, a marca apresentou uma linha autoral de sapatos, além de novidades em acessórios, ampliando o portfólio da etiqueta. A grife então, mostrou-se elegante, inovadora e firme no propósito de fazer moda com propósito e beleza atemporal.
Zé Takahashi/Agência FotositeAo som ao vivo de Marcelo D2 e em um cenário clássico do esporte paulista, a Piet realizou o desfile de encerramento do São Paulo Fashion Week N59, na noite da última sexta-feira (11/4). Em uma abordagem diferente para um desfile de moda, a passarela foi o campo da Arena Pacaembu, onde cerca de 4 mil pessoas estiveram presentes para conhecer a nova coleção da Piet, marca assinada pelo designer Pedro Andrade.
A atmosfera era digna de um empolgante jogo de futebol – com direito a bateria de “torcida organizada” com bandeiras da marca. Na passarela, a grife apresentou looks que uniam o esporte, o hip-hop e a cultura urbana, com referências a momentos do futebol brasileiro.
No cast, os rappers MC Cabelinho e Tz da Coronel desfilaram para a marca, que exibiu bandeiras com símbolos políticos e camisetas estampadas com frases de efeito, tudo incorporado ao visual futebolístico demandado pelo cenário do Pacaembu. Outro destaque foram os calçados, que incluíam tênis inspirados em chuteiras com colaboração da Puma.
Marcelo Soubhia/ @agfotositehttps://www.metropoles.com/colunas/ilca-maria-estevao/spfw-n59-fute...
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