Tecido Tecnológico Recarrega Bateria do Telefone Celular

[Textile Industry]

Por Drake Bennett | Bloomberg Businessweek

As mulheres na vida de David Carroll falam pelos cotovelos e isso sobrecarrega as baterias de seu telefone celular. "Minha esposa gosta de me ligar e essas ligações são demoradas quando ela começa a me contar suas histórias", diz ele. "Dá pra ver o medidor de energia baixando".

Carroll, que é físico e diretor do Centro de Nanotecnologia e Materiais Moleculares na Wake Forest University, estava discutindo esse problema no ano passado com Lauren, sua filha de 10 anos, quando ela deu uma sugestão. E se Carroll pudesse projetar algo que aproveitasse o calor da mão das pessoas ou do próprio telefone para proporcionar mais carga à bateria do celular? Carroll concordou que isso seria muito legal.

No mês passado, o laboratório de Carroll apresentou um tecido que faz exatamente isso. Denominado Power Felt, ele gera eletricidade a partir do calor. Envolva seu telefone celular no Power Felt e ele passa alimentar-se do calor de seu corpo para se recarregar enquanto estiver em seu bolso. Carroll é sulista até a medula - é descendente de alguns dos primeiros colonos brancos da Carolina do Norte, e sua família doou parte do terreno onde fica a Universidade Wake Forest - e ele sabe perfeitamente como o calor do verão pode ser intenso. Ele diz que o Power Felt, se instalado logo abaixo do telhado de uma casa, pode ser usado para prover eletricidade a eletrodomésticos. Coloque-o no chão de um carro e você poderá aproveitar o calor em um estacionamento ao meio-dia para fazer funcionar o ar-condicionado e o rádio. Em um veículo movido a eletricidade ou um carro híbrido, o Power Felt pode aumentar o rendimento energético.

O desafio para sua equipe, diz Carroll, foi criar algo que fosse eletricamente condutivo, como um metal, e termicamente isolante, como um tecido. A solução foi imprimir nanotubos de carbono em um tecido de fibras de plástico. Como são necessários relativamente poucos nanotubos de carbono para proporcionar propriedades termoelétricas aos tecidos, o custo é razoável. Carroll estima que, fabricado em grande escala, um dólar de Power Felt poderá ser suficiente para envolver um telefone celular.

Carroll diz estar em conversações com mais de 20 investidores e colaboradores em potencial - entre eles a Thales, empresa que atua nos setores de defesa e aeroespacial. Carl Batt, cofundador do Centro de Nanobiotecnologia da Universidade Cornell, diz que o feltro concebido por Carroll é "uma abordagem interessante" à geração de energia. "É um campo relativamente inexplorado."

Na área de tecidos, afirmações muitas vezes bombásticas envolvendo nanotecnologia estão sendo materializadas. Engenheiros têm sido capazes de usar nanoporos e nanofilamentos - orifícios e fios com a espessura de uma molécula - para produzir tecidos que matam bactérias e protegem contra produtos químicos perigosos.

Carroll diz acreditar que o Power Felt poderá alimentar sensores usados no corpo, possivelmente embutidos em roupas, que permitiriam aos médicos monitorar remotamente a saúde de seus pacientes. E envolver em Power Felt aparelhos eletrônicos portáteis, observa Carroll, é muito mais barato do que aperfeiçoar suas baterias. "Enquanto estive falando com você, a parte de trás do meu telefone ficou quente", diz ele. "Por um dólar, nosso pedaço de tecido poderia suprir a carga equivalente à fornecida por uma bateria de US$ 50." (Tradução de Sergio Blum)

Fonte:|http://www.valor.com.br/empresas/2588412/tecido-tecnologico-recarre...