Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Têxteis: A reindustrialização está mais distante, mostram as estatísticas

Têxteis: a reindustrialização está mais distante, mostram as estatísticas

O défice comercial da União Europeia neste sector aumentou 48% e o CO2 é que paga. Portugal está em modo de resistência.

A estratégia de reindustrialização da Europa no sector têxtil não parece ter sobrevivido à pandemia. Os números da Euratex mostram que em 2022 as exportações aumentaram 15%, para os 67 mil milhões de euros, mas as importações dispararam 30%, para 138 mil milhões de euros.

Feitas as contas, o défice comercial da Europa neste sector aumentou 48%, para 70 mil milhões de euros, indica a organização que representa a indústria têxtil e do vestuário da União Europeia, alertando para “o aumento crítico da dependência do exterior em algumas matérias-primas e fibras” e para a importância de “reequilibrar forças”

“É muito difícil aumentar a quota de produção europeia devido aos custos de produção, designadamente os relativos à mão-de-obra e energia", comenta Mário Jorge Machado, presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. “Mesmo no segmento médio, os custos de produção da Europa tornam inviável este desígnio”, afirma ao Expresso.

Quanto a Portugal, vai havendo esforços de manter a fileira têxtil ativa, “mas temos cada vez mais empresas a subcontratarem na zona do mediterrâneo, em especial em Marrocos, mas também na Tunísia e até no Egito”, admite.

E quando isto acontece, há dois modelos de negócio, dividindo as empresas que alocam confeção no exterior e enviam diretamente os produtos do país escolhido para os clientes e as que optam por trazer o produto para Portugal antes de o exportar.

Na comparação com a Europa, Portugal destaca-se pelo saldo positivo da balança comercial, com uma taxa de cobertura de 113% em 2022. Ficou abaixo dos 127% do ano anterior, mas indica capacidade de resistência num ano que entrou na história da têxtil pelo valor recorde de 6,1 mil milhões de euros (+13%) nas exportações.

Já no primeiro trimestre de 2023, o sector viu as exportações aumentarem 2% face a período homólogo, para 1,6 mil milhões de euros, contra uma quebra de 3% nas importações, para os 1,25 mil milhões, o que se traduz num saldo comercial positivo de 341 milhões de euros.

E na análise dos números, para lá da afirmação da indústria têxtil, mesmo numa conjuntura difícil, em que a fileira continua a "insistir no lay-off simplificado por muitas empresas não terem encomendas para assegurar laboração cinco dias na semana devido à quebra da procura," Mário Jorge Machado vê refletido “o impacto direto da inflação”, uma vez que em quantidade as exportações caíram 9% e as importações 14%.

A nível comunitário, o que acontece com os têxteis “é claro: temos a Europa a produzir cada vez mais com energias renováveis e a competir diretamente com países que continuam a usar o carvão. O consumidor paga menos pelo produto, na loja, mas a fatura a pagar pelo planeta está a aumentar”

“É um sistema que leva a Europa a contribuir para o desenvolvimento industrial das zonas que mais contribuem para as emissões de CO2, apesar de estar a impor regras internas para reduzir as emissões de carbono”, comenta.

Mas ao mesmo tempo, diz, “o comércio de têxteis e vestuário está a refletir a retração do consumo devido à inflação e até na China e no Bangladesh as exportações estão a cair”.

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