Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O projeto, que juntou mais de 40 entidades, entre empresas e instituições do sistema científico e tecnológico, chega ao fim em dezembro mas já assegurou nota positiva, nomeadamente por garantir a chegada ao mercado de uma série de soluções inovadoras.

José Morgado

Nos últimos três anos – teve início em julho de 2017 –, 43 entidades, divididas por 17 subprojetos, estiveram a trabalhar em conjunto para encontrar novas soluções ligadas à indústria têxtil e vestuário, em cinco áreas: digitização e desmaterialização de  protótipos de tecidos e de vestuário; novos materiais e utilização avançada de fibras naturais; novas estruturas técnicas e inteligentes; eletrónica em têxteis; e sustentabilidade e economia circular.

«Juntámos as empresas todas no auditório do CITEVE, convidámos o presidente da Agência de Inovação para explicar o que era este projeto mobilizador e pedimos às empresas para preencher um inquérito com ideias que achassem interessantes para desenvolver dentro destes pilares», explica José Morgado, diretor do departamento de Tecnologia e Engenharia do CITEVE, ao Portugal Têxtil.

«Tivemos muito mais ideias do que aquelas que era possível desenvolver», reconhece, e, por isso, foi feita a seleção e «acabámos com 17 subprojetos», conta.

Todos estes subprojectos deram origem a soluções inovadoras, muitas delas patenteadas ou com pedidos de patente, algumas já efetivamente no mercado e outras a arrancar a fase de comercialização. «Uma preocupação grande que estamos a ter é de fazer chegar estes desenvolvimentos ao mercado», salienta José Morgado. Por isso mesmo, «o consórcio de cada subprojecto tem que se entender para saber quem é que vai para o mercado», refere. «Acho que é isso que tem faltado nos últimos anos. Temos conhecimento, temos soluções muito importantes, mas chegar ao mercado continua a ser difícil. Estamos a tentar com este projeto mobilizador demostrar não só ao consórcio, mas também ao resto da indústria, a validade destas soluções – têm que ir para o mercado», sublinha o diretor do departamento de Tecnologia e Engenharia do CITEVE.

Soluções comprovadas

Já no mercado estão soluções como as encontradas pelo consórcio composto pela Fitecom, Coltec, CITEVE e Universidade da Beira Interior. «Desenvolvemos processos de laminagem, por exemplo com membranas, que permitem ter a aparência da lã, mas conferir-lhe características de impermeabilidade», revela José Morgado. Estes produtos fazem já parte da oferta da produtora de tecidos laneiros.

O mesmo acontece com os revestimentos à base de resíduos vegetais resultantes da investigação levada a cabo pela Tintex, Têxteis Penedo, Sedacor, CITEVE, CeNTI e CTIC – Centro Tecnológico das Indústrias do Couro. Este projeto, que já foi patenteado, usa resíduos florestais para criar um revestimento de aspeto e toque semelhante ao couro, mas sem qualquer produto de origem animal.

Na mesma onda, a ERT, o CITEVE, o CTIC e o CeNTI desenvolveram um revestimento com resíduos de EVA, em que o próprio ligante está patenteado, e a Riopele, o CITEVE, a Universidade Católica do Porto e o CeNTI usaram «resíduos da produção de leite e estamos a colocá-los como aditivos de acabamento, nomeadamente para desenvolver o processo para a neutralização de odores», aponta José Morgado.

Alguns dos projetos resultaram diretamente de necessidades do mercado, como é o caso do fato criado especificamente para a apanha de figos da índia, que contou com a intervenção da A. Sampaio, Fiação da Graça, CITEVE e CeNTI. «No sul do país estão a ser feitas grandes plantações de figos da índia, que são um produto muito rentável e com características muito interessantes. Mas a colheita tem dois problemas: os picos das plantas, que são muito grandes, e, por outro lado, os pelos dos figos da índia, que são micro e colam-se à pele, entram na corrente sanguínea e trazem problemas graves de saúde», esclarece o diretor do departamento de Tecnologia e Engenharia do CITEVE. Foi, por isso, criada uma camada exterior para proteger os trabalhadores dos picos grandes e uma camada interior para impedir que os pelos entrem em contacto com a pele, com características especiais tanto na estrutura como no próprio design.

Também em resposta ao mercado, a Lemar, juntamente com a Polyanswer, a Onwork, o CITEVE, o ICETA – Instituto de Ciências, Tecnologias e Agroambiente da Universidade do Porto, a FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e a FCUP – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, criaram um novo equipamento de proteção para os profissionais de saúde da área da radiologia. «Os coletes atuais são de chumbo e os profissionais normalmente não os usam», indica José Morgado. A solução encontrada é mais flexível e leve. «Pelo que sabemos dos profissionais com os quais estamos a fazer ensaios, são muito mais leves e eles não têm resistências à utilização», acrescenta.

Há ainda projetos com novas soluções de alta visibilidade incorporada no vestuário, de elevada proteção ao impacto, tecidos com proteção contra a radiação ultravioleta à base de fibras naturais celulósicas, novas estruturas têxteis para reforço de compósitos termoendurecidos e termoplásticos, fatos de surf que monitorizam o desempenho dos atletas, ferramentas para a desmaterialização de amostras de tecidos e de protótipos de vestuário de desporto, incorporação de sensores em têxteis para aplicação em bancos automóveis e roupa de cama “inteligente”, com sistemas de aquecimento e refrigeração incorporados e ajustáveis.

Próximos passos

Além destes projetos integrados no Texboost, os contactos estabelecidos entre as diferentes entidades deram já origem a outros projetos independentes. «As pessoas vão-se conhecendo e vão pensando noutras soluções», assevera José Morgado, que dá o exemplo de uma nova parceria entre a Oldtrading, o Labiomep – Laboratório de Biomecânica do Porto, o CITEVE e o CeNTI e uma outra candidatura, em avaliação, entre a Tintex, o Labiomep, o CITEVE e o CeNTI. «Estas parcerias só foram possíveis porque as pessoas se conheceram, começaram a trabalhar em conjunto, lançaram novas ideias e avançaram com novos projetos, mas é essa é a grande mais-valia, estarmos todos juntos», assegura.

Entretanto, no dia 1 de julho começou um novo projeto mobilizador – o STV Go Digital –, que tem como objetivo potenciar a transição para os novos paradigmas da Indústria 4.0 e da transformação digital e está dividido em cinco áreas: I&D têxtil sustentável e circular 4.0; cadeia de abastecimento 4.0; ecossistema da moda 4.0; trabalhador 4.0; e inteligência artificial para a ITV 4.0.

https://www.portugaltextil.com/texboost-traz-inovacoes-para-o-mercado/

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