O ambiente de negócios no Brasil é hostil, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Rafael Cervone. A agenda preparada pelo representante do setor para que essa situação mude e a indústria de tecido e confecções volte a crescer é extensa. Segundo o documento, flexibilização nas relações de trabalho, segurança jurídica, tributação menor e menos complicada, melhor infraestrutura, política de comércio exterior e de financiamento mais adequadas à realidade do país darão impulso à indústria.
Nada, porém, poderá avançar sem que a política macroeconômica privilegie a redução do gasto público, leve à correção do câmbio e ao controle da inflação. Os setores têxteis, de confecções e de calçados têm acompanhado o drama do encolhimento da participação da indústria no PIB e sentem os efeitos da importação. "Precisamos de uma política industrial consistente e de longo prazo que favoreça a competitividade e a previsibilidade", reforça o presidente da Abicalçados, Heitor Klein.
Os setores têxtil, de confecções e o de calçados dividem algumas características: contam com uma cadeia produtiva nacional completa, utilizam muita mão de obra e são sensíveis às variações do câmbio. Os representantes consideram que a indústria fez a lição de casa ao investir e inovar, mas que o esforço tem esbarrado nas políticas do governo, que eles consideram equivocadas. Cervone preocupa-se com o aumento do endividamento e a retração do "espírito animal" dos empresários, como a expectativa de lucro que motiva os investimentos. Ele identifica uma tendência clara de desindustrialização no setor que lidera.
Como ainda não ocorreu o fechamento definitivo de unidades produtivas, Klein acha que ainda é cedo para identificar tal tendência no ramo de calçados. Apesar de manter a posição de terceiro produtor mundial e de exportar para 150 países, cresce a preocupação dos empresários. Existe dificuldade de competir nos mercados internacional e interno com a produção asiática. "Quando olhamos para 2015, não percebemos indicadores de reação expressivos."
O diretor do Instituto de Economia da Unicamp, Fernando Sarti, entende que existe um processo de fragilização da indústria. "A dificuldade de rentabilizar com a produção pode comprometer de forma definitiva os investimentos industriais tanto em capacidade como em inovação", diz. O economista observa que a variável mais estratégica, que é a demanda, ainda não desapareceu, mas que a importação, principalmente da China, ocupa cada vez mais espaço. Mas ele chama a atenção para um ponto: "Em alguns casos não existe perda de rentabilidade dos grupos econômicos, que importam e aumentam a rentabilidade investindo em ativos mercadológicos".
O parque fabril têxtil reúne mais de 33 mil indústrias entre os segmentos têxtil e de confecção. Segundo Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial, IEMI, desde o baque que sentiu nos anos 90, o setor têxtil tem investido e buscado eficiência. Houve renovação do parque industrial, que se encontra hoje com uma idade media de dez anos. A cadeia mostra sua fortaleza nos segmentos de malharia, lingerie, infantil e praia. O jeans ocupa posição de destaque com crescimento anual de 5% em cinco anos.
Cálculos aproximados mostram que o segmento de cama, mesa e banho, sentiu fortemente os impactos do câmbio, com as exportações despencando, de 45% para 5% da produção entre 2007 e 2013 anos. E a importação de roupas cresce 27% ao ano. Segundo Prado, estima-se que a participação do volume de importados cresça de 12%, em 2013, para 20%, até 2020.
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Por Helô Reinert | Para o Valor, de São Paulo
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Não dá para entender.
A pouco a ABIT manifestou seu apoio a um candidato a governo de SP.
Esse candidato passeia pelos corredores do governo atual, até fez alianças com o partido aliado do governo para lançar sua candidatura. Procura apoio na base governamental e quem sabe o que prometeu em troca do apoio. Um candidato que se apoia nas instituições filiadas a FIESP para se promover, que tenta aparelhar politicamente instituições , com todo o risco que essa atitude impõe, e o faz por auto promoção....como agora criticar o politica industrial de um governo no qual o candidato apoiado pela ABIT tem veladas relações?
Sempre concordo com as afirmações do presidente atual da ABIT, mas apoiar um candidato chapa branca e depois criticar politicas publicas estatais...me parece incoerente...
Infelizmente o uso politico que esse senhor candidato está fazendo e fez das instituições da FIESP , ABIT e do sistema S, e um aparelhamento político disso, só tem trazido e trará cada vez mais situações embaraçosas características quando se busca uma trampolim político e se encontra ressonância. A independência de opiniões é uma delas.
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