Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Tropicale: Lenços vencedores

A Tropicale foi a grande vencedora do 4º Concurso Ready to Go, da 16ª edição do Minas Trend Preview. A neo-marca apostou em uma coleção de apenas lenços. Isso, somente lenços. Mas não meros quadrados e retângulos, embora sim tivessem essas formas em tamanhos diversos e inclusive com algumas aplicações de tecido sobreposto, dando uma ideia de flor/borboleta se desprendendo. Todos os lenços eram de seda pura com estampas exclusivas.

É um vestuário democrático e ecológico. Apesar de atender a critérios de sustentabilidade, a marca não tem interesse em se posicionar como “ecobrand”, indo na contramão de marcas mainstream do mercado que tentam associar qualquer imagem de folhinha verde para se auto-proclamarem sustentáveis. Fiquei intrigada e insisti no assunto com a Luiza, uma das sócias: “mas poxa, vocês poderiam se posicionar como ecobrand, e somar esse valor ao produto, já que tem seda pura, estamparia digital, tudo exclusivo, valorizam e mixam as identidades culturais, fora que os lenços por si só são um produto que confere versatilidade de uso, permitem o imaginário do usuário nas configurações de uso, não o condicionam em um só caminho…”. Luiza olhou sem entender direito, e explicou que o forte da Tropicale são as estampas não só para produtos de moda, mas também de houseware, além de colaborações com outras empresas. O principal valor é a identidade da marca, feminino, colorido, natural, frutado, floral – e isso é muito bonito. Ponto.

Tropicale, coleção Natura

Por semelhança de nomes próprios e de propósitos, e por serem mineiras as marcas, Luiza me fez lembrar de Luiz, artista e empresário da Ar do Brasil, que faz joias em cerâmica 100% sustentáveis, e que não se posiciona como “ecobrand”. O que se pode observar é que a essência de ambas as marcas é fazer as coisas de forma correta, com os melhores materiais naturais, respeitando o atributo de ecológico (no sentido de tropical, que Gilberto Freyre coloca), próprio do Brasil – e não necessariamente ficar se alardeando como tal, como uma marca sustentável.

Uhm. Interessante, não é mesmo?

Estes são só alguns exemplos que corroboram a bandeira que o Moda Ética levanta nestes anos de segundo governo Dilma e de amadurecimento do mercado nacional: a moda sustentável não está na moda. Quem é sustentável/ecológico/orgânico/vegano, é mesmo e ponto final. Não precisa ficar colocando esse rótulo de “eco” ou de “slow” ou however. Isso não é mais diferencial de produto, não neste momento. O foco está na consolidação de um imaginário precioso da marca e em sua expansão para além dos produtos em que se originaram. (Uhm, estamos reforçando conceitos de um sistema que surge nos anos 1990, da valorização da marca, independentemente de sua qualidade eco/sustentável).

Lenços Tropicale

Confira mais sobre o imaginário da Tropicale que, por acaso, o expressa em lenços verdadeiramente sustentáveis:

Em meio a azulejos, animais, plantas, portais e flores nasce a terceira coleção da Tropicale: The Arabian Jungle. Inspirada nas mesquitas árabes, a marca explora a riqueza de detalhes, a composição exótica e as cores vivas da arte muçulmana, unindo-a ao mundo das florestas e sua fauna e flora exuberantes, que expressam a vivacidade do universo Tropicale. A união de dois temas tão divergentes cria uma atmosfera excêntrica e extraordinária, misturando formas fluidas da natureza com as geometrias da arquitetura árabe. Uma explosão de cores que carrega a energia pulsante do universo tropical.