Trabalho infantil: o setor do têxtil/vestuário de novo relacionado

[Romildo de Paula Leite]

Cerca de trinta países são apontados pelo emprego do trabalho infantil na indústria do algodão, do têxtil, do couro e do vestuário. Mais uma vez, o Uzbequistão está particularmente pendurado por sua política de colheita do algodão, para a qual estudantes do ensino fundamental são requisitados.

A cultura do algodão continua sendo uma das principais áreas do setor têxtil que recorre amplamente ao trabalho infantil. Dessa forma, Argentina, Azerbaijão, Brasil, Mali, Paraguai, Turquia e Zâmbia estariam se utilizando desse recurso. Assim como outros países que acrescentam aí o trabalho forçado: Mali, Benim, Burkina Faso, China, Índia, Cazaquistão, Paquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.

Já no setor têxtil, Bangladesh, China, Etiópia, Índia e Nepal se veem mais próximos de recorrer ao trabalho infantil, enquanto a Coreia do Norte recorre aos trabalhos forçados. No que diz respeito à indústria do couro, apenas o Bangladesh, a Índia e o Paquistão são citados. Já em relação ao mercado de calçados, o emprego das crianças atinge (mais uma vez) Bangladesh, Brasil, Índia, Indonésia e China.

Em se tratando da indústria têxtil e do couro, ao emprego do trabalho infantil acrescenta-se o perigo em que são colocadas as saúdes das crianças. Na verdade, proteções contra os agentes químicos quase sempre são inexistentes. Ainda que outros setores estejam relacionados, o do têxtil não é um parente distante para os 168 milhões de crianças compelidas a trabalhar, ou seja, 11% da população infantil mundial.

"Nós estamos caminhando em uma boa direção", aponta com certo otimismo e prudência a Organização Internacional do Trabalho. "Hoje, há praticamente 78 milhões de crianças a menos trabalhando do que havia no início do período 2000/2012, o que representa uma diminuição de quase um terço. A diminuição do trabalho infantil entre as meninas apresenta um traço peculiar: ao longo do período levantado, houve uma redução de 40% no número de crianças que trabalham do sexo feminino, ao passo que a redução entre os meninos foi de apenas 25%".

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Por  Matthieu  Guinebault