"Esse resultado se deve aos ajustes pelos quais a economia passa para o combate à inflação e a restauração da credibilidade das contas públicas. Outros fatores são o aumento de tarifas, que comprime a renda, e a queda na confiança do consumidor", avalia Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), que aconselha o ministro da Fazenda a "olhar a crise de dentro do governo, a partir dos gastos públicos, para, depois, olhar para fora, adotando as medidas econômicas necessárias".
Alencar Burti lembra que o Índice Nacional de Confiança (INC) do consumidor da ACSP registrou queda de 20 pontos de dezembro de 2014 a fevereiro de 2015.
Separadamente, as vendas à vista recuaram 3,9% de janeiro a março de 2015 ante o mesmo período de 2014, impactadas pelas quedas da massa salarial e do nível de emprego, divulgadas recentemente pelo IBGE. O consumidor precisa destinar mais recursos para pagar tarifas e alimentos e, assim, perde o poder de compra.
As vendas a prazo caíram um pouco menos (-2,6%).
"Esperamos que, passada a fase mais aguda dos ajustes, o comércio possa voltar a se recuperar gradualmente", opina Alencar Burti.
12 meses: estagnação
De acordo com o Balanço de Vendas da ACSP, nos últimos 12 meses, comparando-se com os 12 meses anteriores, as vendas no comércio paulistano apresentaram estagnação, em média: as vendas à vista registraram leve aumento de 0,1% e as vendas a prazo recuaram 0,2%.
Março
A leitura dos dados do mês de março de 2015 está prejudicada pela realização do Carnaval em março de 2014 e também em fevereiro de 2015 - o evento enfraquece as vendas porque esvazia o comércio. Já o resultado do trimestre (janeiro a março de 2015) está livre do chamado efeito-calendário.
Em março, as vendas aumentaram 2,5%, em média, em relação ao mesmo período de 2014. O aumento se deve ao dia útil a mais e, também, à realização do Carnaval em março de 2014, enfraquecendo as vendas no período. Separadamente, as vendas à vista e a prazo avançaram 1,3% e 3,6%, respectivamente.
Já quando se compara março de 2015 com o mês anterior, houve um salto médio de 21,7% nas vendas, justificado pelos três dias úteis a mais e pelo fato de o Carnaval em 2015 ter sido realizado em fevereiro. As vendas à vista cresceram 15,4% e, as vendas a prazo, 27,9%.
Inadimplência
No primeiro trimestre de 2015, o Indicador de Registro de Inadimplentes (IRI) do Balanço de Vendas da ACSP mostrou diminuição de 9% sobre o mesmo período de 2014. O resultado decorre da diminuição da demanda por crédito, por parte das famílias, devido à queda da confiança do consumidor, que leva à cautela quanto a endividamentos. Além disso, a concessão de crédito pelas lojas e financeiras está mais seletiva.
No mesmo período analisado, o IRC (Indicador de Recuperação de Crédito), que aponta os pagamentos de dívidas, caiu 11% ante 2014, pois o consumidor está com menos recursos para renegociar.
O Balanço de Vendas é elaborado pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP, e é baseado em amostra de dados de clientes da Boa Vista Serviços, que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).
FONTE: http://www.investimentosenoticias.com.br/noticias/negocios/trimestr...
