Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Tarifaço de Trump: entenda quais setores podem ser mais afetados no Brasil

Sobre o aço, Trump destacou a necessidade de encerrar acordos especiais com diversos países que facilitavam a entrada em território americano de metais importados de lugares com "capacidade excessiva de produção", especialmente da China. O presidente também cita entre esses países o Brasil, a Argentina e o México.

A notícia acende um sinal de alerta especial para o mercado local, já que o Brasil é o segundo maior vendedor de aço para os americanos, atrás apenas do Canadá, de acordo com o American Iron and Steel Institute. Em 2024, segundo o Instituto Aço Brasil, os EUA ficaram com 60% do volume de exportações de produtos siderúrgicos do Brasil.

Além do alumínio e do aço, Trump também disse que revelaria nesta semana tarifas recíprocas a países que, na sua avaliação, "tiram vantagem" dos EUA, o que pode incluir a União Europeia.

Na avaliação do Commerzbank, a imposição das tarifas sobre aço e alumínio é provavelmente "apenas o começo" da ofensiva tarifária de Trump, e que pode desencadear respostas que levarão a uma escalada na disputa tarifária global.

A União Europeia, por exemplo, já "prometeu reagir a quaisquer tarifas impostas para proteger os interesses" do bloco, diz o banco. A China também respondeu à ofensiva tarifária dos EUA, e outros países podem seguir o mesmo caminho.

Quais ações brasileiras podem ser afetadas pelas tarifas dos EUA ao aço?

A ofensiva de Trump sobre o setor de aço e alumínio pode pesar nas ações de várias empresas brasileiras listadas em bolsa, como Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3), Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4 GGBR3) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4 GOAU3).

O setor industrial também olha para o tema com atenção e com sentimentos ambíguos. Afinal, a taxação dos produtos chineses e as ameaças contra México e Canadá representam riscos, porém também oportunidades.

Por enquanto, a parte dos riscos está sendo apenas monitorada, sem desencadear uma articulação entre segmentos industriais para levar as preocupações com as medidas de Trump ao governo. Já as oportunidades estão sendo mapeadas não só na maior economia do mundo, mas também nos países que vão retaliar os EUA.

Como as tarifas impactam os diferentes setores da indústria?

Até agora, apenas tarifas contra a China entraram em vigor - e foram alvo de revide dos chineses. As tarifas de 25% anunciadas sobre os produtos do México e do Canadá foram suspensas após acordos com os dois países. Mas se elas forem aplicadas, surgem oportunidades, por exemplo, para as montadoras e fabricantes de máquinas brasileiros.

  • "As marcas que estão no Brasil são, em sua maioria, as mesmas que têm fábricas no México e fornecem aos EUA. Hoje, os produtos brasileiros entram nos Estados Unidos com tributação, mas os do México entram sem. Quando eles também tiverem de pagar os 25%, passaremos a ter mais chances de explorar o mercado americano", afirma Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a entidade que representa as montadoras.

  • "Pode aparecer uma oportunidade de exportação ao México", afirma José Velloso, presidente executivo da Abimaq, associação da indústria de máquinas e equipamentos. Ele diz que o setor pode receber mais pedidos do México se o país deixar de comprar dos EUA.

Já em relação a substituir máquinas chinesas em solo americano o executivo considera mais difícil, uma vez que a tarifa adicional imposta por Trump à China, de 10%, não foi tão alta.

Na indústria de produtos químicos, a avaliação é de que as tarifas do republicano contra a China podem abrir um canal de exportação aos EUA. André Passos Cordeiro, presidente executivo da Abiquim, a associação da indústria química, pondera que o produto químico americano já é muito competitivo em custo, o que dificulta a concorrência.

  • "Haverá uma sobra de produtos no mercado internacional que, certamente, será redirecionada a mercados como o Brasil a preços bem abaixo do normal, inclusive do custo de produção", comenta André Passos. "O governo tem de ficar alerta para uma eventual elevação do volume de importações repentina, acompanhada de uma queda de preços pelo deslocamento de oferta", acrescenta o presidente da Abiquim.

Esse potencial excedente de produção preocupa também a indústria têxtil brasileira. O diretor-superintendente da Abit, Fernando Valente Pimentel, observa que os desdobramentos indiretos da política comercial de Trump são grandes.

Como o Brasil se prepara para responder às tarifas dos EUA?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocará o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para debater qual será a posição do Brasil após o anúncio das tarifas extras sobre alumínio e aço pelos EUA.

Desde a vitória de Trump, o Palácio do Planalto emitiu um alerta a alguns ministérios da área econômica para que ficassem de prontidão em relação à promessa de aumento de taxação de produtos importados pela maior potência econômica do globo.

Aos técnicos, foi designado que se debruçassem sobre medidas que poderiam ser adotadas pelo Brasil em caso de uma iniciativa americana. A ordem inicial era para que houvesse um cardápio de opções para atuação doméstica, em caso de as promessas serem efetivadas.

Oficialmente, Lula falou sobre reciprocidade, isto é, devolver as tarifas com a mesma moeda, impondo taxas sobre os americanos - como é de praxe em situações como essa no comércio global. Mas ainda não houve nenhum anúncio oficial sobre o tema.

https://investalk.bb.com.br/noticias/economia/vale-esta-tarifaco-de...

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