Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Governo tenta recuperar o Oshima Tsumugi, mas seda artesanal pode desaparecer.

É em uma fazenda de doze acres na ilha de Amami Oshima, no sul do Japão, que os irmãos Tokuharu e Takaki Koshima continuam o trabalho que seu avô iniciou há mais de 50 anos: criar o tecido Oshima Tsumugi, que hoje corre risco de extinção.

Existem evidências de que ele começou a ser produzido há cerca de 1300 anos, mas o caráter artesanal de seu tear é um dos motivos mais expressivos de sua importância. Fios de seda brancos – que originalmente vinham da mesma ilha, mas hoje também são importados do Brasil – são sua matéria prima. Para criar o tom preto, por exemplo, os tecidos são mergulhados 20 vezes em uma mistura de fenol com lascas de madeira da árvore Yeddo Hawthorn. Em seguida, artesãos em waders — uma veste de borracha que cobre dos pés ao torso — mergulham os fios em água enlameada com as mãos nuas, independentemente da temperatura. A lama amami, repleta de ferro, cria uma composição química única com a tinta da madeira, tornando os fios escuros. Depois desse processo ser repetido cinco vezes, o tom preto ideal é finalmente alcançado. Além do trabalho ritualístico dar valor inestimável às peças — raridade no esquema fast fashion dos dias de hoje –, compostos químicos não foram capazes de reproduzir a cor profunda, brilhante e o toque macio dos componentes naturais.


Como outras produções baseadas em técnicas tradicionais, a demanda está declinando. Entre as dificuldades de comercialização está seu alto preço e o tecido ser muito estreito, como é comum para a fabricação de quimonos. O governo japonês, porém, está trabalhando para expandir seu uso além das vestes tradicionais, e assim pretende alcançar um novo mercado. Uma exposição no distrito de Shinjuku foi inaugurada em homenagem às tramas, com peças assinadas por Yohji Yamamoto, Needles e Sasquatchfabrix. O apelo para que essa manufatura sobreviva é tanto que a mídia internacional tem dado atenção para a causa: a revista Intelligence Mag foi até a ilha para retratar o processo, e fez as imagens afetivas que ilustram a matéria.

“Nós mudamos o lugar em que fazemos a tintura com lama a cada duas semanas porque depois de um tempo o solo começa a ficar pobre de ferro”, comenta Katsuya Taira, um artesão de 68 anos que trabalha com a família há cerca de 30 anos, ao portal WWD. “É um trabalho que demanda muito fisicamente, mas eu quero continuar fazendo enquanto eu tiver forças“, completa.


Para criar as formas geométricas e florais típicas da marca, alguns fios são tecidos juntamente com algodão antes de serem tingidos. Depois do algodão ser removido, os fios ficam com um aspecto listrado — que não tem nada de acidental. Todas as estampas do Oshima são pinturas, depois viram grades que servem de base para que os artesãos saibam que partes dos fios precisam ser pintadas para reproduzir os desenhos. Essa é a parte mais importante do complexo processo: são necessários de 6 a 10 meses para que os tecidos estejam devidamente coloridos.

Tokuharu Koshima, designer, está empenhado em não deixar o tecido desaparecer: “eu quero utilizar o Oshima Tsumugi de novas formas e para fazer novas coisas”, conta ele. “Eu acho que é importante pensar em novas ideias”.

 
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