Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Na iminência do vencimento do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial pelo incentivo do Gás (Progás), em abril de 2015, e a reformulação do Proadi emperrada no Gabinete Civil, o estado perde a competitividade frente a outros estados do nordeste. A avaliação é do empresário João Lima, presidente do Sindicato da Indústria Têxtil do Rio Grande do Norte. Somente em isenção de 75% do ICMS cobrado às indústrias, o Estado desembolsou R$ 394 milhões em 2014. No ano que vem, a conta sobe para R$ 304 milhões, segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).

Atualmente, a indústria do RN pleiteia o aumento do incentivo de 75% para 99%. Segundo João Lima, os incentivos são os únicos diferenciais do estado, uma vez que não oferece outras garantias para o empresário, como infraestrutura e transporte. A que recebeu maior isenção em outubro foi uma gigante têxtil: a Guararapes, com desconto de R$ 4,4 milhões.

Em entrevista à TN, João Lima fala sobre a estagnação da indústria têxtil do RN e as possibilidades para retomada do crescimento. Os desafios econômicos do estado serão debatidos na próxima segunda (1º), na 22ª edição do seminário Motores do Desenvolvimento, na Federação da Indústria do RN (Fiern). Acompanhe: Qual a situação da indústria têxtil potiguar? O Rio Grande do Norte é um pedaço do Brasil. A indústria de manufatura representa 1,5% do PIB do Brasil e a indústria de potiguar reflete isso. Não é apenas têxtil. A indústria tem enfrentado uma situação adversa. O setor de têxteis e confecção no RN, diferente do Brasil, tem se mantido. Não cresceu, mas se manteve. Eu diria que se pegar de 2014 em relação a 2013, teríamos crescido de 2% a 3%. Mas o setor de manufatura – um setor que pega a matéria-prima e gasta energia e mão-de-obra para criar o produto final – enfrenta uma concorrência muito grande de produtos importados. No Brasil, o custo de mão de obra e energia subiu mais do que a inflação. As nossas fábricas de manufatura têxtil são competitivas e modernas. Mas apesar de termos um mercado robusto e crescente, o crescimento do consumo tem sido abastecido por importações. Então nosso setor não cresce. Por outro lado, o setor também perdeu a capacidade de exportar.

Por que? Porque concorre com produtos que vêm da China e sem isonomia. Por mais que você tiver a produção dentro da fábrica, eles têm a energia mais barata. Não bastasse, o câmbio brasileiro em relação real ao dólar é supervalorizado. Produto externo fica mais barato para importar e o nosso mais caro para exportar. Isso tem dificultado o crescimento da indústria de manufatura. Hoje, somos apenas 15% do PIB brasileiro.

Mas se o cenário externo não tem sido favorável e há essa invasão no interno, como o setor têxtil do RN tem se mantido? Não caiu este ano, mas está estabilizada. As indústrias nossas de uma forma geral fez uma adequação há alguns cinco anos trabalhando o mercado interno, e são muito fortes. Então, internamente elas conseguem se manter. Poderia estar crescendo.

O MAIS RN aponta que alguns fatores afetam essa baixa participação da indústria na economia. No caso da têxtil, o que acontece? Se você pensar no que o estado pode fazer é trabalhando os seus dois programas: Proadi e Progás, e ambos tem possibilidade de melhoria. Mas há um movimento para reduzir o Progás, mas isso seria um desastre para a indústria de manufatura. Em relação ao Proadi, o Governo fala em uma melhoria. Isso ajuda na competitividade de qualquer setor do estado. São os únicos programas do estado. Mas além disso há as licenças ambientais, por exemplo. Toda burocracia, por mais que não pareça, gera um custo. Isso tudo atrapalha a competitividade da indústria no estado. Todas as grandes indústrias do estado – tirando a construção civil, que é muito volátil – possuem o Proadi e o Progás.

No exemplo da Coteminas, quanto vocês economizam, em média, com esses benefícios fiscais? O segundo empregador do estado é o de têxtil e confecção. Os dois juntos devem ter quase 40 mil empregados. Mas não posso dar qualquer número relacionado à empresa. Empregados são 1500.

No caso da fábrica da Coteminas na Zona Norte, continua a expectativa de montar um shopping? Nós temos ali um empreendimento imobiliário. Não fechamos a fábrica, nós fizemos uma readequação. Parte do terreno que tinha fiação e tecelagem – menos nobre e não tinha mais sentido ficar dentro da cidade – nós levamos para João Pessoa e Campina Grande. Em Natal continua a parte nobre, estamparia, e vai continuar sendo mantido. Teremos ali um empreendimento muito mais nobre e que vai gerar mais emprego, e vai sair. A parte fabril, com 700 empregos, vai continuar ali. O tecido natural vem de João Pessoa, é tinturado e segue daqui. Para você ter uma ideia, toda produção mesa e banho da Santista é costurada no RN.

Mas por que tirar do RN? Aqui (na fábrica de Macaíba) nós não temos espaço e lá (na Paraíba) estamos em baixo da rede básica de energia. Temos uma fábrica enorme e com todas as vantagens. Hoje, para competir no Brasil é preciso ter eficiência e produtividade dentro da fábrica com a maior competência possível. Mesmo se o RN oferecesse mais incentivos, acredito que a fábrica não ficaria por causa da mobilidade. Aquela região tende a ser de comércio. A indústria tende a procurar áreas com menos concentração urbana. Queremos agora algo de alto nível para a Zona Norte, mas não temos pressa. Para isso torcemos muito para que os acessos prometidos pela Zona Norte saiam.

Com relação à infraestrutura, o transporte de cargas é dificultado para a indústria têxtil? Hoje nós não temos tanta dificuldade. É óbvio que grande parte da nossa produção vai para o sudeste e por rodovia. A estrutura rodoviária do Brasil não é boa. Agora, se existissem linhas de cabotagem seria mais fácil. Ferrovia é mais difícil. A linha de cabotagem vai acabar saindo. Normalmente tem até um custo mais barato e, por outro lado, esvazia mais as nossas estradas. Nós estamos estudando sempre. Teoricamente é um transporte mais demorado, mas há alternativas atualmente que são quase o mesmo tempo. Se for o mesmo tempo e com um custo menor, seria uma vantagem melhor. Mas ferrovias também seriam interessantes, porque o nosso sistema de rodovias também não são das melhores. Algumas rodovias estaduais são um desastre, com risco de acidente.

Com relação ao Proadi, como a reformulação poderia impactar o setor? Por que o projeto ficou parado? O principal pleito é o aumento de 75% para 99% de abatimento no ICMS. O Ceará dá, por que o RN não pode dar? Teoricamente, um estado com aquele tamanho de economia, não precisaria dar o incentivo que dá. Eu não inventaria moda. O projeto que hoje tramita é quase uma cópia do Ceará. Acho que o emprego na indústria de manufatura é o de maior qualidade para todos os países. Se o estado quer gerar emprego industrial, precisa incentivar. Veja bem: a maioria das indústrias que produzem aqui vendem para o sudeste, que é o maior mercado. Se não tem incentivo, era melhor ter ficado lá.

Mas e a qualidade da mão-de-obra, influencia? Nós (a Coteminas) treinamos. Preferimos pegar pessoas sem qualificação e fazer o treinamento.

Segundo o Mais RN, o estado ainda é muito carente de mão-de-obra. A indústria deve tomar à frente na qualificação? Veja bem, o Sistema S tem feito um trabalho brilhante, tem know-how de treinamento e ajuda a indústria. O Brasil tem que agradecer. Principalmente por meio do Pró-Sertão, que leva qualificação e emprego para o interior do RN. É lá que o emprego precisa ser gerado.

O Pró-Sertão já trouxe alguma melhoria para a indústria têxtil? As empresas que estão usando estão muito satisfeitas. Acho que é uma tendência que veio para ficar. Ele é um projeto vitorioso hoje. Por que é um modelo benéfico? Para a confecção é um modelo ótimo. A empresa compra o tecido de fora, ele corta no setor de modelagem. O que é investimento em equipamento fica aqui. Manda para uma cidade no interior, confecciona, volta e embala. Quando esse produto volta ele tem controle da qualidade final. É um processo fácil. A cidade pequena não tem os custos que há na grande.

FONTE: http://www.maisrn.org.br/noticia/texteis-perdem-competitividade/

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