Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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“Temos todos que repensar o custo Brasil”, diz Reinaldo Lourenço.

O estilista Reinaldo Lourenço ©Agência Fotosite

Há algum tempo, em uma entrevista à jornalista Vanessa Barone, do “Valor Econômico”, Reinaldo Lourenço contou que estava repensando os preços das peças de sua marca, uma das mais conhecidas e desejadas do circuito de moda no Brasil. A atitude vem ao encontro da chegada de grifes estrangeiras e históricas ao país.

De fato, a presença cada vez mais forte de marcas internacionais como Chanel, Gucci e Prada (só para mencionar as mais icônicas) pode ser um agravante para o mercado de moda no Brasil, já que as roupas brasileiras andam caríssimas, algumas vezes sem justificativa (qualidade impecável ou tecidos de primeira seriam alguns dos defensores dos preços altos).

Antigamente os consumidores de marcas internacionais viajavam para comprar, mas hoje, essas lojas estão “aqui do lado” e, cada vez mais, à distância de um clique. Como competir com marcas com tanta história e qualidade reconhecida como Chanel e Dior, por exemplo? Ou até mesmo com Isabel Marant ou Alexander Wang (podem ser encontradas na NK Store), que há alguns anos têm provocado desejo coletivo mundo afora a cada coleção?

Assim, a atitude de Reinaldo mostra esperteza e agilidade para atender as mudanças que precisam ser feitas agora a fim de valorizar as marcas brasileiras e torna-las competitivas e sedutoras aos olhos do consumidor.

Leia abaixo a entrevista que Lourenço concedeu ao FFW sobre as mudanças em sua marca.

O que motivou a sua mudança de estratégia em relação ao preço final dos produtos?

Sempre tenho buscado preços mais competitivos, pois sinto que quando o preço é mais razoável o cliente se empolga mais e a venda fica mais fácil. Mesmo porque temos todos que repensar o custo Brasil, o preço da mão de obra, dos tecidos, dos impostos e das despesas fixas de uma indústria. Temos que ser razoáveis também nos preços. Uma roupa de um bom design, com uma boa qualidade, é o que todo mundo sonha e é o que o consumidor mais espera.

Do ponto de vista de um estilista brasileiro, como você enxerga a chegada de marcas internacionais ao país?

É um processo natural, bom para o consumidor, que vai poder avaliar melhor. Ele vai ver e comparar o quanto minhas roupas são bem feitas e 30% a 50% mais baratas. Isso principalmente nas roupas de festa, que têm acabamento impecável, design e um preço mais atrativo.

O quanto você acha que isso vai mudar a postura de marcas brasileiras relacionadas à qualidade e preço?

Para mim sempre foi um objetivo ter peças com boa qualidade e um preço justo. Mas acho que as marcas brasileiras terão também que repensar sua forma de trabalhar.

Que mudanças você está fazendo ou irá fazer no seu processo de produção para conseguir abaixar o valor para o consumidor?

Venho fazendo um processo de reengenharia de preços, repensando totalmente a estrutura de produção.

E como fazer isso sem comprometer a qualidade?

Troquei as oficinas que produzem a parte casual da coleção por aquelas baseadas no interior de São Paulo, onde o custo de vida é menor. Também mudamos nossos fornecedores e renegociamos prazos e descontos.

O que é preço bom entre as marcas de moda respeitadas?

Preço bom é aquilo que te dá desejo, que é original e diferente de tudo o que há no mercado.

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