Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Tecnologia inovadora pode reduzir poluição no setor têxtil

O projeto “CirRe-Dyeing” pretende criar uma plataforma circular que permita reutilizar os corantes utilizados nos processos de tingimento de fibras e tecidos, bem como a água presente nos efluentes.

O projeto está a ser desenvolvido por uma equipa de duas dezenas de investigadores do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, em parceria com o Instituto Indiano de Tecnologia de Madras.

Atualmente, a indústria têxtil está entre as cinco maiores poluidoras do mundo, em particular no que respeita ao consumo de água. A previsão é que, até 2030, haja um crescimento de produção de têxteis na ordem das 145 milhões de toneladas. “Nós sabemos que quando há o tingimento das fibras e dos tecidos, continua a existir uma quantidade significativa de corantes que estão nos efluentes e o objetivo, com este processo, é que consigamos reutilizar os corantes para o processo de tingimento de fibras, bem como a água que tem nestes efluentes”, sublinha à Rádio Vizela Jorge Pereira, docente do DEQ e investigador no Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade e que coordena o projeto “CirRe-Dyeing”.

“Se conseguirmos reequilibrar a água e os corantes nos sucessivos processos de tingimento, no final o que temos é uma menor necessidade de água e de iniciar outra vez o processo”. “O conceito é voltar a reutilizar os corantes e a água nos novos processos de tingimento, ou retinginmento, seria retingir as fibras em processos consecutivos”, explica o responsável.

No fundo, esta tecnologia “permite recuperar e reutilizar a água, os corantes e os aditivos que constituem esse efluente contaminado o maior número de vezes possível, dentro de um conceito de economia circular”. “O objetivo é possibilitar à indústria a redução dos consumos de água, mas também de corantes, que embora sejam de baixo custo, têm um impacto ambiental brutal”. Em simultâneo, “irá reduzir significativamente a quantidade de contaminantes presentes nos efluentes, facilitando o tratamento da água subsequente, através de processos mais convencionais e, consequentemente, diminuir os custos associados. Queremos uma plataforma sustentável ambiental, económica e socialmente, que possa ser utilizada em qualquer parte do mundo e em diferentes indústrias”.

À Rádio Vizela, o investigador explica que “o princípio [aplicado] é o conceito de economia circular; é reutilizar e maximizar a utilização dos resíduos, transformando-os em produtos de valor acrescentado”. “Se nós olharmos para um efluente com cor podemos considerar que aquilo é um efluente, é um resíduo, ou podemos olhar para aquilo e ver se se encontram alguns compostos que podem ser maximizados através do conceito de economia circular”, aponta.

A designação do projeto - “CirRe-Dyeing” – traduz isso mesmo: “O conceito vem de circularidade, reutilizar e retingir; a nossa ideia é um retingimento através de processos circulares”.

 Já há contactos com empresas da região do Ave, admite o investigador Jorge Pereira

 A equipa já submeteu “um pedido provisório de patente”. “Já temos a demonstração numa escala laboratorial e a ideia agora é darmos sequência, ou seja, através de parcerias ou de acordos para avançar para demonstração a um nível piloto – que já simula um ambiente industrial - e, claro, a nossa ambição seria conseguirmos que a tecnologia fosse realmente implementada a nível industrial”, perspetiva o investigador.

Sem adiantar quais, Jorge Pereira adianta ao nosso semanário que já há “alguns contactos com algumas empresas”, inclusive da região do Vale do Ave, mas também com “algumas plataformas de sustentabilidade”. “É um projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, mas também pela agência de ciência da Índia, é um projeto que teremos não só impacto ao nível nacional, mas também ao nível internacional, com os nossos parceiros da Índia, ou seja, é uma área em que há muita preocupação ambiental e as empresas estão interessadas e acreditamos que essa sinergia universidade/indústria vai permitir, efetivamente, transformar este conhecimento científico em soluções reais para as indústrias”, destaca o docente, que admite que esta nova tecnologia “possa ser usada noutros tipos de indústria”.

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