Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Quando da Proclamação da República em 1889 um ano após a libertação dos escravos, Pernambuco enfrentou logo de cara a crise do açúcar. Tanto o Jornal Pequeno, como o Jornal do Recife, periódicos da época trazem comentários sobre esse momento de crise econômica enfrentado pelo Estado. No geral, isso se deu pela própria conjuntura econômica nacional, que como sabemos passara por uma crise inflacionária no Governo Prudente de Morais, e pelo sucateamento da própria estrutura produtiva dos antigos engenhos - pois era gritante a urgência por uma modernização que só viria a acontecer algumas décadas mais tarde.

Ao mesmo tempo em que se dava a crise no seio da economia açucareira, começava a despertar uma incipiente industrialização. É precisamente aqui que a industria têxtil, que alcançaria certo destaque nas décadas subsequentes, praticamente nasce - isso porque já na ano de 1826 foi criada a primeira fábrica de tecidos de Pernambuco, mas que obviamente era bastante rústica e que teve uma existência parca. Então, esse primeiro surto de industrialização e de instalação de fábricas têxteis foi fruto de uma migração de muitos dos aristocratas do açúcar que migraram para a nova modalidade econômica, tendo a vista o baixo custo de sua efetivação, comparado com a modernização que se fazia mister pela indústria açucareira. Logo, os "doces aristocratas" se converteram em burgueses industriais donos de fábricas. Basta notar as localidades em que estas são fundadas, todas elas antigos engenhos: Torre, Paulista, Camaragibe, Várzea (adquirido posteriormente por Pereira Carneiro que era também dono de engenho).

O surto de fábricas têxteis começou, portanto, em 1891 com Paulista e Camaragibe (Companhia de Tecidos Paulista e Companhia Industrial Pernambucana). Depois vem a da Magdalena, Torre e Goiana. E finalmente em 1895 a Fábrica da Várzea e a de Apipucos (Braz, Silva & C.).

Paulista e Camaragibe, além de serem as pioneiras no estado, são também as de maior expressão. A primeira dentro de 40 anos se tornaria a maior fábrica de tecidos do norte/nordeste, rivalizando inclusive com as do sudeste. E a segunda se destacou logo de início pelo seu trabalho social, inspirado na Rerum Novarum, capitaneado por Carlos Menezes que desde já construiu a primeira vila operária do estado, e quiçá da América Latina. Além disso, ou consoante a isso, realizou todo um trabalho inspirado no catolicismo social que resultou na vinda dos Maristas para Pernambuco. Com isso, as outras fábricas pouco a pouco foram se adequando a esse padrão de fábrica com vila operária, de modo que a de Paulista no seu auge chegou a ter 6000 casas. Fábricas como a da Torre também construiu sua vila.

As outras fábricas, como as de Goiana, Várzea e Apipucos eram de menor porte. A primeira era de estopa, a segunda produzia malha, e a terceira iniciou com brim grossos e logo em seguida passou para a produção de brins finos. Somente na década de 20, com a entrada de Othon Lynch Bezerra de Mello no ramo têxtil que as fábricas da Várzea e de Apipucos vão ganhar destaque, incorporando-se ao Cotonifício Othon Bezerra de Mello. Primeiramente com Apipucos, adquirida junto à Sociedade em Comandita por Ações Braz, Silva & Cia., e posteriormente a Fábrica da Várzea adquirida junto ao Conde Pereira Carneiro. Somente após essa aquisição essas fábricas terão vilas operárias organizadas, pois até então só possuim algumas casinhas de taipa em seu entorno de propriedade da companhia, como era precisamente o caso da Braz, Silva & Cia. Esta, na época de sua instalação só possuía duas casas de alvenaria, uma para o apontador e outra para o mestre de produção, e 3 casas de taipa, uma já existente e reformada pela "companhia" e outras duas construídas com os restos de madeira da construção da própria fábrica.

Portanto, era essa a realidade da indústria têxtil Pernambucana logo de seu surgimento no início do período republicano brasileiro: era uma indústria bastante rústica, porém fundada com capitais do açúcar, com dificuldade de mão-de-obra, pois não havia preparo técnico para esse "novo empreendimento" para a época e que somente aos poucos foi se consolidando conforme sua lenta e gradual maturação.

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Respostas a este tópico

MAGNÍFICO, É  A ESPLANAÇÃO.

ISTO É UM REGATE DA  INDSUSTRIA TÊXTIL DO NORDESTE  E ESPECIALMENTE DE PERNAMBUCO.

INICIEI NA INDUSTRIA TÊXTIL EM 1959, NO COT ALEXANDRIA. POSTERIORMENTE,  ME TRANSFERI PARA O GRUPO DA TORRE EM PERNANBUCO.

A PUBLICAÇÃO TRAZ GRANDES  ALEGRIAS, PELO RESGATE DA MEMÓRIA. PARABÉNS.

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