Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A política de austeridade não está apenas a deixar os bolsos dos cidadãos mais vazios. Está também a torná-los mais velhos e usados. Cerca de 2,96 milhões de portugueses, o equivalente a 34,4% da população com mais de 15 anos, não compraram qualquer peça de vestuário nova, entre o início de Abril de 2011 e o final de Março de 2012, de acordo com um estudo da Kantar Worldpanel, especialista em hábitos de consumo, encomendado pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição.

Os resultados são um sinal de que a privação económica está a afectar as famílias portuguesas. Apesar de o estudo não o indicar, o sociólogo e investigador do Observatório das Desigualdades, Renato Miguel do Carmo, diz serem as classes média e baixa as mais prejudicadas pela crise económica e financeira, levando-as a abdicarem de bens como o vestuário.

«Parece haver uma reconfiguração dos hábitos de consumo das famílias», refere ao SOL o investigador. «Tudo é cortado, até os bens mais básicos, como o vestuário e até a alimentação».

As principais causas que estão a levar os cidadãos a usarem a mesma roupa durante mais anos, segundo o sociólogo, são o aumento do número de pessoas sem trabalho – cerca de 1,2 milhões – e a compressão salarial como política adoptada para aumentar a competitividade do país, na perspectiva do Governo.

Sacos de compras mais leves

Estas medidas estão na base de um ciclo vicioso que contrai de forma intensa o mercado interno, analisa o presidente da Associação do Têxtil e Vestuário, João Costa. Segundo o estudo da Kantar Worldpanel, mesmo quem foi às compras levou menos peças para casa: 35 unidades nos últimos doze meses, até ao fim de Março deste ano, contra 38 no período homólogo. Em média, os gastos totais ascenderam a 343 euros, menos 30 do que nos 12 meses anteriores.

Tal obriga as empresas portuguesas do sector a cortarem custos – despedir trabalhadores e fechar lojas – para se adaptarem à redução do consumo. João Costa tem esperança que a economia atinja «um ponto de inversão».

Enquanto esse dia não chega, as empresas do sector têxtil terão de continuar a apostar nas vendas para o exterior. «Cerca de dois terços das vendas do sector depende dos mercados externos», refere o também gestor da empresa Red Oak. Isto quer dizer que a quebra no mercado interno abala o tecido empresarial, mas as exportações ajudam as empresas a manterem-se vivas.

 

Descontos nas lojas

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística revelados esta semana, a percentagem do orçamento familiar gasto em vestuário e calçado caiu de 7%, em 2000, para 3% entre 2010 e 2011.

Já segundo dados do Eurostat, o consumo de cada português é 82% da média europeia. Portugal está em 17º lugar da União Europeia. Atrás estão todos os 10 países da antiga Europa de Leste.

É para mudar este cenário de quebra no consumo que lojas como a Zara começam hoje a vender produtos com descontos. Outras, como a Mango, já começaram, apesar da época oficial de saldos apenas arrancar no dia 15 de Julho.

Fonte:|http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=52936

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