Os resultados são um sinal de que a privação económica está a afectar as famílias portuguesas. Apesar de o estudo não o indicar, o sociólogo e investigador do Observatório das Desigualdades, Renato Miguel do Carmo, diz serem as classes média e baixa as mais prejudicadas pela crise económica e financeira, levando-as a abdicarem de bens como o vestuário.
«Parece haver uma reconfiguração dos hábitos de consumo das famílias», refere ao SOL o investigador. «Tudo é cortado, até os bens mais básicos, como o vestuário e até a alimentação».
As principais causas que estão a levar os cidadãos a usarem a mesma roupa durante mais anos, segundo o sociólogo, são o aumento do número de pessoas sem trabalho – cerca de 1,2 milhões – e a compressão salarial como política adoptada para aumentar a competitividade do país, na perspectiva do Governo.
Sacos de compras mais leves
Estas medidas estão na base de um ciclo vicioso que contrai de forma intensa o mercado interno, analisa o presidente da Associação do Têxtil e Vestuário, João Costa. Segundo o estudo da Kantar Worldpanel, mesmo quem foi às compras levou menos peças para casa: 35 unidades nos últimos doze meses, até ao fim de Março deste ano, contra 38 no período homólogo. Em média, os gastos totais ascenderam a 343 euros, menos 30 do que nos 12 meses anteriores.
Tal obriga as empresas portuguesas do sector a cortarem custos – despedir trabalhadores e fechar lojas – para se adaptarem à redução do consumo. João Costa tem esperança que a economia atinja «um ponto de inversão».
Enquanto esse dia não chega, as empresas do sector têxtil terão de continuar a apostar nas vendas para o exterior. «Cerca de dois terços das vendas do sector depende dos mercados externos», refere o também gestor da empresa Red Oak. Isto quer dizer que a quebra no mercado interno abala o tecido empresarial, mas as exportações ajudam as empresas a manterem-se vivas.
Descontos nas lojas
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística revelados esta semana, a percentagem do orçamento familiar gasto em vestuário e calçado caiu de 7%, em 2000, para 3% entre 2010 e 2011.
Já segundo dados do Eurostat, o consumo de cada português é 82% da média europeia. Portugal está em 17º lugar da União Europeia. Atrás estão todos os 10 países da antiga Europa de Leste.
É para mudar este cenário de quebra no consumo que lojas como a Zara começam hoje a vender produtos com descontos. Outras, como a Mango, já começaram, apesar da época oficial de saldos apenas arrancar no dia 15 de Julho.
Fonte:|http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=52936
Tags:
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por