Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Tem Muita Moda Consciente Sendo Feita Por Mulheres No Brasil

Matéria para o site paulista Modefica, um destino de inspiração diária que une moda, estilo e cultura a boas causas e consumo consciente (Junho 2015).

mulheres na moda consciente ética sustentável Brasil modefica

Desde o início da conquista de espaços no mercado de trabalho, as mulheres vêm se destacando em cargos importantes, mesmo com as dificuldades e as desigualdades de gêneros impostas pela sociedade. Com a moda, desde sempre, não foi diferente. Basta pensarmos por alguns segundos que nos vem à cabeça nomes como Gabrielle Chanel e Mary Quant, revolucionárias em adequar, à beleza e estilo das roupas que criaram, uma necessária e já tardia liberdade.

Décadas mais tarde, com o avanço do fast-fashion e de suas enormes corporações, a consciência de uma moda mais justa, humana e ambientalmente eficiente começou a ganhar força no trabalho desenvolvido por mulheres. A britânica Vivienne Westwood, que, desde a época do punk incorporava às suas coleções mensagens de ativismo e insatisfação com as regras de conduta de uma sociedade desigual e intolerante, começou a agir com o mesmo entusiasmo em prol de uma moda menos insustentável.

Ela passa a questionar o consumo desenfreado, criar e apoiar campanhas ambientais – como sua Climate Revolution e outras tantas em defesa ao meio ambiente. Sua frase “Buy Less, Choose Well, Make It Last” (Compre Menos, Escolha Melhor, Faça Durar), já é lema entre os defensores da moda slow e do consumo consciente.

Também de Londres e igualmente renomada, a designer Stella McCartney praticamente dispensa apresentações de seu “ativismo fashion”. Vegetariana convicta e defensora da causa, assim como seu pai, o Beatle Paul McCartney, deixa claro que não usa matéria prima animal, como couro e peles. Frequentemente participa de eventos e campanhas pela moda cruelty free, apoiando ONGs como o Fashion Revolution, ITC Ethical Fashion Initiative e o PETA – People For The Ethical Treatment of Animals (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais). Em seu site, é possível acompanhar todas as ações e projetos que recebem seu suporte.

As duas estilistas, que se encontram no topo da pirâmide da moda consciente, são, felizmente, inspirações e incentivo para a criação de uma moda com responsabilidade harmonizada ao estilo, elegância, identidade, estética e luxo – características que fizeram com que a área se transformasse, ao longo dos anos, nessa arte notória. No Brasil, já temos nossas representantes, exemplares da moda consciente. Designers que inovaram com coragem e persistência e agora, mais do que nunca, começam a se destacar e ganhar reconhecimento, também inspirando novas gerações de profissionais.

Flávia Aranha

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Foto: Reprodução Valor // Rgis Filho

Das pioneiras no país, em sua marca Flávia Aranha se especializou em modelagens atemporais, tecidos de algodão puro e linho e tingimento com corantes naturais, como folhas, cascas de árvores e chá. Desenvolve projetos com comunidades para a troca de experiências e o desenvolvimento de novas matérias primas, preza pelo artesanal e a busca da brasilidade, perdidos pelo ritmo acelerado da moda e pela globalização e massificação do estilo. Flávia representa o slow fashion brasileiro exportando suas peças para a Europa e o Japão.

Fernanda Cannalonga

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Foto: Reprodução // FFW

Estilista, empreendedora, engajada e antenada, ainda novinha, com apenas 13 anos, Fernanda criou a marca Violet Shop, pioneira loja virtual voltada ao público adolescente. Depois de alguns anos de muito sucesso e já formada em moda, criou a Canna, marca de acessórios 100% brasileiros que são produzidos de forma artesanal e em pequena escala, privilegiando o design minimalista. Sua matéria prima é produzida em unidades fabris ecológicas na Bahia e no Rio Grande do Sul, que realizam reciclagem de matéria prima e de resíduos industriais, além de reaproveitamento quase total da água. As peças da Canna também são vegan-friendly, feitas apenas com materiais sintéticos e vegetais. O comércio justo também é prioridade da designer e seus artesãos recebem pagamento acima da média e um horário de trabalho flexível.

Gabriela Mazepa

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Foto: Cortesia Gabi Mazepa

Nós já falamos aqui do trabalho com upcycling dessa estilista curitibana, que, em seu ateliê no Rio, onde mora, (des)costura e transforma com sua marca Gabriela Mazepa, reaproveitando o que já está pronto e “abrasileirando” suas criações, para que cada uma delas carregue sua própria história. Ela já chegou a fazer parceria com uma das maiores facções do Sri Lanka, transformando peças com pequenos defeitos e coleções passadas em roupas e acessórios novos. Seu talento com o reaproveitamento na moda foi reconhecido no Prêmio Brasil Criativo, onde foi semifinalista, e, atualmente, faz parte do movimento Roupa Livre.

Ana Sudano

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Foto: Reprodução

Estilista há 15 anos, a mineira de Nova Lima, logo ao lado de Belo Horizonte, já trabalhou com profissionais e marcas de renome, como Graça Ottoni, Printing, Patricia Motta, Alphorria, Gilda Midani e Animale. No ano passado, seguindo a proposta consciente da moda em que acredita, lançou sua própria marca, a Grama Roupas Ecológicas, onde ações e políticas empresariais socioambientais são o foco. Atuam com diversas comunidades e ONGs em Nova Lima, incluindo um grupo carcerário, para empoderamento e comércio justo. A marca já participou, com premiações, do Minas Trend Preview e do Paraty Eco Fashion. Também desfilou seu Inverno 2015 no Vancouver Fashion Week, em março desse ano, no Canadá.

Pamela Magpali e Bárbara Mattivy

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Foto: Pamella, Bárbara e Laura // Reprodução

Insecta Shoes, outra marca presente em diversos momentos aqui no Modefica não teria como ficar de fora dessa lista, pelo trabalho cada dia mais reconhecido das sócias gaúchas Pamela Magpali e Bárbara Mattivy, que agora contam também com Laura Madalosso. A ideia surgiu quando Barbara não sabia o que fazer com algumas roupas XXL que tinha comprado e veio o clique de reutilizar o tecido das peças produzindo sapatos artesanais, veganos, ecofriendly e feitos no Brasil. O mix de boas atitudes deram tão certo que, além da loja virtual que entrega em todo o mundo, elas inauguraram, há pouco tempo, a primeira loja física da Insecta em Porto Alegre. O espaço também segue a proposta e mantém práticas sustentáveis diversas. Como elas não param, já vem mais novidade por aí: uma linha criada com tecidos de garrafas pet recicladas e com as estampas, desenvolvidas por elas, impressas em tintas à base d’água.

Débora Nardello

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Foto: Reprodução

Gaúcha que mora no Rio de Janeiro, Débora escolheu trabalhar com o upcycling em sua marcaLusco Fusco para colocar em prática a consciência para questões ambientais. Sua base é o aproveitamento total de tecidos e retalhos vindos de confecções, para o mínimo possível de desperdício e o apoio à mão de obra local. Além das roupas, ela mantém um blog da marca onde escreve sobre os conceitos da moda sustentável e o consumo consciente. Nesse ano, lançou também o FanZine Semente, uma publicação independente que aborda moda, design e sustentabilidade mostrando projetos sustentáveis que estão fazendo a diferença pelo Brasil. É gratuito para os assinantes de sua newsletter.

http://reviewslowlifestyle.com.br/2015/06/15/tem-muita-moda-conscie...

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