Toalha em fase de produção na fábrica da Döhler, em Santa Catarina (Foto: Foto Mundo/Divulgação)
Considerado um dos maiores parques da indústria têxtil brasileira, o setor vive um período de desafios em Santa Catarina. O fechamento de empresas como a centenária Fábrica de Tecidos Carlos Renaux se contrapõe à expansão de outras, como a Döhler, que chegou aos 132 anos comemorando um crescimento de 14% em relação ao primeiro semestre de 2012.
A atividade é uma das mais importantes da economia catarinense, com marcas tradicionais como Karsten e Teka. Conforme dados da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), há cerca de 1900 fábricas no estado, que empregam 58.989 trabalhadores.
"As empresas que conseguem entender o comportamento do consumidor estão se reinventando", diz Sérgio Pires, presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Têxtil, do Vestuário e do Calçado, da Fiesc.
Ele reconhece que o setor perdeu competitividade, mas vê perspectiva devido ao aumento do consumo e, consequentemente, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
"A alta carga tributária, o elevado custo de produção e o aumento dos produtos importados no mercado nacional, principalmente os confeccionados, fizeram com que perdêssemos espaço. Por outro lado, temos empresas crescendo a dois dígitos", avaliou Pires.
O encerramento dos trabalhos na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, situada em Brusque, no Vale do Itajaí, reflete a crise que vive a indústria têxtil no Brasil. Após 121 anos de atividades, a empresa teve o pedido de falência decretado pela Justiça no dia 15 de julho.
A falência da unidade gerou 230 demissões. "Nos últimos 10 anos, quando os problemas tiveram início, foram quase mil desempregados", segundo Rolf Bückmann, ex-presidente do Conselho e bisneto do cônsul Carlos Renaux, fundador da fábrica. Desde então, o advogado Gilson Sgrott é responsável por administrar a massa falida da Renaux.
A empresa não obteve sucesso no seu plano de recuperação judicial, iniciado há quase dois anos. “Começaram a se aglomerar parentes distribuídos em todas as representações do negócio e isso se tornou um grande problema. Além disso, não foi possível competir com os chineses. Nossos custos de produção são bem mais altos que os deles. Eu buscava terceirizar a produção, mas meu irmão, que gerenciava o negócio, optou para que continuássemos trabalhando no desenvolvimento dos produtos”, afirma Bückmann.
Outras duas centenárias do setor – a Buettner, de 1898, e a Schlösser, de 1911 – passam por processo de recuperação judicial e enfrentam desafios para se manter no mercado.
Na contramão da crise
Instalada no ano de 1881 em Joinville, no Norte do estado, a Döhler vai na contramão da crise do setor e pega carona no crescimento da economia brasileira. Com três mil funcionários, a empresa dobrou de tamanho nos últimos cinco anos. "Produzimos em média 1,4 mil toneladas atualmente. Em 2008, a produção era de 750 toneladas. Crescemos 14% em relação ao primeiro semestre de 2012", diz o diretor comercial, Carlos Alexandre Döhler.
No ano passado, o faturamento da fábrica foi de R$ 389,8 milhões e a previsão é de bons resultados em 2013. "Investimos R$ 12 milhões em uma nova tecelagem, totalmente climatizada, para garantir o conforto térmico dos colaboradores e melhorar a eficiência da produção, controlando a umidade e a temperatura no ambiente", afirma o empresário.
Após uma mudança de posicionamento, que teve início em 2008, a empresa se voltou ao mercado interno, com foco na chamada nova classe média. "Se antes quase 60% da produção era exportada, atualmente esse número não passa de 8% do faturamento", diz Carlos Alexandre.
Ele assegura que ter adotado uma nova estratégia de mercado não significa que a empresa estivesse passando por problemas financeiros. "Ao contrário. Nossa empresa é sólida. Se conferirmos os balanços dos últimos 30 anos, veremos que a Döhler aparece extremamente capitalizada, acima dos padrões, inclusive", destaca, sem explicar o motivo de ter mudado de postura.
Até porque no mercado nacional, a concorrência aumentou. "Existe mais concorrência entre produtos voltados para a nova classe média. O segmento é competitivo não só entre as produções nacionais, mas muitos dos importados chegam ao país com foco no mercado consumidor que mais compra atualmente", acrescenta. A Döhler exporta basicamente para a América do Sul e América do Norte. Nos Estados Unidos, mantém a Döhler USA, com centro de distribuição em Miami.
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2013/09/texteis-cente...
Cristiano Anunciação Do G1 SC
Tags:
O segmento é competitivo não só entre as produções nacionais, mas muitos dos importados chegam ao país com foco no mercado consumidor que mais compra atualmente",
“Começaram a se aglomerar parentes distribuídos em todas as representações do negócio e isso se tornou um grande problema. Além disso, não foi possível competir com os chineses.
Atuei por 09 anos numa Fiação Japonesa de Tradição em no estado de São Paulo que não sobreviveu à crise americana de 2009 e a alta do preço do Algodão e sucumbimos em 2010. Ainda mais com um Sindicato "de joelhos prostados" não conseguiu ajudar os que mais precisavam.
É bom saber que algumas indústrias ainda conseguem vencer os grandes desafios do mercado.
Ainda sim é impossível esconder a tristeza que tenho de ver funcionários que atuaram comigo (especialistas nas suas funções) são hoje obrigados a "rebolar" pra sustentar suas famílias. Mão-de-obra qualificada e especializada sem chance de conseguir prosseguir utilizando seus talentos.
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por