Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Apesar da indústria de moda ter os objetivos consolidados no que diz respeito à sustentabilidade, ainda está longe de saber como cumprir as metas desejadas. A necessidade de uma linguagem comum é o que falta para o entendimento entre as empresas, fornecedores e consumidores.

A palavra de ordem nos dias de hoje é sustentabilidade e, ainda que seja um conceito badalado por todos, a verdade é que a indústria não está na mesma página no que diz respeito a como lá chegar. O facto de não existirem padrões definidos para medir o nível de sustentabilidade ou critérios para debater o assunto prejudica, em termos de dimensão, a cadeia de aprovisionamento.

O Apparel CPO Survey 2019 da Mckinsey & Company, que foi apresentado na Sourcing Summit, em Nova Iorque, concluiu que a moda sustentável precisa de uma linguagem comum para conseguir progredir. A análise da empresa de consultoria empresarial aponta o Higg Index da Sustainable Apparel Coalition como um exemplo, mas a indústria tem tido dificuldades em comunicar sobre sustentabilidade com um vocabulário comum a todos.

De acordo com o relatório, mesmo o conceito “sustentabilidade” está em constante debate por ser relacionável com diferentes critérios para diferentes entidades, «uma vez que os requisitos de sustentabilidade podem estar relacionados com várias coisas, desde projetos individuais ou coleções-cápsula até estratégias de sustentabilidade integradas e completas».

O facto de não haver critérios definidos específicos não só prejudica o progresso como também confunde os consumidores. Segundo as entrevistas de rua da McKinsey feitas a indivíduos da Geração Z (entre os 16 e 25 anos, neste caso), os consumidores, provenientes de quatro cidades europeias, mencionaram estar confusos com a definição de sustentabilidade e em como identificar as marcas ou retalhistas mais sustentáveis.

Ainda que tudo isto se revele bastante complexo, a necessidade de caminhar para uma indústria mais sustentável a grande escala é imperativo, visto que o consumidor procura cada vez mais práticas amigas do ambiente, o que acaba por ser um fator de grande peso na decisão de compra, principalmente para a Geração Z. Contudo, não é só o consumidor que está a impulsionar uma indústria mais sustentável. «A ação política mudou a estrutura na qual as empresas de vestuário operam e, consequentemente, as regulamentações tornaram-se mais rígidas», refere o estudo da McKinsey.

Na perspetiva da consultora, dizer que é preciso progredir neste sentido é considerado um eufemismo, sendo que apenas 1% dos novos produtos lançados pelas marcas e retalhistas de vestuário do mercado de massas em 235 lojas online foram rotulados como “sustentáveis” (cinco vezes mais que há dois anos atrás).

A McKinsey & Company considera que a falta de um conceito-padrão de sustentabilidade em todo o sector de vestuário pode estar a impedir o progresso. «Uniformização e critérios objetivos para medir a sustentabilidade são necessários, nomeadamente na mistura de matérias-primas sustentáveis», indica a análise.

Caminhar na mesma direção

«Foram feitos grandes avanços, especialmente desde o Rana Plaza em 2013, no aumento da sustentabilidade e transparência social», considera Karl-Hendrik Magnus, associado da McKinsey & Company ao Sourcing Journal. «Aumentar o sourcing sustentável não é nada banal. Requer uma agenda de mudanças muito vasta, convicção real e investimentos significativos. Alguns desafios, como por exemplo a linguagem comum para os consumidores, não podem ser resolvidos por uma só marca, mas sim pela colaboração de todo o sector».

Os CPOs (diretores de compra) inquiridos pela McKinsey afirmam estar prontos para o movimento e antecipam um grande aumento no segmento de produtos que contêm materiais sustentáveis, com 55% dos CPOs a mencionar que, nas empresas deles, querem que pelo menos metade dos produtos entregues sejam feitos com matérias-primas sustentáveis até 2025. Reconhecem ainda que estas medidas são necessárias para «alinhar o sector e informar o consumidor», aponta a consultora.

Quando inquiridos sobre as prioridades de aprovisionamento sustentável de vestuário em agenda para os próximos cinco anos, os CPOs enumeraram matérias-primas sustentáveis, transparência e rastreabilidade, relacionamento com fornecedores, práticas de compra e pegada ecológica no top cinco. Já os esforços sociais sustentáveis, como salários justos, estão na parte de baixo da lista de prioridades.

«Parece que dois fatores estão a influenciar o aumento no foco das questões ambientais», sublinha a Mckinsey & Company. «Primeiro, a sustentabilidade é frequentemente usada pelo público em geral como sinónimo apenas de sustentabilidade ambiental. Segundo, as iniciativas ambientalmente sustentáveis são mais fáceis de implementar».

No que diz respeito a fazer previsões mais específicas sobre o estado da produção de vestuário sustentável em 2025, a Mckinsey afirma que 68% dos CPOs acreditam que é muito ou relativamente provável haver uma parte de fibras recicladas em todas as novas peças de vestuário, enquanto 56% consideram que é extremamente ou relativamente provável que têxteis não-naturais novos e sustentáveis substituam pelo menos um quinto dos têxteis atuais. 69% acham que, nessa altura, já não serão empregues produtos químicos nocivos e 61% adotam uma postura otimista e acreditam que o processamento sem utilização de água será a norma.

Já na relação com os fornecedores, dois terços dos inquiridos consideram que a sustentabilidade será o critério prioritário de seleção na inclusão de novos fornecedores e 61% dizem vai tornar-se comum que as marcas de moda façam investimentos em conjunto com os fornecedores para implementar melhorias ao nível da sustentabilidade.

«Algumas aspirações vão ser difíceis de concretizar. Aumentar o aprovisionamento sustentável é um grande desafio e implica uma verdadeira colaboração na indústria», destaca Karl-Hendrik Magnus. «A maioria dos problemas não podem ser resolvidos por uma empresa individual. A indústria precisa de uma linguagem comum para comunicar a sustentabilidade aos consumidores de formas simples. Este entendimento vai gerar um ciclo virtuoso em que os consumidores vão aumentar a procura por produtos sustentáveis e as empresas vão ter de encontrar maneiras inovadoras de responder a essa procura em escala», conclui.

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