Em 1945 Paris realiza uma exposição de moda para confirmar a força da sua alta-costura
Por: Raquel Medeiros
Os conflitos bélicos, as crises econômicas e as transformações sociais pespontam a moda. Na primeira metade da década de 40 as baixas provocadas pela guerra foram inúmeras e Paris - o centro mundial da alta-costura - sentiu sensivelmente a rigidez da ocupação alemã. Indústrias têxteis e grandes casas especializadas na confecção de roupas e acessórios tiveram suas portas fechadas. A escassez de mão-de-obra e de materiais contribuiu para manter esse território às avessas e o retorno à normalidade, em 1945, se deu de maneira curiosa. A "Chambre Syndicale de la Couture Parisienne" ousou para recobrar a hegemonia francesa da tesoura, linha e agulha e organizou um evento que entrou para a história: a exposição Théâtre de la Mode.
Um verdadeiro espetáculo foi idealizado para angariar fundos e devolver o fôlego suprimido nos anos de combate. Cenários reproduziram as principais ruas da capital francesa e manequins com corpo de ferro e cabeças de gesso povoaram os ambientes fictícios exibindo as criações de estilistas prestigiados. A falta de tecidos encolheu o tamanho dos trajes, mas não diminuiu em nada o esmero dedicado às peças. As vestes em escala reduzida - compatíveis com as bonecas que mediam 70 centímetros de altura - mantiveram a mesma precisão que concedeu à França o reconhecimento propagado mundo afora.
Cada roupa que vestiu mais de 200 manequins seguiu o mesmo rigor e excelência de uma criação original. A costura manual, os bordados em miniatura, os detalhes das flores minúsculas, os botões forrados artesanalmente e o acabamento interno trabalhado com talento e perfeição assinaram a produção. Cerca de 60 estilistas membros do Sindicato - como Jacques Fath e Nina Ricci - uniram esforços para a mostra que surpreendeu Paris e seguiu em turnê pela Europa e América do Norte. A encenação de elegância e beleza descortinou a restauração da indústria da moda que logo ocuparia a cena com a sofisticação do New Look de Christian Dior, em 1947. Parte importante do acervo integra as coleções permanentes do Maryhill Museum, em Washington, nos Estados Unidos.
Fonte:
http://www.nasentrelinhas.com.br/noticias/costurando-ideias/316/tea...
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