Atuando com parcerias com grandes marcas, a Repassa fechou recentemente mais um acordo. A parceria com a Levi’s resultou na criação de “Sacolas do Bem” para a marca, estimulando os fãs dos jeans a enviarem peças usadas em bom estado para revenda por intermédio da plataforma.
As sacolas representam uma parte importante das estratégias da startup. Elas funcionam como incentivo e meio para que o público faça circular as roupas em bom estado de conservação que não usa mais e só ocupam espaço no guarda-roupa. São nessas sacolas que os consumidores podem encaminhar para o Repassa as peças que vão destinar para a revenda. Elas são comercializadas via site.
No caso das parcerias, as marcas podem oferecer benefícios extras. A Levi’s, que tem 64 pontos de venda no país, está distribuindo “Sacolas do Bem” nas compras acima de R$ 500 em suas lojas físicas. Os consumidores que as usarem para enviar peças para revenda no Repassa recebem um cupom de 10% de desconto para utilizar novamente na Levi’s. A campanha fica ativa até abril ou até se esgotarem as 15 mil “Sacolas do Bem” produzidas.
Abastecidas as sacolas, os consumidores têm três opções para enviar as peças, todas gratuitas. Em determinadas localidades da cidade de São Paulo, é possível solicitar a coleta em casa. Nas demais regiões do país, a remessa é feita pelos Correios, com autorização de postagem emitida no site da plataforma. Eles podem ainda fazer o envio por meio de 16 pontos de coleta dos parceiros da startup, sendo duas delas da própria Levi’s em São Paulo.
O modelo do Repassa não foi sempre assim. O negócio nasceu como uma plataforma que comercializava diversos itens de segunda mão. “Em 2017, passamos por uma reestruturação. Lançamos o modelo da Sacola do Bem e focamos apenas em moda. A mudança levou em conta o fato de que 70% das roupas ficam paradas no guarda-roupa, porque as pessoas não têm tempo ou paciência para usar as plataformas tradicionais de venda de usados”, afirma o CEO e fundador Tadeu Almeida. Ele faz referência a dados divulgados pela plataforma de revenda de peças de segunda mão americana, ThredUP.
No Repassa, é feita curadoria e controle de qualidade das mercadorias. A startup se encarrega de toda a jornada dos clientes, incluindo precificação, produção de fotos e catálogos, logística e entrega das peças. A cada venda concretizada, o saldo é disponibilizado aos vendedores na plataforma. Ele pode ser transferido para conta corrente ou usado no próprio site. Os valores também podem ser doados para organizações sociais (há uma lista de 20 ONGs no site), assim como os produtos reprovados no processo de curadoria. “O Repassa passou a entregar uma conveniência para quem quer vender o que não usa mais, mas não quer ter trabalho”, completa Almeida.
A empresa se posiciona como brechó online, mas esse conceito, para muitos brasileiros, ainda é visto como uma forma de ganhar algum dinheiro com roupas que estão encostadas ou como maneira de economizar na aquisição de peças. A ideia de proteger o meio ambiente é mais recente. “Como marca queremos estimular o consumo sustentável, porque acreditamos que a roupa deve ser usada muitas vezes e por várias pessoas. Temos a missão de propagar essa mensagem e, embasados em nossos valores de sustentabilidade e solidariedade, queremos incentivar os impactos socioambientais positivos no mundo”, diz o CEO. Com isso, a startup pretende prolongar os ciclos de vida útil das roupas com uma moda mais consciente.
E haja vestidinho, jeans ou casaco para fazer circular no Brasil. Segundo o relatório Fios da Moda, da Modefica com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV, divulgado em fevereiro de 2021, anualmente são confeccionados no país 8,9 bilhões de peças. Isso equivale, em média, a 42,5 roupas por habitante por ano. Os dados são de 2018.
Se esses números fizeram lembrar da bata que não vê mais a cara do sol desde o verão passado ou do longo usado apenas em um casamento – que até já foi desfeito –, o brechó online funciona assim: quem deseja vender roupas, sapatos e acessórios que amou, mas não usa mais, faz um cadastro no site do Repassa. Por lá, é feito o pedido da “Sacola do Bem”.
Ao receber os itens, a plataforma realiza o processo de curadoria, fotografia e cadastro. Depois disso, os produtos aprovados são colocados à venda no e-commerce. O vendedor fica com 60% do valor amealhado, que vai para o saldo em seu perfil no Repassa. Por fim, o cliente decide o destino do dinheiro, se para seu próprio bolso ou para uma ONG.
PARCERIAS E EXPANSÃO
O fundador do Repassa conta que já foram realizadas 14 parcerias com empresas e instituições. A maior parte delas são com marcas de moda ou de varejo que buscam, ao fechar o acordo, complementar, criar ou ampliar as frentes de economia circular alinhadas às estratégias de sustentabilidade. “O modelo que mais prevalece é o de ponto distribuição e/ou retirada de ‘Sacolas do Bem’ em lojas físicas ou digitais dos parceiros”.
Entre as companhias que fizeram parcerias estão a própria Renner, Havaianas, Shoulder, Intimissimi, Dudalina, Malwee, a administradora de shopping centers Aliansce Sonae, e o Instituto Muda. Juntos, eles somam 107 pontos físicos para retirada das sacolas. “São marcas que compartilham dos nossos princípios ESG para gerar impactos sociais, ambientais e econômicos positivos em toda a cadeia da moda”, reforça.
A aquisição pela Renner, segundo Almeida, promoveu uma grande sinergia nos negócios, na criação de valor para os clientes e, principalmente, no alinhamento dos propósitos e valores das companhias. Uma das decisões foi estabelecer pontos físicos para o Repassa.
Em agosto do ano passado, o Boulevard Shopping BH, na capital mineira, recebeu o primeiro quiosque da startup. Em dezembro foi a vez do Shopping Parque Dom Pedro, em Campinas (SP). Nesses espaços, os clientes podem retirar e entregar as “Sacolas do Bem”.
A partir dessas duas primeiras experiências, o plano é expandir gradualmente o modelo para outras cidades do país. “Em Belo Horizonte, nos seis primeiros meses de funcionamento, o quiosque registrou uma média semanal de 400 pessoas atendidas e de quase 56 mil peças recebidas”, celebra Almeida. Esses produtos são encaminhados ao centro de distribuição da empresa, localizados em Jundiaí e na capital paulista.
O Repassa reporta que, somente em 2021, a plataforma promoveu a doação de quase 210 mil itens e R$ 1,7 milhão para mais de 20 projetos sociais. E há outro cálculo que a startup divulga: desde sua fundação, a empresa possibilitou a economia de mais de 1 bilhão de litros de água e de 24 milhões de quilowatts/hora (kW/h) de energia que seriam necessários na fabricação de um volume equivalente de peças novas. Com a circulação das roupas e a ampliação de sua vida útil, também foram evitadas a emissão de 2,4 toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Fonte: Fast Company Brasil
https://sbvc.com.br/startup-atualiza-conceito-de-brecho-e-estimula-...
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